sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Zona de Conforto


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ZONA DE CONFORTO

  Tornou-se bastante comum ouvir essa referência quando se quer dizer que alguém necessita mudar algo que já está assimilado ao seu comportamento, aliás, não por mera coincidência, numa época em que tudo se mostra tresloucadamente rápido e instável para possibilitar que não estejamos constantemente ansiosos, inovando, assumindo mais riscos,...

  Temo é que essa disseminação, a pretexto de estimular as pessoas a expandirem seus horizontes, seja muito mais voltada para diminuir o espaço de tempo em que elas possam se sentir confortáveis, porém, como se efetivamente necessitassem estar sempre à procura de algo novo, mascarando, sagazmente, no fundo, a sua subjugação à ditadura da inovação.

  Todos nascemos para batalharmos pela nossa zona de conforto, o que, obviamente, não se confunde com zona de acomodação. Posso estar, perfeitamente, em zona de conforto, sem estar acomodado, da mesma forma que posso estar acomodado e fora de zona de conforto. 

  Óbvio que essa explanação não tem o rigor técnico exigível para uma definição do que venha a ser zona de conforto. Porém, no fundo, é dessa forma que capturo as mensagens do cotidiano, de forma geral.

  Em minha área de atuação, por exemplo, o aumento das intervenções formais em contendas, dificilmente deixará de estar no alto dos indicadores positivos. Porém, tenho a firme convicção de que devo atuar de forma que as contendas diminuam sequer aparecendo, sem que, necessariamente, não esteja batalhando e eventualmente melhor alcançando os objetivos, já que o maior instrumento de aferição de um agente político, acredito, é a sua capacidade de obtenção dos resultados que o seu cargo lhe destina, em seu âmbito de atuação, por si ou através das necessárias interfaces com as instâncias afetas.

  Fato é que, depois de treze anos em área mais diretamente afeta ao idoso e às pessoas com deficiência, migro, agora, para a família! A propósito, para mim, um desafio ainda maior, já que a família congrega e é muito mais que qualquer dos seus membros: o idoso, a pessoa com deficiência, a criança, o adolescente, a mulher, o homem,... E as demandas quando chegam a uma Vara de Família, comumente, ocorrem quando essa insubstituível Instituição social já praticamente nem mais existe, portanto, o local, com o perdão da palavra, se assemelhando mais a uma Vara “Desfamília”.

  Logo, é óbvio que as demandas e as pessoas envolvidas serão tratadas com a máxima dedicação inerente ao cargo e como manda a lei. Porém, entendo que o meu maior papel enquanto agente político com atuação perante Vara de Família, quase uma utopia perante a fama alcançada pelos números nos tempos modernos, é velar para que as demandas diminuam sem sequer aparecerem, o que, obviamente, não permitirá qualquer tipo de acomodação, oxalá, amanhã, fazendo transparecer que me encontro em zona de conforto, aliás, onde sempre me encontrarei por dois essenciais motivos:

1) Se eu passar por uma rua em vez de outra, apenas um detalhe, tudo poderá ser diferente na minha vida. Só não pode ser diferente a vontade de pavimentar, da melhor maneira possível, a estrada, qualquer que ela seja;


2) A minha maior zona de conforto está em casa: esposa e nossos seis filhos, que, a propósito, embora gerem a maior satisfação, por óbvio, nunca permitiram ou permitirão assimilar acomodação à minha vida, felizmente!


sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Reforma da Prev(s)idência


REFORMA DA PREV(S)IDÊNCIA

  Uns mais longe, outros bem mais próximos da “linha de chegada”, os “participantes” se veem bombardeados com rotineiras e desencontradas informações sobre o aumento do percurso, bem como da mudança na premiação pela conclusão da jornada.
 
  Não fizeram as regras, não lhes é possível alterá-las! Simplesmente aderiram e cumprem desde o início a sua parte quanto às mesmas, porém, além de se submeterem à confusão da “organização”, que conta, inclusive, com muitos membros que trilharam caminho bem mais curto, estrategicamente, são lançados uns contra os outros, a partir da inegociável premissa de desvalorização global do trabalho humano.

 Para o qual, aliás, diversamente de um histórico de lastimável condescendência com práticas perdulárias diuturnamente denunciadas no âmbito público, não há mínima eiva de compaixão, apenas o fácil discurso de austeridade, ao desumanizado gosto e exigência da inflexível política econômica mundial, mediante as estruturas de poder que lhe orientam.

  Sob tal ótica, os países não mais se destinam a atender ao seu povo, mas, primeiramente, aos grandes investidores, conduzindo o mundo a uma espécie de “cassino global”, onde as “apostas” se dão de acordo com os ambientes que proporcionem mais espaço, incentivos, segurança e retorno financeiro, a permanecer sempre atraente, visando não perder para outro refém concorrente!

  Tímidas as iniciativas que ousem contrariar esse ciclo, embora a crise não advenha do trabalho, muito pelo contrário, a par de adaptá-lo a esse novo, surreal e permanente cenário, recai sobre as suas consolidadas regras, agora sim, o mais implacável combate, mediante rápidas, sucessivas e profundas reformas, atendendo a uma irrefreável e matreira lógica de generalizado aumento da qualificação/diminuição da remuneração.

  Não obstante a paternidade/maternidade pela absurda situação de desemprego a que chegou o país esteja incorporada ao dna dos sucessivos gestores responsáveis por gerir e manter o nível de emprego no país, enquanto invariavelmente invocam a negativa de autoria quanto aos feiíssimos frutos deixados, agem e argumentam cada vez mais amarga e soltamente... 

  Diminuída duramente as expectativas no âmbito privado, resta consolidar o mesmo caminho quanto ao público, sempre a pretexto de pseuda promoção dos pobres, como aponta, por exemplo, estudo denominado “um ajuste justo – proposta para aumentar eficiência e equidade do gasto público no Brasil”, curiosamente encomendado pelo governo a um banco global e que traz, dentre outras com apelativo potencial de viralizar, proposta que inova quanto a mensalidades em universidades públicas, aliás, justamente após as mesmas passarem por longo processo que culminou com absorção de transformadoras cotas sociais e raciais.

  Enfim, no fundo, um bom parâmetro para auxiliar a formar ideia quanto a qualquer política pública que esteja em discussão é quem mais claramente se beneficia com suas alterações. No caso da reforma da previdência, não se tenha dúvida de que é a previdência privada. 

  Portanto, não parece justo que o servidor público, especialmente aquele que faz a sua história desde quando mega interesses privados ainda não estavam tão próximos das decisões republicanas, mediante campanha publicitária, de forma onerosa aos cofres públicos, seja satanizado como causador das agruras pelas quais, em mais esse aspecto, lamentavelmente, passa o povo brasileiro, à falta de uma verdadeira, necessária e inadiável reforma da presidência.


sábado, 11 de novembro de 2017

Todos de pé (se der, porém, ainda recomendo ler sentado)!


TODOS DE PÉ (se der, porém, ainda recomendo ler sentado)!


Não sei exatamente porque em algumas situações todos devem desistir de eventuais outras posições em que se encontram para quedarem-se de pé! 

Porém, a partir de alguns exemplos que ora me lembro, associo a uma forma de respeito, como ocorre, por exemplo, em alguns atos religiosos, na execução do hino nacional etc.

