quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

O político eletrônico

 

O POLÍTICO ELETRÔNICO*

A propósito das inovações tecnológicas substitutivas de postos de trabalho da população, já seria imaginável, também, conviver com o político eletrônico?

Apresentada como parceira, especialmente na execução de atividades perigosas e insalubres, visando proporcionar mais tempo livre para o bem-estar do ser humano, a automação foi ganhando espaço em nosso meio, nas últimas décadas, até que, mais inserida, passou a alcançar, também, trabalhos tidos como repetitivos ou burocráticos, sob premissa de mais agilidade, competitividade, produtividade, dentre outros fortes argumentos para opor-se às previsíveis resistências.

Assim o ser humano foi se acostumando com a ideia de que suas habilidades para o trabalho devem acompanhar e se adequar ao ilimitado avanço das inovações, agora já no fantástico estágio da inteligência artificial, para que não seja varrido do ciclo evolutivo.

Porém, tivessem as inovações substitutivas no campo do trabalho se iniciado pelas posições mais elevadas, induvidoso que não estaríamos diante de uma visão tão desumanizada quanto ao tema, pois os rumos, certamente, teriam sido mais equilibrados.

Fato é que, atualmente, a solução mais adequada de gestão, parece vir quase sempre acompanhada da diminuição da necessidade de alguém, mediante implantação de alguma coisa, tanto maior o encantamento, quanto mais rebuscada e ousada esta for!

Ora, se é assim, não há dúvidas de que a implantação do "político eletrônico", como várias outras posições socialmente proeminentes, é apenas questão de um tempo maior, aliás, devido bem mais ao poder inerente aos cargos, do que, propriamente, por espírito tecnológico-evolutivo e econômico-financeiro.

Vale lembrar, em contraponto, que mesmo sendo absolutamente ignorada, desde 1988, portanto, há 35 anos, o país dispõe de norma constitucional que garante a "proteção do trabalhador em face da automação".

Embora pareça uma "lei dura", ainda assim, "é lei" ("dura lex, sed lex")! Logo, o mesmo "laissez faire" (deixa fazer), que, quanto mais o tempo passa, mais consolida a inteligência artificial que sustenta o distanciamento da norma, será aquele que caberá quando se tratar de qualquer ocupação ainda não alcançada.

Mas, certamente, "não haverá motivos para preocupações", já que, como é comum, nessas situações, se disseminará que a diminuição ou extinção dos cargos, a serem ocupados pelos "políticos eletrônicos", será absorvida mediante as "novas habilidades e oportunidades em surgimento".

E, o que é ainda mais sagaz: diferentemente da imponência que geralmente a acompanha, a inovação não inviabilizará que a população continue indo às urnas, podendo optar por votar em políticos, humanos e imperfeitos como nós, ou no "político eletrônico", evoluidamente criado e cada vez mais preparado para, no mínimo, assombrar-nos a todos, enquanto trabalhadores, indistintamente!



* Publicado no Jornal A Tribuna, sessão "Tribuna Livre", p. 16, em 16 de fevereiro de 2024. 

terça-feira, 7 de novembro de 2023

O acaso (também) vai lhe proteger!

 

ACASO (TAMBÉM) VAI LHE PROTEGER!


A vida tem tantos mistérios que, realmente, não sabemos o que não mais será possível se não for feito agora, devido à incógnita sobre o momento em que seremos depostos do depois...

Apesar do pouco tempo, já nos tornamos íntimos o suficiente para nos conhecermos um pouco, na sala de audiências da Vara de Família, já que, comumente, somos os dois primeiros a chegarmos ao rotineiro local e, de minha parte, aproveito para ir azeitando o tempero que, pouco depois, se misturará a diversos outros, torcendo para que o gosto final seja o melhor possível, especialmente porque o sabor que sairá daquele ambiente será o responsável por realizar a digestão de quem, na maioria das vezes, nem nele estará, mas será o seu principal e vulnerável destinatário,...

Quando o André entrou na sala, ao invés de você, isso já aguçou a minha percepção... E ele, bastante emocionado, foi logo dando a notícia de que você, rumando para a faculdade, fora bestialmente atropelado na Avenida Fernando Ferrari e estava em estado muito grave no UTI do Hospital São Lucas,...

