sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Reforma da Prev(s)idência


REFORMA DA PREV(S)IDÊNCIA

  Uns mais longe, outros bem mais próximos da “linha de chegada”, os “participantes” se veem bombardeados com rotineiras e desencontradas informações sobre o aumento do percurso, bem como da mudança na premiação pela conclusão da jornada.
 
  Não fizeram as regras, não lhes é possível alterá-las! Simplesmente aderiram e cumprem desde o início a sua parte quanto às mesmas, porém, além de se submeterem à confusão da “organização”, que conta, inclusive, com muitos membros que trilharam caminho bem mais curto, estrategicamente, são lançados uns contra os outros, a partir da inegociável premissa de desvalorização global do trabalho humano.

 Para o qual, aliás, diversamente de um histórico de lastimável condescendência com práticas perdulárias diuturnamente denunciadas no âmbito público, não há mínima eiva de compaixão, apenas o fácil discurso de austeridade, ao desumanizado gosto e exigência da inflexível política econômica mundial, mediante as estruturas de poder que lhe orientam.

  Sob tal ótica, os países não mais se destinam a atender ao seu povo, mas, primeiramente, aos grandes investidores, conduzindo o mundo a uma espécie de “cassino global”, onde as “apostas” se dão de acordo com os ambientes que proporcionem mais espaço, incentivos, segurança e retorno financeiro, a permanecer sempre atraente, visando não perder para outro refém concorrente!

  Tímidas as iniciativas que ousem contrariar esse ciclo, embora a crise não advenha do trabalho, muito pelo contrário, a par de adaptá-lo a esse novo, surreal e permanente cenário, recai sobre as suas consolidadas regras, agora sim, o mais implacável combate, mediante rápidas, sucessivas e profundas reformas, atendendo a uma irrefreável e matreira lógica de generalizado aumento da qualificação/diminuição da remuneração.

  Não obstante a paternidade/maternidade pela absurda situação de desemprego a que chegou o país esteja incorporada ao dna dos sucessivos gestores responsáveis por gerir e manter o nível de emprego no país, enquanto invariavelmente invocam a negativa de autoria quanto aos feiíssimos frutos deixados, agem e argumentam cada vez mais amarga e soltamente... 

  Diminuída duramente as expectativas no âmbito privado, resta consolidar o mesmo caminho quanto ao público, sempre a pretexto de pseuda promoção dos pobres, como aponta, por exemplo, estudo denominado “um ajuste justo – proposta para aumentar eficiência e equidade do gasto público no Brasil”, curiosamente encomendado pelo governo a um banco global e que traz, dentre outras com apelativo potencial de viralizar, proposta que inova quanto a mensalidades em universidades públicas, aliás, justamente após as mesmas passarem por longo processo que culminou com absorção de transformadoras cotas sociais e raciais.

  Enfim, no fundo, um bom parâmetro para auxiliar a formar ideia quanto a qualquer política pública que esteja em discussão é quem mais claramente se beneficia com suas alterações. No caso da reforma da previdência, não se tenha dúvida de que é a previdência privada. 

  Portanto, não parece justo que o servidor público, especialmente aquele que faz a sua história desde quando mega interesses privados ainda não estavam tão próximos das decisões republicanas, mediante campanha publicitária, de forma onerosa aos cofres públicos, seja satanizado como causador das agruras pelas quais, em mais esse aspecto, lamentavelmente, passa o povo brasileiro, à falta de uma verdadeira, necessária e inadiável reforma da presidência.


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