Pois bem: é certo que atualmente vem sendo feito de tudo para obrigar todos a permanecerem de pé perante o dinheiro, mesmo porque, se não for assim, aumenta significativamente o risco dele resolver não passar por perto, deixando-nos literalmente prostrados...

Contudo, essa de catequizar a “reuniões de pé” para “melhorar o desempenho no ambiente de trabalho” é de uma estupidez tamanha que não se consegue assimilar nem deitado.

Não estou aqui falando de mais uma excentricidade de um “todo poderoso” detentor de vários postos de trabalho que, diante da massa de pessoas atrás de um emprego, a fim de mantê-la “curvada”, se coloca na condição de criar regras de seleção ou manutenção nitidamente desconcertantes.

É que a maluquice, possivelmente partida de um desses, ganhou corpo e já “viralizou” para outras plagas (sem tlocadilhos, por favor!), ganhando (obviamente) um pomposo rótulo que mascare o seu veneno: “stand up meetings”

É semeando essas crises de humanidade em nossas amplas e férteis áreas que proporcionamos tamanha colheita de frutos estragados, até o dia em que nos dermos conta de que, no fundo, não dobrando, voluntária e primeiramente, os nossos próprios joelhos, é que vamos levando este mundo a não ter onde cair morto!






sexta-feira, 27 de outubro de 2017

O mundo ideal



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O  MUNDO IDEAL

  Depois de 22 anos, 9 meses, 14 dias, 23 horas e alguns minutos de casado, para que a rotina não se transforme em algo modorrento - se é que rotina seja possível, diante das várias incógnitas proporcionadas pelo convívio diário num mesmo ambiente com esposa e seis filhos - estávamos o casal, em um dos raros momentos sozinhos na sala, assistindo a uma partida de futebol, quando ela, manuseando um controle remoto largado pelo filho menor aonde não deveria, estimulou o primeiro ou, no máximo, segundo time de todos os brasileiros de uns tempos para cá: - vai Chapecó!

  Como se tratava de uma partida real e ela “controlava” o jogo por meio virtual, adicionado ao fato de se tratar de minha eterna musa inspiradora, isso “estartou” (moderno, né? Deflagrou!) o meu cérebro a embarcar no “jogo”, passando a imaginar o que para mim ainda parece impossível, porém,... Sim, eu poderei me render, um dia, completamente, à tecnologia, sem minhas costumeiras e muitas ressalvas, no dia em que o Glorioso Botafogo estiver jogando e eu, de minha poltrona, puder controlar os jogadores adversários, através de um controle remoto de ultííííííííssima geração: gol nosso! Mais um! Outro! Estou sonhando!? Delirando!!!???

  Enfim, cada um tem o seu modelo de mundo satisfatório. Esse seria o meu. Mas como, infelizmente, nem todas as pessoas são botafoguenses, logo um torcedor do time xxxxxxxx (você???) apareceria com um controle remoto para tentar me vencer, assim, acreditando que continuarei com as minhas ressalvas com relação à tecnologia. 

  Seria simples se o mundo agradasse a todos do mesmo jeito! Mas, como não é assim, cada um vai tentando fazer o seu mundo, o que acaba interferindo no mundo do outro, deixando a situação como ora está! Nada boa, né!?

 Sendo assim, sem deixar de reconhecer que o meu bom humor momentâneo foi ocasionado por um fato inicialmente adverso, inspirando a tentar agir assim mais vezes diante de reveses, contribuindo um pouco mais para um mundo melhor, vou terminar é tratando de chamar a atenção do meu filho para que ele guarde corretamente o controle remoto ao terminar de usá-lo... 

  Mas antes, já que agora estou no controle do controle: - vai Chapecó!!!



domingo, 8 de outubro de 2017

O voo da borboleta



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O VOO DA BORBOLETA

  Segundo a literatura, existem quatro tipos de nados: costa, peito, crawl e borboleta. Se você conhece um mínimo de natação, costa não precisa explicar, né? Parto do princípio de que peito você também sabe o que é! Já o crawl,... Bem, pelo termo você já viu que ainda não resolveram “aportuguesar”. Pudera! Seria algo como “rastejar”(?). Logo, dispenso-me de tentar explicar minimamente, mesmo porque eu até consegui entender a razão, mas não vejo a mínima coerência. Por último, o borboleta...

  Acredito que o borboleta é porque alguém achou que era parecido com o movimento dela. Mas outros também acham que parece um golfinho,... O certo é que ficou borboleta e pronto! 

  Sou ruim em todos eles (mal, mal, o “cachorrinho”). Mas se tivesse que escolher, acho que o último seria o borboleta. Aliás, creio que não só eu, já que observo se tratar, frequentemente, daquele onde tem menos nadadores inscritos. Como dizem os especialistas: forte, gracioso e complexo. Bem executado é lindo, já sem a devida técnica,...

  Pois bem! Uma de minhas filhas, embora com 12 (doze) anos, já é “veterana” na natação! Considero que ela “passeia” bem pelos quatro nados. É atleta federada pelo Clube de Natação e Regatas Álvares Cabral. Porém, contra (quase) todas as solicitações, recomendações e prognósticos, “sobrevive” nadando “apenas” às terças, quintas e, quase sempre, aos sábados! 

  Logo, a sua carga de piscina é pequena se considerarmos o geral. Por ela, a propósito, seria ainda menor, mas o seu técnico, Marcos, não deixa ( - tem que nadar, Laís!)... Então, porque apesar de tudo, o “borboleta”, no momento, parece ser o que “está mais voando”?

  Nitidamente lhe “falta força”! 

  Ora, mas as borboletas são fortes? Sei lá. Vai que são! Mas, induvidosamente, não lhes falta graça e beleza no seu “nado” aéreo.

  Ao menos para mim, portanto, é isso: a falta de força vai sendo compensada, de alguma forma, pela enorme graciosidade de seu voo. Por enquanto vai conseguindo voar até bem assim. Aliás, hoje, conseguiu voar significativamente mais rápido, alcançando, ao menos momentaneamente, o posto de borboleta petiz mais rápida do país. 

  Um voo de arte!

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Choque de Gerações





CHOQUE DE GERAÇÕES 

  Qualquer daqueles que queira se dedicar a perceber minimamente quanto ao assunto, caso não se deixe levar por uma opinião previamente concebida, seja favorável ou contrária a essa disseminação, notará como tem crescido a quantidade de ambientes que impõem restrição à presença de crianças...

  Não estou me referindo a locais naturalmente impróprios, mas, por exemplo, hotéis e restaurantes, dentre outros usualmente voltados para qualquer faixa de idade, porém, em tempos mais recentes, de tal forma evidentes que acabam ensejando a percepção dessa segmentação.

  Na mesma linha, embora a questão passe pela livre opção de cada qual, chama a atenção o incremento de publicações motivadoras à vida sem filhos, ressaltando, dentre outros, aspectos extremamente caros ao mundo moderno, como liberdade e prosperidade econômica, por exemplo. Aliás, quanto a isso, forçoso reconhecer que atualmente está bem mais evidente, porém, não sendo de hoje que a reprodução sofre concorrência cada vez mais desleal em relação à produção, aspecto sagazmente explorado pelo imponente “ativismo econômico”, logo, a emprestar colorido todo especial a medidas que importam à redução da taxa[1] de fecundidade.