Como assim? Perguntei pouco, até porque seria uma tortura ficar indagando o André. Pois então, de um momento para o outro, tive que, rapidamente, me apegar ao fato de que não era mais a questão de um "jovem cheio de vida", mas, "enquanto há vida, existe esperança",...

Muito em você eu me vejo, há algumas décadas atrás: negro, de origem humilde, batalhador, interessado, estudante de direito na universidade federal do espírito santo,...

Mas, ressalto um fato que dará ideia do quanto considero você superior a mim, dentre outros aspectos, em termos de bondade: você e o André, ambos estagiários, revezam diariamente nas audiências. Como na quarta foi você quem as realizou, na quinta seria o André... Ocorre que na quinta era o aniversário do André. Então, ao final daquela longa quarta-feira de audiências, você se prontificou a fazer também as da quinta, no lugar do André,...

Sim, é algo bem "simples, mas é apenas uma mostra, ocorrida no dia anterior, quanto à sua generosidade!

A propósito, apesar de algo também bem simples, mas devido ao seu manifesto interesse demonstrado, me apeguei àquela dívida que tenho contigo quanto a cópia dos meus escritos, que vem desde antes do seu nascimento, a respeito das cotas, para ter a simbólica confiança e certeza de que esse trágico episódio será vencido e eu poderei lhe fazer a entrega.

Enfim, nestes momentos, temos que nos apegar a alguma coisa! Qualquer coisa que aumente as nossas esperanças... Não basta ser jovem, idealista, humilde, inteligente, afetuoso, bom, para que os misteriosos desígnios da vida deixem de levar um ser humano, precocemente, para o convívio celestial,...

O que posso dizer, Wilker, é que, a partir do momento que soubemos do fato, pela sua vida, invocamos todos os nossos argumentos e suplementos. E olha que minha contribuição nisso é pequena, confesso! Mas convivo com pessoas que trabalham e confiam bastante nesse campo!...

Uma dessas, aliás, me falou que ao buscar disseminar a "corrente" pela sua vida, ao dizer o seu nome, ouvia de outras tantas pessoas, que ela "já estava atrasada", se é que você me entende,...

No fundo, o que posso afirmar é que esse lamentável episódio infelizmente ocorrido com você fez surgir verdadeiros "anjos" em sua vida; embora não lhe conhecendo, muito somaram para agregar aos indispensáveis esforços hospitalares que levaram você a superar esse infortúnio e, a partir dele, torcem, também, ainda mais, pelo sucesso desse valoroso ser humano que você é, rogando a Deus que lhe abençoe em toda sua bem longa trajetória de vida!

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Coincidência demais...

 COINCIDÊNCIA DEMAIS...


A questão não é você nunca ter enfrentado a situação de acabar o gás de cozinha, "justamente" quando está cozinhando alguma coisa. O que importa é como você se sente diante desse fato...

Ora, evidente que ele só vai acabar "justamente" quando alguém o estiver utilizando, não é!?

Logo, que não seja por isso!

Ah! Mas porque justamente comigo, se não só eu o utilizo?

Ora, vai acabar em algum momento, com alguém fazendo uso,... Não seria egoísmo querer que isso acontecesse com outro ao invés de você!?

Mas, se isso não lhe convence e não há condições de utilizar a técnica que talvez "alguém" adote para o papel higiênico (indo em eventual outro banheiro ou deixando um pedacinho no rolo para que não acabe justamente com você e tenha que pegar outro), se você considerar tão importante, pode ir se acostumando a levantar a botija, de vez em quando, visando identificar momento em que o gás esteja prestes a acabar, para deixar que termine quando outro o estiver usando. No começo, pode errar algumas vezes, mas depois que estiver "craque", o gás acabará sempre sem que seja com você a usá-lo...

E quando se trata de um carro, que não só você dirige?...

Pois é! Tem alguns outros macetes, que valem para definir, por exemplo, quem vai abastecer o carro, dependendo do seu perfil: egoístico, colaborativo, vingativo,...

Mas, e quando não for o combustível, mas a bateria???...

Já pensou nisso? Eu não tinha pensado,...