  Interessante, por sua vez, que na esteira do vácuo deixado pelo desprestígio às crianças, o mercado de animais de estimação, carinhosamente conhecidos por “pets”, se transforma em um formidável “nicho de mercado”, movimentando cifras extraordinárias, avançando em direção à ocupação de fatia maior de espaços, inclusive em locais outrora inacessíveis, ou, no mínimo, onde eram avistados de forma extremamente tímidas, como, por exemplo, paradoxalmente, naqueles acima mencionados como progressivos em restrição à presença de crianças.

  Como os argumentos são os mais variados possíveis, fico, portanto, a imaginar, se algum dia chegaremos à necessidade de submeter estabelecimentos, em geral, ao cumprimento de regras relativas a “cotas” para crianças...

  Fato é que, em um universo mais amplo, a naturalidade quanto aos filhos se transformou em uma equação de difícil resolução, cheia de pormenores, um ambiente cada vez mais inóspito à sua recepção, amoldando-nos, inconscientemente, a reforçar essa situação.

 Curiosamente, não por acaso, esse processo ocorre no exato momento em que se transmite uma necessidade sôfrega de alcançarmos centenas de anos de vida. Assim, enquanto a concepção se transforma num vestibular de cada vez mais difícil aprovação, a longevidade, por sua vez, uma espécie de perseguido bônus pela não reprovação!

  É nesta mesma época que se conseguiu a incrível façanha de associar, marcantemente, nascimento a descuido, dando vazão à proliferação massificadora de métodos de contenção, ao mesmo tempo em que se carreou o sexo para o patamar de uma trivial forma de lazer.

  O mais grave, contudo, é a negativa em reconhecer direito a quem passou no vestibular, como se, por algum motivo, em situações que cada vez mais se busca ampliar, tivesse fraudado o certame, impingindo-lhe pena capital do aborto.

  Nasci na época dos “baby boomers”. É impossível não se lembrar que crescemos embalados pelo sentimento repetido a todo canto de que éramos “o futuro da nação”! Afinal, a vida é uma maratona de revezamento, cujo bastão apenas ora está conosco.

  Legitimamente, os outrora “baby boomers” querem carregar o bastão pelo maior espaço de tempo possível. Mas, em algum instante, , por mais que se evolua em métodos para tal, podem não ter força para conseguir fazê-lo sozinho. Impossível não pensar que em um momento cada vez mais próximo, como entoam os sentimentos repetidos a todo canto, “o futuro da nação” continuará sendo nós mesmos, porém enquanto “old boomers”...

  Em termos econômicos, a principal sutileza está no pseudo e inebriante poder que isso proporciona, alongando a dependência das gerações sucessoras, porém, diminuindo-lhes a capacidade de autogestão, moldando políticas de mercado - fortemente lastreadoras das públicas e não o inverso, como deveria ser - em torno da apropriação da maior fatia possível desse “filão”, como sugere o fenômeno da “geração nem-nem (nem estuda e nem trabalha. E porque e como todos o fariam, diante de uma massa cada vez maior de desempregados, ultrapassando os 14.000.000 só no país?).

  Também o crescente fenômeno da “previdência privada”, desde o dia do nascimento, quando não se sabe sequer como será o dia de amanhã. O dever de alimentos e do próprio abrigo no lar, estendidos para idade cada vez mais distante dos 18 anos, como disciplina a Constituição Federal, no artigo 229[2]. A propósito, aumentam, inclusive, os casos de responsabilidade complementar dos avós por prestar alimentos aos netos.

  Aliás, com o lar se transformando em local de rápidos encontros de seus habitantes, cercados de afazeres fora dele, fica-se a imaginar como as nossas crianças, cujo tempo outrora voltado à convivência familiar encontra-se cada vez mais terceirizado para outras pessoas e instituições, se portarão, quando adultos, perante os seus pais idosos, se esses necessitarem de cuidados especiais.

  A questão fica ainda mais alarmante se analisarmos que além do quadro atual não ser dos mais agradáveis, a média de filhos dos futuros idosos, a dispensar-lhes cuidados especiais, em caso de necessidade, já é inferior aos pais que os geram, o que se soma, ainda, a uma expectativa de vida maior e com os genitores menos sujeitos a viverem juntos até o fim de suas vidas.

  Trata-se, portanto, de um conjunto de fatores que costuma ser abordado de forma fracionada, como se não estivessem interligados, a sugerirem políticas públicas voltadas para a valorização do corpo social, a família, base que precede a cada qual dos membros que a compõe, dia a dia mais arrastados à individualidade como sendo o todo.

  Se avançamos de tal forma que praticamente cada um dos membros goza de normas que visam à sua promoção, individualmente, por outro lado, parece que nos esquecemos que o braço e a perna, de alguma forma, se interligam, entre si e com o restante do corpo.

  Ou, enfim: se não houver a promoção do corpo social, que é a família, a política voltada para cada qual dos seus membros apenas camuflará a falência geral: morre o corpo, agonizam os membros, anestesiam os órgãos...

  Se a família, enquanto estrutura basilar, não for voltada para a consolidação de objetivos comuns, o lar acaba se transformando em um espécie de “self service”, onde o objetivo passa a ser se servir da melhor forma possível, mediante o menor custo, de modo mais rápido e com o mínimo de compromissos com o que fica para trás. 

  Ocorre que se até uma pousada possui regras, a relação entre pais e filhos não pode, evidentemente, deixar de evidenciá-las, pois embora tenha se tornado bem mais comum a presença do salutar diálogo, diga-se de passagem, esse deve estar inserido em um contexto onde não se desnature a necessária autoridade ínsita à condição de pais.

  Daí advém o importante aspecto relacionado aos limites, já que esses se mostram necessários, pois ínsitos à criação. Por mais que seja extremamente relevante o exercício da arte de negociar, a possibilidade de imposição, como característica inerente ao cumprimento da regra, deve ficar bem nítida na relação.

  É óbvio que essa ferramenta, essencial ao processo de criação, encontra os seus limites na legislação vigente no país, embora exista margem extremamente ampla para que os pais exerçam o seu papel inerente à criação, baseados em parâmetros de proporcionalidade, ou seja, dose de acordo com a necessidade, ressalvando-se que quanto mais tardar o início deste processo, maiores as chances do remédio apresentar menos efeitos, ante às possibilidades de agravo do quadro.

  A propósito, que fique expresso que uma relação entre amigos não guarda, em sua essência, a delimitação de limites por parte de um e a obediência por parte do outro, diferente do que ocorre com a paternidade.

  Logo, não se pode confundir paternidade com amizade, o que, a rigor, não representa nenhum obstáculo à construção de parâmetros sólidos de confiança, respeito e afeto, comuns tanto a um como ao outro, embora o processo de criação estabeleça como premissa básica, norteadora da relação, a direção por parte dos pais e a obediência por parte dos filhos, enquanto menores.

  E, convenhamos, se com limites já é extremamente difícil criar, sem eles a missão se torna bem mais complicada.

  Contudo, o que não falta é diversão para anestesiar-nos das graves consequências desse nítido choque de gerações. Tanto que os adultos estão cada vez mais infantis. Muitas vezes até mais do que os próprios filhos. Verdadeiros “bebezões” (se as crianças não são infantis, a infantilidade é dos adultos!). Logo, no sentido inverso, para as inexperientes crianças, cada vez mais cedo, haverá um vácuo que tenderão a tentar ocupar, portando-se como verdadeiros “chefinhos da casa”. 