Aliás, o que me leva a esta história, na verdade, não é o gás, o papel higiênico, o combustível, mas sim a bateria. Os outros ítens foram trazidos a este texto só para chegar até ela. Isso mesmo! A bateria! Aconteceu comigo!...

Vamos aos fatos: as baterias atuais não são mais iguais aquelas que costumavam dar repetidos sinais de pane, você (ou outro "sortudo") levava na "Dumas Auto Elétrica" (ia tanto lá, que mesmo passados tantos anos, como poderia esquecer?) ali no início (ou final?) da Reta da Penha, dava uma carga lenta e garantia rodagem por mais algum tempo...

Foi assim que, por volta das 10 horas do dia 14.09.2023, estava em casa (não necessariamente "à toa, tá"!?), fui ligar o carro para testar outra bateria (a da chave, que estava dando sinais de problema e eu esperava que não fosse eu a ter que trocá-la rsrs) e o danado do automóvel... Nada! Mesmo para quem não entende o mínimo, nessas circunstâncias, se quiser dar o ar de quem manja do assunto, ao acionar o socorro, dê logo a sua opinião, quase um veredicto: é bateria!!! Imagina, então, eu, com anos de automóveis, desde aquele fusquinha 64 ("carinhosamente" apelidado de "Juscelino", por um colega estudante "gaiato", em homenagem ao antigo presidente),...

Depois de rápidas ligações, fiquei entre dois fornecedores, com preços similares, optando pelo que (em tese) me atenderia mais rápido, pois meus compromissos, fora de casa, estavam por ocorrer uma hora e meia após constatado o problema.

Na verdade, sou daqueles que diante de algo desagradável procuram se consolar com a ideia de que poderia ser pior... Ora, era apenas a bateria de um carro, eu estava em casa, "justamente" num melhor momento para a ocorrência de uma "fatalidade" dessas, ... Como eu poderia ruminar: - justo agora? Porquê comigo?

Enfim, se é inevitável que isso em algum momento iria ocorrer, ainda bem que aconteceu comigo e nessas circunstâncias!!! Que ótimo!!! Rsrs

Eram 10:50. O eletricista estava acabando a troca da bateria, quando minha esposa chegou até mim, com a nossa fllha Sara, na ligação: - pai, o carro não está ligando!

Eu, com aquela minha experiência, que você sabe, não dei nem opinião, fui logo com o veredicto: - é bateria!

- Filme você girando a chave, para que eu possa ver (e ouvir) o que está acontecendo! E me encaminhe no bendito WhatsApp (quem falou mal dele? eu? Nunca!!!).

Nisso, obviamente, eu já tinha conversado com o "socorrista" que, "providencialmente", estava ali, naquele dia, naquela hora, naquele exato instante... E ele tinha vindo de um atendimento para resolver a minha situação. Porque não estaria prestes a sair da minha para ir em socorro de outra emergência?

Perguntei, quase em tom de súplica: - será que você poderia, se for o caso, dar um socorro para mim, no outro carro da família? Minha filha está com o carro, no máximo a uns dez minutos daqui!

- Posso sim, me passa o endereço!

Nisto, a Sara ligou e avisou que girou a chave e, desta vez, o carro pegou.

- Pelo amor de Deus, Sara, não desligue o automóvel e venha para casa. E esse era o seu roteiro, pois viria almoçar e ir para o estágio às 12 horas.

Ufa! Isto era o suficiente... Mas, já que tudo estava dando tão certo, porque não?:

- E se for bateria, será que você tem como resolver?

- Qual é o veículo e o ano?

- Logan sedan 2021.

- Eu tenho outra bateria aqui, da Heliar, de 60 A. "Justamente" a mais indicada para o carro, inclusive na amperagem adequada.

Duvido que alguém, a esta altura, por nada religioso que seja, consiga imaginar que o problema do carro não era bateria... Acho até que se ele me desse o diagnóstico de que a bateria estava boa, não necessitava trocar, eu trocaria, mesmo assim! Dado a incrível "sintonia" entre os acontecimentos, seria impossível não ser problema de bateria.

E era!

A Sara chegou! 11:10 o eletricista já havia terminado! Fizemos um combo de duas baterias! "Justamente" as únicas duas que ele trazia na motocicleta, uma moura e outra heliar, ambas de 60 amperes, que o destino me apresentou apenas para que eu tenha a absoluta certeza de que devo trocar mais o gás da cozinha,...

Ah! antes de finalizar: são dois veículos totalmente distintos: uma Toyota SW4 com quatro anos de uso e um Renault Logan com dois. Ambas baterias eram as originais, inclusive os carros possuem quilometragens bem diferentes. Igual mesmo, só o fantástico capítulo que esse show de instantânea "coincidência" me permitiu viver, levando a melhor refletir sobre as peças do automóvel que dirige as nossas vidas enquanto vamos escrevendo as nossas histórias!

quinta-feira, 20 de julho de 2023

 

Quem, de qualquer modo, concorre para os filhos, incide nos cuidados a eles necessários, na medida de suas possibilidades

      Luiz Antônio de Souza Silva

 

Se para gerar foi participativo, para cuidar seja criativo

Luiz Antônio de Souza Silva 

 


A família é o lugar ideal para as maiores invenções serem criadas

    Luiz Antônio de Souza Silva

segunda-feira, 17 de julho de 2023

Não inveje: tem coisas que só acontecem com o botafogo mesmo!



NÃO INVEJE: TEM COISAS QUE SÓ ACONTECEM COM O BOTAFOGO MESMO!


Em setembro de 2021 escrevi a crônica "não inveje: tem coisas que só acontecem com o Botafogo!".

Se você é Botafoguense e não leu, recomendo buscar no blogue "euandopensando.blogspot.com". O acesso é fácil, gratuito, não tem propaganda antes, durante e nem depois (rsrs), não precisa dar nenhum like e, no mínimo, achará divertida a narrativa da odisseia. Se não é Botafoguense, também tomo a liberdade de sugerir, pois terá a oportunidade de verificar como se pode ser tão feliz na alegria e (quase sempre) na tristeza (rsrs).

De qualquer forma, já que tem tudo a ver com o atual momento do Botafogo, vou lembrar um pouquinho aqui, já que temos tantas coisas no dia a dia, que talvez muitos de nós não se recorde com detalhes como os fatos ocorreram naquela "gloriosa" recente época!

Não éramos SAF, ainda, estávamos na segunda divisão, e eu dizia:

"(...) se você não é botafoguense, possivelmente deve estar doido para me retrucar, antes mesmo que eu explique: invejar de quê, cara pálida? - Fogão é segunda divisão!

Sim, o Fogão é segunda divisão! Ora, se o Botafogo está nela, ali também está o seu prestígio e todo o seu glorioso peso! Então, parabéns para a segunda, terceira ou seja lá qual divisão o Botafogo vier a se encontrar!

Contudo, acredito que iremos subir de série! Afinal, nos últimos doze jogos, o Botafogo ganhou dez, empatou um e perdeu outro! Isso, basicamente, tão somente com a mudança de um técnico, devido ao fato de que os resultados, até então, estavam muito ruins! A propósito, no momento, dificilmente em algum lugar do mundo existe um time que nos últimos doze jogos esteja com um aproveitamento igual ao do Botafogo. Nem mesmo aqueles com planteis poderosíssimos!!! (...)".

Após mais algumas considerações, antes de concluir, discorri a respeito do emblemático Rafael:

"Há muito tempo não vejo um jogador de idêntico potencial que tenha demonstrado mais carinho e, principalmente, DESPRENDIMENTO, para atuar no clube de coração! Vejam bem, antes de me retrucarem: estou falando de coração e não decoração, tá!?

A inveja é tamanha que, infelizmente, tem quem mesmo diante de todas as evidências demonstradas, insiste em dizer até que isto, hoje em dia, é impossível, que não acredita, que não vai dar certo e blábláblá.

Falo em inveja porque quem diz isso pode saber de tudo, menos do que é ser Botafoguense! Pode não dar certo por algum motivo? Pode! Mas não acredito que o cara não tenha vindo de corpo e alma para o Glorioso! Afinal, quem é realmente Botafoguense, sabe bem que tem coisas que só acontecem com esse time! Imagina a rara oportunidade de confirmar isso de forma tão positiva, jogar no Botafogo e, ainda, ofuscar a "naturalidade" da "infidelidade recíproca" que caracteriza os "enlaces futebolísticos", atualmente, especialmente quando o dinheiro assume mais importância do que realmente tem."