  A rigor, no fundo, antes da imposição de limites para os filhos, quem está mais necessitando de limites, primeiramente, são os pais. 

  Nessa linha, embora constitucionalmente as crianças e os adolescentes sejam previstos como “prioridade absoluta”, naquilo que efetivamente importa, não é incomum serem tratados como acessórios e não o principal, já que a “prioridade absoluta”, no fundo, parecemos ser nós mesmos. Especialmente no caso de desentendimentos e rupturas dos “gestores” das vidas dos rebentos. 

  Enfim, a família não é apenas um aglomerado individualizado de membros sob um teto comum, mas uma instituição voltada para convivência comum e que, necessariamente, nas várias etapas da vida, deve administrar aspectos não tão simples, mas decorrências naturais da sua existência, como alegrias, tristezas, reciprocidade, tolerância, cuidados, receitas, despesas,... Ufa! 

  É um trabalho tão hercúleo que aproveitando o fato de já termos chegado à “Geração Z”, temos um alfabeto completo para tentar se desincumbir da tarefa, já que uma letra sozinha o máximo que conseguirá é o q? 
 


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[1] Termo que, aliás, acho horrível, pela inevitável associação ao tributo, prestação pecuniária.
[2] “os pais tém o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade”

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Sem explicação



SEM EXPLICAÇÃO 

  Quatro dos meus seis filhos, os mais novos, participaram da 16ª Corrida Garotada, no dia 02.09. O mais recente deles, de 6 anos, embora tenha chegado perto, não alcançou premiação. Porém, no dia 02.07, vencera uma bateria da também concorridíssima Maratoninha da Caixa, recebendo uma bicicleta pelo feito. Já as três irmãs, de 12, 14 e 08 anos, respectivamente, alcançaram o 1º, 2º e 3º lugares nas distâncias de ½ milha (12/13 anos), 1 milha (14/15 anos) e 400 metros (08/09 anos). 

  Como o fato gerou curiosidade e, certamente, as vitórias são sempre almejadas por todos, levando inclusive alguns a me perguntarem “o segredo”, já que foram três de quatro pódios possíveis (“não digo que não me surpreendi”), que dificilmente se repetirão, procurarei destrinchar algumas considerações sobre o ocorrido.

  Primeiro é que nenhum deles faz da corrida a sua rotina esportiva, ainda que, todos, dos 5 aos 10 anos, frequentem a natação, aqui sim, lhes sendo exigida disciplina de atleta, embora apenas dois dias por semana (porém, seja na “alegria” do calor, na “tristeza” do frio!...). A rigor, a corrida começou e ainda é muito utilizada como “aquecimento” (mas como a “brincadeira” foi ficando mais séria, estão cada vez mais “aquecidos”, hehe). 

  Então, é o fato de serem menos exigidos na atividade “secundária”? Como são muito menos exigidos, aceitar tal hipótese como verdadeira, serviria apenas como desculpa para preguiçosos, o que não são. Porém, uma coisa é certa e ninguém vai discordar: o exercício de mais de uma habilidade, com as ponderações necessárias, com certeza, auxilia a todas elas!!! 

  Fator genético? Embora, obviamente, exista carga de fator genético comum a eles, “cada qual é cada qual”. Logo, as habilidades de cada ser humano, mesmo irmãos, além de serem diversas, nunca serão numa mesma proporção. Não existem dois Pelés, dois Messis, dois Neymares, dois Usain Bolts,... 

  O Professor? Claro que são extremamente importantes, daí a oportunidade de agradecer ao Professor Luiz Claudio Ventura pelo apoio e orientações, já há algum tempo, e ao Fernando Paes, mais recentemente.

  Uma soma de tudo? Sei lá!!! Se for, vale acrescentar a rotina de vida bem disciplinada, desde dormir cedo e acordar idem, para dar mais tempo de fazer outras coisas além de esporte, né?!

  Bom, como “não tem explicação”, prefiro acreditar em um pouco de cada coisa, além do fato daquela bicicleta que o mais novo correu tanto para alcançá-la ter sido doada, já que ele tanto queria, mas não precisava.

 Isso sem contar o fato da mãe, professora de matemática, ser fã incondicional da multiplicação, crendo, piamente, que cada nascimento já traz consigo os seus troféus.

 Pronto! Propagam tanta fórmula maluca para justificar o alcance de um objetivo, que acredito não ter trilhado caminho tão absurdo para esclarecer o acontecido, embora, definitivamente, assim como um “segundo sol”, “não tem explicação, não tem, não tem”!


sábado, 12 de agosto de 2017

Esfinge Contemporânea



ESFINGE CONTEMPORÂNEA 

  Ninguém sabe quem está na direção e nem para onde estamos indo, porém, vamos incumbindo de nos devorarmos uns aos outros antes que consigamos decifrar nossa esfomeada esfinge.

  Como a globalização rompeu limites das fronteiras, tornando o mundo cada vez mais interdependente, a esfinge tem dado pistas de que não resolveremos o quebra-cabeça descartando peças, mas encontrando maneira correta de encaixá-las, embora, ardilosamente, firme o descarte de grande parte delas a fim de que se possa, simplesmente, continuar seguindo.

  Quanto maior o número de descartados, que permanecem à espreita, na lenta e grande fila, em condição de excedência (afora a prioridade absoluta dos robôs, na condição de excelência), mais combustível haverá para manutenção do ciclo, oportunizando a disseminação inimputável dos pilares em que se assenta esse ultramoderno assédio global.

  Nesse ambiente, as regras que verdadeiramente valem são as que mais contribuem para a austeridade, rompendo com paradigma de direitos criados e consolidados em épocas cujas esfinges não eram tão concentradas e obcecadas em torno de um pensamento único, tornando-a, atualmente, extremamente poderosa no que tange à imposição de suas normas.

  Desta forma, sem respeitar nação, pátria ou bandeira, utilizando-se do amplo e diversificado laboratório global de experiências, elas vão forçando à aproximação de parâmetro de padronização baseado, evidentemente, em exemplos externos em que o trabalhador mais se aproxime de mera peça para lubrificação da rígida e inflexível engrenagem econômica.

  O mais impressionante é a avassaladora forma como as históricas regras que se relacionam ao trabalhador passaram, ultimamente, a ser disseminadas e recebidas como sinônimo de insuportável atraso, grave empecilho para o desenvolvimento, submetendo-o a ambiente de total insegurança, instabilizando-o completamente ao sabor das crises.

  Aliás, cuja rotina, obviamente, ganha enorme apoio com a propagação e assimilação de que o crescimento advirá de uma seletividade quase desumana, alimentada pelo consequente escanteio de enorme massa humana, ante a impossibilidade de nos recriarmos, diariamente, como os glorificados artefatos progressivamente fabricados para uma competitividade cada vez mais artificial e um ambiente mais selvagemente real. 

  Logo, em contexto global próprio ao reino da instabilidade, com as economias nacionais refutando, sempre mais, mínimos resquícios de autonomia, uma possível diminuição pontual do número de desempregados, após a chamada “reforma trabalhista”, além de não proporcionar mínima garantia quanto a novas flexibilizações de sólidas conquistas, também não encobre a desfaçatez como a modernidade vem aniquilando postos de trabalho.

  Como fato, o impressionante número de catorze milhões de desempregados, no país, dois milhões, aliás, em apenas um ano e já na vigência de igualmente inovadores “programa de proteção ao emprego” e “lei da terceirização”.