Pois bem! Dois anos após, os tempos são outros: agora somos SAF, estamos na série A, tivemos um campeonato brasileiro bem ruinzinho em 2022, um carioca em que nem chegamos às semifinais, no início deste 2023, logo, um ano em que os melhores prognósticos eram o de que iríamos, no máximo, lutar, com muita dificuldade, por uma vaga na libertadores, mas a realidade mesmo era a de brigar para não cair, tentando, quem sabe, "beliscar uma sulamericana"?

E olha que o nosso então considerado melhor e promissor jogador, o "Jeffinho", para piorar, fora vendido, sob protestos, para o Lyon da França!

Na verdade, entre o campeonato carioca e o brasileiro, ninguém chegou! Alguns vieram um pouco antes, porém, nenhuma "estrela" (até então!): dois "Segovia's", Marlon Freitas (vindo do Atlético-GO), Carlos Alberto (estava no América-MG), Di Plácido, Júnior Santos (sem espaço no Fortaleza), enfim, nada de um jogador "de primeira prateleira" (termo que os comentaristas tem usado bastante rsrs). Assim, como as expectativas não eram nada boas, restava apenas um "Tiquinho" de esperança!

Veio o Brasileiro e uma primeira vitória suada sobre o São Paulo, outra sobre o Bahia, em seguida o Flamengo... Todas por apenas um gol de diferença, mas uma bela sequência e nove pontos na tabela!

E, desta forma, o time foi avançando, desafiando fervorosos prognósticos contrários (alguns nitidamente revestidos de torcida!) até este momento em que, com um elenco que ninguém acreditava, o Botafogo chega na 15ª rodada com 39 pontos, treze vitórias, nenhum empate e apenas duas derrotas! A façanha é tão incrível que se tornou a melhor campanha de um time no campeonato brasileiro na era dos pontos corridos, ou seja, desde 2003... E olha que existiram vários times fantásticos desde aquela época!

Para quem acredita em estatísticas (não nós, Botafoguenses, óbvio!), segundo o Portal Lance, as chances do Botafogo ser campeão brasileiro, no momento, é de 82,3%, enquanto o próximo time, com maiores possibilidades, é o Grêmio, com 4,8%,... Por essa mesma metodologia, o Glorioso tem 99,57% de chances de Libertadores e 0% de ser rebaixado!

O feito é tão inexplicavelmente destacado e assombroso, que a diferença para o segundo colocado, o Flamengo, é de doze pontos (faltando, contudo, um jogo do Grêmio, que poderá reduzi-la para dez), deixando os demais rivais embolados entre si, estando o segundo com 27 e o décimo primeiro com 22 pontos, ou seja, no momento, "um campeonato totalmente a parte"! Pudera: em 15 jogos, um time com 13 vitórias, enquanto o seu adversário mais próximo, dentre os outros 19, possui 8, é algo realmente inacreditável!

A rigor, próxima da campanha do Botafogo de 2023 (13 vitórias, 0 empate e 2 derrotas em 15 jogos), com 86,6% de aproveitamento, guardadas as devidas proporções, cabe mesmo só a lembrança da do Botafogo de 2021, que, em sua arrancada para o título da série B, em 12 jogos, ganhou 10, empatou 1 e perdeu outro, ou seja, 86,1%.

Reproduzo esses fatos com nenhuma empáfia! Muito pelo contrário! Afinal, a última vez em que fomos campeões brasileiros se deu em 1995. Eu acabara de me casar! Depois dali, nem eu, nem minha esposa e nem nenhum dos nossos seis filhos que vieram a partir de 1996, vimos o Botafogo ser campeão brasileiro, assistindo, por sua vez, vários outros times alcançarem tal feito, como Flamengo, Fluminense, Vasco, São Paulo, Palmeiras, Santos, Cruzeiro, Athletico PR e Grêmio, alguns deles, inclusive, mais de uma vez, como o Corinthians, que foi o que fez isso mais vezes (5), de lá para cá!

E isso já bastaria para um mínimo de "justiça divina", coroar esse time - e seus torcedores - com o título deste ano!