  Com o significativo detalhe de que a decidida maneira como a “economia disruptiva” se lança contra normas relativas a direitos e garantias da classe trabalhadora, ganhou grande incentivo a seguir sua inflexível trajetória, já que conseguiu chegar ao ponto de alterar, em uma só oportunidade, várias partes da outrora “vaca sagrada”, como muitos críticos se referiam à CLT, consolidando, desta maneira, a transição para a era do “robô sagrado”, em um mundo evoluidamente desvairado


sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Cabeça de chave



CABEÇA DE CHAVE 

   Estávamos eu e o meu filho mais novo, de 6 anos, assistindo a um programa esportivo, quando o comentarista explicou: 

   - Já que Fulano é o cabeça de chave 1 e Beltrano o cabeça de chave 2, se eles forem avançando em seus jogos, somente se encontrarão na final. 

   Simples, né? 

   Não para uma criança na idade de meu filho, obviamente! 

   - Pai, o que é cabeça de chave? 

   Xiiii!!! Ah esse nosso português! 

   Explicaria a ele a diferença entre chave e “chave”? Entre a cabeça e “o cabeça” (aliás, devo começar explicando para o meu computador, pois ele me alerta para “o cabeça”, grifando-o)? 

   Melhor não! Uma criança, geralmente, não quer uma resposta exatamente certa. Nem com muitos detalhes. Quer apenas uma resposta. 

   Aproveitando a ocasião para ficar um pouco mais precavido com estes termos que são tão comuns para os adultos, porém, nem tanto para as crianças, na oportunidade, resolvi que lhe explicaria que era chamado de cabeça de chave porque era o melhor. Mas cabeça não significa que é melhor, apenas, fica acima do resto do corpo, logo... 

   Imagina se ele fica com isso “na cabeça” e amanhã me pergunta sobre cabeça de alho, “cabeça de bagre”,... 

   Quer saber de uma coisa? - Ah Heitor, que tal você desenhar aquilo que você entende por cabeça de chave, enquanto eu assisto o jogo? 

   Ele topou. E precisou me explicar o desenho, obviamente. Segundo ele era um jogador com uma chave na cabeça! 

   Está ótimo! 

   Fim do jogo, o cabeça de chave perdeu... 

   Melhor assim! Ufa!!!


sábado, 8 de julho de 2017

Parquímetro de rua



PARQUIMETRO DE RUA 


  Como eu era muito burro (isso antigamente, pois, hoje, salvo se for o próprio quadrúpede, é proibido ser burro) acredito que trago dessa época a dificuldade em me acostumar com muitas das transformações que inteligentemente me impõem as “cidades inteligentes”.

  A mais nova delas é o parquímetro, que, como toda inovação disruptiva (sabe o que é isso?), foi chegando devagarinho, tomando conta do pedaço e pronto: vai “democratizar” o uso daquilo que é nosso, mas o “dono” não faz o que deve, quando deve e daí surge o pretexto para fazer o que não deve quando não deve. Aliás, vou usar palavras mais inteligentes, obviamente que não minhas, para definir os “propósitos” desses equipamentos: “racionalizar o uso do solo em áreas adensadas, disciplinando o espaço urbano e permitindo maior oferta de estacionamento”.

  Embora pouco se saiba sobre a sua nacionalidade (mas, evidentemente, não surgiu aqui), como se propagou pelo mundo, em quantos e quais gabinetes adentrou, que força de argumentos utilizou etc., o certo é que a sua roupagem é muito linda, especialmente porque - e aqui está a verdadeira chave do sucesso - NÃO PRECISA SE VESTIR (espero que você me compreenda, apesar de eu, sinceramente, ter dificuldades em saber se eu me entenderia, caso não fosse a escrever): faça chuva ou faça sol, está imune a agravos sérios por essas ou outras circunstâncias da “vida”, 24 horas por dia, 7 dias por semana, 4 semanas por mês, doze meses por ano!!!

  “Mero detalhezinho” à parte - e aqui a difícil chave do sucesso está abrindo as portas e entrando - é que, vai custar alguns trocados(?) para todos que utilizarem o nosso (?) território, claro, acabando (???) com frequentes negociações com uma espécie de “empreendedores individuais” que ao longo dos anos foram se engalfinhando nessa e em várias outras alternativas não formais que encontram para sobreviverem em um país que já chega ao universo de 14 milhões de desempregados (por faltar-lhes “qualificação”, óbvio, pois trabalho tem, conforme apregoam os arautos e ecoam os incautos da globalização).

  Enfim, como os artifícios da artificialidade estão tão inteligentes que sobrepujam a própria racionalidade humana, dedicando-se, espetacularmente, à comodidade na conformação dos que interessa serem cativados a não perceberem graves efeitos colaterais nesse tipo de transformação, me sinto felizardo por assimilar que até o “flanelinha automático” não é nada humano, apenas mais um a contribuir para a enorme lista dos “ex” alguma coisa, desta vez sobrepujado da própria rua, aumentando, contudo, bastante as perspectivas de nela permanecer, invisívelmente, se é que consigo me fazer entender.

  De qualquer forma, como o mundo caminha rapidamente, também, para veículos bem mais inteligentes do que este pobre motorista, dispensando-me (e a muitos despejando) da condução, acredito que eles e os parquímetros irão se entender melhor do que consegue este incrédulo escritor (em breve, do jeito que a coisa anda, também um ex-critor). 


domingo, 18 de junho de 2017

Casamento solo


 CASAMENTO SOLO 

  Tinha conhecimento de que alguns cantores resolveram deixar a banda que integravam, em algum momento da vida, partindo para uma “carreira solo”.

  Também não é novidade que uniões são desfeitas, cada qual reiniciando uma “vida solo” - não necessariamente nela permanecendo. Aliás, a bem da verdade, não me é desconhecido que em muitas situações a coisa é tão “vapt-vupt” que sequer se pode dizer que se passou, novamente, por uma “vida solo”...

  Mas, confesso que “casamento solo”, como assisti em um documentário recente, mesmo não me espantando mais com tantas novidades ”evolutivas”, não sabia e nunca imaginei que algo parecido pudesse acontecer...

 Tratava-se de matéria referindo-se ao Japão, onde muitas mulheres simplesmente “desistiram” (tá bom: não quiseram) de casar com alguém e partiram para realizar um “grande sonho”, sozinhas! Sim, sozinhas!... Impecavelmente vestidas de noiva e tudo! Porém, sem aquele “mero detalhe”, o noivo!...

  Óbvio que, nesse momento, convidei a minha esposa para assistir comigo. Afinal, apesar de nós, homens, estarmos tão desprestigiados, achei que era uma boa oportunidade de “me promover” para ela (hehe). Imagina se somando todos - os disponíveis, claro - não conseguimos convencer que, se for para casar, é grande a possibilidade de encontrar “ao menos um que valha à pena experimentar não casar sozinha”? 

  E assim foi seguindo a matéria: moças contratando “namorado de aluguel”, homens se encantando por VERDADEIRAS bonecas (sem aspas mesmo: as chamadas “love doll”)... Aff! Ou melhor, off! Para mim chegaaa!!! 

  Como são vastas as oportunidades que nos aparecem: viver sozinhos, namorar, casar,... Ter ou não filhos... Quanta riqueza! É tanta que costumamos desperdiçar, perdulariamente... Afinal, excentricidades como a transmitida no documentário não surgem do nada!

  A propósito, para os que ainda não se convenceram do seu valor em nosso meio, insisto que o casamento é o crime mais perfeito que o ser humano comete contra alguém, nem que para isso se proponha a também assumir a condição de vítima para o resto da vida, ...

  E, definitivamente, o casamento só é impar porque é par!


terça-feira, 23 de maio de 2017

O que custa um atraso?


 O QUE CUSTA UM ATRASO?
 Devido à situação metereológica `resultante de uma Bendita chuva, de que tanto necessitamos e esperávamos (mas quase sempre resmungamos naquilo que nos incomoda), estou à espera da liberação do voo para minha adorável Vitória, após breve estada em Belo Horizonte, onde duas de minhas filhas, a Laís e a Liz, de 12 e 8 anos, respectivamente, vieram participar do tradicional Torneio Sudeste Mirim/Petiz de Natação, representando o centenário Clube de Natação e Regatas Álvares Cabral, por sinal, no mesmo dia em que outro de meus filhos, o Estêvão, representaria a agremiação, contra o Tupi-MG, nas oitavas de final da Copa Brasil de Futsal, mas, por um imprevisto, não teve oportunidade de fazê-lo.

  Enquanto aguardo, impaciente pelas evasivas respostas apresentadas pelo preposto da empresa aérea quanto às perspectivas possíveis, salvo atualização por uma quantidade indefinida de boletins, perspectivando horas de incerta espera - e tinha gente de voos bem anteriores que já tinham migrado para o meu -, recordo-me de outro episódio, envolvendo a Laís, então em sua primeira viagem aérea, ocorrida no ano de 2014, aos nove anos, seis meses e oito dias de vida, justamente para participar de seu primeiro Torneio Sudeste Mirim/Petiz de Natação, ocorrido no Rio de Janeiro.

  Valho-me da eternização do episódio através da crônica escrita à época “quanto é que vale um mimo?”[1], onde procurei registrar de forma “leve e doce”, a importância de certos momentos na vida de uma pessoa, especialmente na de uma criança.                                                                       

(...) Entre pequenas concessões, levo três cookies na bagagem, biscoito que ela adora!  Um pela viagem, outro após os 50 metros livre e o terceiro depois dos 50 metros borboleta, independentemente do resultado, embora em ambas as provas ela tenha chances de pódio.

Cedo-lhe a honra da “janelinha”!  Fiz questão de marcar com bastante antecedência, já que para uma primeira viagem de avião não tenho dúvidas de que isso é muito significativo, especialmente na vida de uma criança.

A máquina fotográfica pronta para os vários registros: no aeroporto, entrando no avião, acomodada dentro dele e chegando ao destino, para ficar em alguns dos  mais importantes.                      

(...) Logo, quando fiz a minha primeira viagem de avião, o que mais me cativou, obviamente, foi o lanche.  E sempre foi assim: nunca recusei!  Nem as balas.  Inclusive, muitas vezes trouxe para casa, alegrando os meus filhos, especialmente pela lembrança, pois, obviamente, não se comparava com as “maletinhas” de outrora.

Pois é!  Então é isso!  O “mimo” foi diminuindo, diminuindo, diminuindo... Tanto, que agora nem bala o nosso voo  fornece.  Se quiser, tenho que pagar, a bordo, o que convenhamos, no meu caso, tenho certeza que irão concordar, não tem graça nenhuma! 

Os tempos são outros! 

Afinal, numa época em que valor e preço tanto se confundem, coitado do pobre “mimo”:  é alegre demais para a seriedade das planilhas de custo, passando, portanto, a não valer nada. 

Tudo bem que muita coisa mudou, mas será que não dá para rever  critérios ao menos para uma criança em primeira viagem?”
                                           
  O que ocorre, agora, é que, aos oito anos, seis meses e vinte e um dias de existência, este é o retorno, para casa, da primeira viagem da Liz. Logo, não ajo somente por mim. Acresça-se às consequências inerentes às crianças que estão comigo, essa, “simbólica”, relativa ao particular e significativo momento!

  Desta forma, tendo em vista, inclusive, que outra companhia aérea, com horário de voo marcado para uma hora após o nosso, para o mesmo destino, já o cancelou, remarcando as passagens para o dia seguinte, acomodando os passageiros e provendo às suas necessidades de alimentação, não só eu, mas todos os que pude observar, estão contrariados com a enorme possibilidade de uma duradoura indefinição no tocante à nossa situação.

 Já “massageando o espírito das crianças” para essa espera, no aeroporto, além da possibilidade de mais um ou dois dias até chegar em casa, inclusive, também, tentando “reprogramar” ou encontrar a melhor maneira de justificar os compromissos, fui surpreendido com o aviso de que o voo iria partir, rapidamente (uma breve concessão climática!!!!!!!). “Apenas” uma hora e alguns minutos de atraso! Nãoooooo! Isso é um sonho!

  Precavido e desconfiado, após uma senhora, na fila, brincar com as crianças, dizendo, dentre outras coisas, que elas logo estariam em casa, mantive a guarda: - crianças, iremos partir, mas não significa que iremos pousar! Talvez não seja possível! Portanto, prevalece a possibilidade de que fiquem mais um ou dois dias num “random tour” (turismo aleatório), sem a mamãe, só com o papai-ai-ai!!!!! 

 Confesso que estar pousando, com segurança, em “tão pouco tempo” após as possibilidades que a situação prenunciava, acabou me desnorteando: uns foram para hotéis, outros embarcaram em ônibus... E nós, que estávamos nos sentindo em situação bem menos confortável, acabamos sofrendo menos os efeitos do evento da natureza, para o qual, na verdade, as companhias aéreas devem melhor atentar, visando minorar os efeitos de algo que não podem evitar.

  Se foi sorte, competência, um misto dos dois ou de mais algum ingrediente, não sei! Mas como teve esse resultado altamente positivo, especialmente para a Liz, em sua primeira viagem, acredito que não será demasia narrar que isso ocorreu em um voo colorido, que, a propósito, continua a oferecer um “miminho” (está de bom tamanho, não reduzam para mini-miminho ou miminhozinho, por favor!) que eu, deseducada e erroneamente, confesso, faço e estimulei os meus a fazerem ao serem perguntados qual dos “mimos” deseja: - se possível todos, por favor!

  A propósito, no saguão do aeroporto, aquela simpática senhora nos viu, já na companhia de outros do “nosso time” e falou para as crianças - viu? Não disse que iríamos chegar logo?! Ao que então, retruquei: - a senhora bem falou, mas eu muito rezei. Aliás, é altamente recomendável. Sempre! Seja no ônibus, no avião ou no hotel,... (Papai do Céu me perdoe e os demais me desculpem por essa!). 

  Enfim, em casa e feLIZ, verdadeiro taLIZmã!



[1] Caso deseje,  confira na íntegra em http://euandopensando.blogspot.com.br, postagens mais antigas, 16.10.2014. 

quarta-feira, 10 de maio de 2017


O sonho de muitas pessoas que não cometeram crime algum é poder simplesmente usufruir de uma prisão domiciliar

sábado, 22 de abril de 2017

Com a letra "z"


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COM A LETRA “Z”


  Era a hora da janta, quando uma de minhas filhas, então com 06 anos, interrompeu a refeição, aflita, para informar que necessitava retirar de revistas alguma palavra que começasse com a letra “Z”.

  Minha esposa, corretamente, falou-lhe que deveria aguardar até terminarmos o jantar, já que o dever de casa era para o dia seguinte e, após, ajudaria na pesquisa.

  Eu, bicão, ciente de que aquilo não me tomaria muito tempo, falei para a pequena que poderia ajudar nisso e, no mesmo momento, levantei-me e fui buscar uma revista, com mais de cem páginas.

  Comecei a folhear, rapidamente, porque acreditava que encontraria várias palavras... Mais ou menos na metade da revista passei a considerar que a busca estava muito acelerada, portanto, aumentei a atenção e... Nada!

  Cheguei ao final, recomecei a procura, o jantar esfriando, eu quase certo de que estava sendo divinamente punido pelo rompante contrário à ponderação da esposa... Mas, mesmo assim, passei para outra revista, de forma mais detida e,... Era impossível que o semblante sereno da minha esposa não escondesse um sorriso por dentro (- viu?! Apressadinho!).

  Definitivamente, não foi tão simples!

  É óbvio que as situações não se comparam: mas repare que até este momento do texto, fluindo de forma natural, não existe nenhuma palavra iniciada com “Z”. Aliás, o que é mais sintomático, ainda: a letra “Z” não está no início e nem em qualquer parte de nenhuma palavra!!!...

  Cuidado!!!!! Não vá largar a leitura pela metade para querer mostrar que é o bom e eu fui um desatento (nem para ser “dezatento”, né?!). Se quiser (por que não “quizer”?), deixe para depois! Afinal, ao menos eu, restei convencido de que o problema não foi a dificuldade para encontrar, em uma revista, a tal palavra iniciada com a letra “Z”... Eu fui punido, mesmo, pela intervenção em momento inoportuno.

  Mas tudo tem limites. Este texto, por exemplo, já tem até um monte de “X” e, nada de “Z”. Daqui a pouco, a continuar assim, até o “W” e o “Y” aparecem...

  Então, deixando a naturalidade de lado, vou tratar mesmo é de inserir, com sobras, a tal da letra “Z”, fazendo isso com zelo, firmeza e certeza! Ufa!!!!!!!!

 A propósito, fechando os parênteses e voltando ao assunto, você pode estar se perguntando como foi resolvido o trabalho da minha filha.

  Pois é! Para mim não terminou muito bem: naquela noite eu desisti de encontrar a palavra e só fui lembrar uns dois dias após. Timidamente, perguntei à minha esposa se o trabalho tinha sido feito e em qual revista encontrara a palavra iniciada com a letra “Z”. 

  Ela me respondeu, enigmática: 

  - na verdade, estava cansada e ia deixar para o dia seguinte. Porém, já que você foi dormir primeiro, quando fui deitar, peguei alguns dos “ZZZZZZ” que pairavam sobre sua cabeça, já que você, finalmente, conseguiu alcançá-los, dormindo, colei no caderno da nossa filha e considerei a situação resolvida.

  Viu? Bem feito, sua zebra!



segunda-feira, 27 de março de 2017

Fe-LIZ

          
 Fe-LIZ! 

  Hoje, 25.03, a Liz, com 8 anos, estreou como atleta federada do glorioso (calma, gente, não estou falando do meu Botafogo) Clube de Natação e Regatas Álvares Cabral no 1º Torneio Mirim Petiz 2017 de Natação, na prazerosa sede da AEST, em Manguinhos, município da Serra.

  E deu conta do recado: na categoria Mirim I feminino FORAM QUATRO PRIMEIROS LUGARES E UM SEGUNDO (psiu: tudo bem que só havia adversária na prova em que não venceu, mas isso é um “detalhe” que fica entre nós, hehehe,...).

  O que conta mais, na verdade, penso, é o incentivo aos filhos para fazerem coisas boas (de preferência bem e cada vez melhor, é óbvio!), cujos efeitos vão além de suas possíveis vitórias ou derrotas, como convenceu-me minha “poética” mente de pai, ora também muito feLIZ, é claro!

  Vamos lá: se a Liz não tivesse participado do torneio: 1. deixaria de ser arrecadado, para o necessário custeio, o recurso inerente a cinco inscrições; 2. em uma das provas haveria somente a atleta que competiu com ela e, nas outras quatro em que participou sozinha, não se verificaria nenhuma nadadora. É pouco não é? Mas tem mais: respeitando-se as questões inerentes à sua maturação, evidentemente, o efeito que uma criança causa em um evento dessa natureza é incrível: todo mundo quer tocar, abraçar, elogiar,... Tirar foto!!! É verdade: eu aproveitando a presença da nossa semifinalista olímpica, Daiene Dias, para pedir uma foto dela com a outra filha, a “borboletinha” Laís, e a Liz, ao chegar em casa, “toda toda”, dizendo que uma das “veteranas companheiras” de equipe pediu para tirar foto dela em um dos seus “solitários” pódios...

  Sem contar o estímulo que representa para outros irem pelo mesmo caminho, digo, “pelas mesmas águas”... Muito possivelmente alguns que até a superarão, como ocorreu, aliás, comigo (o que, a rigor, não é tão difícil assim, hehehe), em meus mais de trinta anos de corrida, destacando-se, dentre alguns exemplos que tenho conhecimento, o caso do Rildo, que, certo dia, correndo uma “maratona de revezamento” na equipe formada por mim, ele, o Marcelo e o Fonseca, falou mais ou menos isso: - eu ia para o ponto de ônibus por volta das 5:00 em Jardim Camburi e via você e o Marcelo, praticamente toda semana, passando correndo por lá e dizia para mim mesmo que um dia queria ser igual a vocês e, hoje, alguns anos após, estou aqui, na equipe, junto a vocês (e “aquele” detalhe: correndo mais que nós!)...

  E a Liz, aliás, tem uma especial singularidade, pois foi o parto mais complicado da chamegadíssima mãe, nasceu prematura, permaneceu 15 (quinze) dias na UTIN,... 

  Enfim, é isso: como o futuro a Deus pertence, hoje, a Liz apenas faz questão de responder: - p r e s e n t e!   


sábado, 11 de março de 2017

Neymar, o melhor do mundo!



NEYMAR, O MELHOR DO MUNDO! 

  Era o início da noite desta quarta-feira, 08.03.2017, quando o meu telefone celular tocou. Era o meu filho, Estêvão. Atendi e não entendia o que ele estava falando, muito afobado e efusivo, até que decifrei mais ou menos o seguinte: - pai, o Barcelona conseguiu: 6 a 1. Acabou agora e o Neymar arrasou!!!!

  Eu sou botafoguense. O Estêvão palmeirense. Ambos, contudo, muito fãs do Futebol (maiúsculo mesmo!) esplêndido, envolvente, alegre, atrevido, moleque do Neymar. Logo, embora do outro lado, no PSG, também houvesse brasileiros - para os quais torcemos, mas não nesta oportunidade - acreditávamos que não era impossível para o Barcelona. E não é que de fato aconteceu?!

  Cheguei em casa e tive a oportunidade de assistir à reprise do jogo. Como já sabia o resultado e, de tanto o Estêvão me “informar” quanto aos momentos em que os fatos mais marcantes aconteceram, fiquei ávido pelos “minutos mágicos” que viriam, quase ao término da partida.

  De fato, até os quarenta e dois minutos do segundo tempo, nada de tão diferente assim:  o Barcelona jogando como um grande time que precisava reverter uma vantagem monstruosa, porém, nada além disso. 

  A reprise é uma sacanagem com aqueles que têm que comentar ao vivo: como estava 3 a 1 para o Barcelona, que precisava, nos poucos minutos restantes, de mais 3, você, mesmo que não tenha assistido, consegue imaginar o tom de despedida...

  Para piorar, nos últimos tempos, no que tange a gols, o trio MSN estava mais para MSMSMSMSMSMSN... E, nessa partida, M e S já tinham feito um gol cada.

  Porém, tem coisas que só acontecem com o Botafogo e com o Barcelona, mais com o primeiro, óbvio! Uma falta, aos 42 do segundo tempo e quem bate? Messi, óbvio! Que nada, Neymar! Um gol impossível de ser adjetivado pelo leque de palavras existentes, razão pela qual, para o momento, me abstenho.

  Um pênalti, pouco após, porém, já no “generoso” acréscimo de 5 minutos! Agora, como o fio engrossou e se transformou em uma corrente de esperança, que, a propósito, “é a última que morre”, o Messi, “dono do time”, “batedor oficial”, não titubearia em pegar a bola... O Neymar se adiantou, tomou-a para si e... Gol! Com seriedade, sem uma possível firula, com segurança!

  Por fim, um drible desconcertante do Neymar, levando da perna “boa” para a “ruim” (não para ele, óbvio!), um cruzamento milimétrico, de cavadinha, que o Sergi Roberto não desperdiçou... A odisseia culminou em epopeia! Neymar épico!!!!!!!!!

  Ora, isso é suficiente para dizer que Neymar ultrapassou o grau de MC? Ao menos chegou tão próximo que já mudou a alcunha para MCN (Messi, Cristiano e Neymar)? 

  Eu é que não entro nessa infinita discussão... Apenas, reduzo o tempo de aferição (porque tem que ser um ano?) para dizer que naqueles sete ou oito minutos, o Neymar foi o melhor do mundo. Logo, enquanto ninguém fizer algo ao menos parecido com aquilo, ele continua sendo o melhor do mundo (ou dos mundos, sei lá!).

  O próprio Messi reconheceu isso e passou o trono para o Reymar. Aliás, sem menosprezo à coroa dos “mortais”, trata-se de coisa de quem chegou a uma dimensão ainda superior: abdicou da falta, que, se batesse e não resultasse em gol, não deslustraria em nada o seu currículo, ainda porque, só Deus sabia que o Neymar, batendo, transformaria a obra em impagável pintura; abdicou, em seguida, do pênalti (já tinha feito um gol dessa forma, no jogo, diga-se de passagem), que, inclusive, se resultasse em um muito provável gol, o levaria a ultrapassar o Cristiano Ronaldo, desempatando a disputa de maior artilheiro da UEFA Champions League, em número de pênaltis convertidos...

  Capítulo à parte também para o Técnico Luís Henrique (penso que ele aceita o termo e me dispensa de chamá-lo de Professor): não fez questão de mostrar sua “autoridade” mandando o Neymar entregar a bola para o Messi, seja na falta, seja no pênalti, e por aí vai,... Se eu possuo um exército de gigantes, a minha maior vitória é manter a harmonia entre eles, grande passo para transformar o meu papel em arte e o nosso time em verdadeiro baluarte...

  Quanto ao árbitro e seus assistentes, também eu, confesso, achei que houve muitos equívocos a favor do Barcelona... Porém, como todos eles dependem de interpretação, sairão do campo de futebol e ficarão no campo do “achismo”, para lá (para lá, para lá,...) e para cá! 

  Enfim, embora muita coisa permaneça, para sempre, nesse eterno campo da discussão, o fato é que apesar da grande fartura de gols, qualquer deles a menos faria muita falta para a história, da forma como ela foi e ficará magistralmente escrita... Melhor para o Barcelona e, em especial, para Neymar, aliás, NEYMARRA, hoje, sem dúvidas, o melhor do mundo! 


quinta-feira, 2 de março de 2017

Qual a nota do sisu?


QUAL A NOTA DO SISU? 

  Prestei vestibular há vários anos, porém, nunca deixei de acompanhar com muita atenção o clima acalorado que cerca a divulgação dos resultados, geralmente nos verões, embora os seus importantes reflexos se façam presentes pelas demais primaveras afora.

  Como os jornais são ótimo termômetro, a ponto de lançarem, por vezes, edições extras no decorrer do dia, apenas com o resultado, neste ano, uma vez ocorrida a divulgação, sentindo clima ligeiramente frio para a época, na manhã seguinte constatei o nome dos aprovados apenas em ordem alfabética, sem as costumeiras pontuação e classificação de cada qual, divisão em 1º ou 2º semestres, ampla concorrência ou cotas etc.

  Ora, apesar da histórica tradição quanto a isso, para que quero saber, né? Afinal, importa ao candidato. E ele, mediante senha e número, tem como chegar a tal... O Brasil mudou! E a Ufes, enfim, também se tornou uma universidade “sisuda”. 

  Mudou tudo! Na transição para o atual modelo, de um extremo em que a prova do ENEM, independentemente da pontuação de cada qual, via de regra, servia apenas para classificar ou não para a segunda etapa, com matérias mais afetas à área escolhida, rumou-se para outro em que o primeiro passo decide a situação. Nem tanto, nem tão pouco!

  Agora, geralmente no recôndito de algum lugar, o candidato, sem saber a dos demais, acessa à sua nota e, a partir daí, dá-se início a uma verdadeira odisseia, aonde o mesmo, dentre milhões, vai se movimentando de acordo com a escolha dos outros, com aqueles que se encontram no topo da pirâmide sendo os únicos que gozam de garantias quanto ao curso e ao lugar em que desejam estudar.

  Desta forma, como a escolha do curso é posterior à obtenção da nota, aquela história de “vocação”, disseminada até esse momento da existência, em regra, do jovem estudante, para enorme contingente, vai, agora, mudando diariamente, já que os “excedentes” podem se transformar em “insurgentes”, optando por outro curso, especialmente a partir dos mais disputados, não necessariamente objetivando frequentá-lo, falseando toda a cadeia decorrente. 

  Além de conduzir a um irreal aumento da pontuação dos cursos, acaba se assemelhando a um jogo de difícil estratégia, já que nunca se sabe, efetivamente, quantos levarão a matrícula a efeito, a fim de analisar se vale mais a pena optar por “este curso na mão” ou por “aquele voando”, por exemplo, além da instabilidade geral que ocasiona e protela a “dança das matrículas”.

  Enfim, no aspecto geral, parece estranho que “um Estado que não é Nação” - ao menos para o Legião Urbana - estabeleça uma concorrência de âmbito nacional entre os vestibulandos, que, na essência, desconsidere, infelizmente, desigualdades educacionais existentes entre as diversas Unidades da Federação deste imenso Brasil, a ponto, aliás, da Constituição Federal estabelecer como um dos Objetivos Fundamentais da nossa República (artigo 3º, inciso III), justamente, a redução das desigualdades regionais.

  Entra para o contexto de mudanças que passam a impressão de mais uma lição visando assimilar regras da globalização: retira de âmbitos menores sua capacidade de decisão, faz crer que a evolução é irreversível em unificar a competição, quanto maior menos pior para poucos, esta é a situação! 

  Repare à sua volta e reflita, pois buscar entender é o verdadeiro x da questão!