Mas, como escrevera naquela campanha de 2021, na série B, e reproduzo agora:

"Tem coisas que só acontecem com o Botafogo!!! Me desculpem, mas SÓ ELE tem essa primazia!!! Aliás, até por isso, embora, pelos últimos resultados, seja difícil assimilar tal hipótese, o Botafogo, SÓ ELE, de repente, nas próximas doze partidas, pode perder dez, empatar uma e vencer outra!!! Sei lá!"

Enfim, se isso ocorrer, é porque tem coisas que só acontecem com o Botafogo mesmo! No fundo, o que esse time fez até agora, da forma como fez, diante de quem fez, com o plantel que dispõe, já o coloca como sendo uma das façanhas mais incríveis e inacreditáveis da história do futebol brasileiro! Aliás, o próprio episódio da inesperada saída do nosso "midas", Luis Castro, sendo que o seu substituto, na condição de técnico interino, "encaçapou" quatro vitórias seguidas nos quatro jogos que disputou, é fator que realça ainda mais essa bonita e emblemática odisseia.

O que vai ser lá na frente, é impossível saber! Mas, como Botafoguenses, estamos preparados! Seguiremos até o final, que não termina este ano, com ou sem título!

A propósito, mais uma vez o Rafael! Lutou bravamente para voltar a atuar, devido a seguidas lesões e, quando estava fazendo isso muito bem, novamente se vê afastado dos gramados,... E quem diria que o então incerto Di Placido continuaria a saga com tamanha desenvoltura como vem fazendo?!... Mas, se até o Gatito foi capaz de transferir sua "aura" para o Lucas Perri, no ritmo que a coisa anda, não é impossível o Di Placido se tornar um dos melhores laterais do campeonato brasileiro!...

Coisas do Botafogo, cujas razões não se encaixam em probabilidades, razoabilidades, proporcionalidades,... Coisas do Senhor, que de vez em quando resolve dar um caprichado lustro em sua estrela preferida, para que ninguém se esqueça do que Ele e ela são capazes de fazer! E nós, de agradecer, independentemente do que o destino reserva para acontecer, pois o principal de tudo é ser Botafoguense!





domingo, 22 de janeiro de 2023

Laís, nossa especial “swimfluencer”


LAÍS, NOSSA ESPECIAL "SWIMFLUENCER"!


Nascida em família cujo pai entende que o mínimo que se pode encontrar no esporte é um amador correspondido, a Laís, ao final de sua "primeira infância", iniciou suas braçadas nas piscinas do nosso centenário Clube de Natação e Regatas Álvares Cabral.

Aos dez anos de idade, apesar de também reivindicar o seu natural direito a escolhas na pavimentação do próprio caminho, com jeitinho, foi "convencida" a ir permanecendo "mais um pouco", embora sua versatilidade sugerisse a concorrência de outras modalidades esportivas, para ficar apenas neste campo, repleto de "valores" que se oferece com o intuito de que se possa levá-los para a vida toda. 

Permaneceu! Porém, firme na máxima "nem tanto ao mar, nem tanto à terra", fez algumas exigências básicas para que isso ocorresse, uma das quais a de que nadaria "apenas" dois dias da semana, situação que gerou grande dificuldade contextual, pois já estava talhada para a natação de alto rendimento e, se não fosse a incorporação e "defesa" por parte também do seu então professor Marcos, certamente não teria ido para a frente!

Levou essa situação até por volta dos treze anos (quando passou a treinar três dias rsrs) literalmente no braço, já que é muito difícil assimilar uma atleta nessa condição, competindo com outras, a nível de Brasil, que, em grande parte, não só treinavam todos os dias, como ainda "dobravam" em alguns deles.

Embora, hoje, haja senso praticamente comum de que a Laís é uma nadadora velocista, tenho a firme convicção de que essa foi uma imposição que ela "fez ao destino", já que foi o único caminho possível para alguém que nadava muito bem, porém gostava de fazê-lo pouco! Aqui, para não dar azo aos tantos que logo pretendiam impingir o rótulo de preguiça, devo dizer que, concomitantemente, afora outras atividades como estudo regular, incluindo o inglês (e violão), gostava e praticava, sempre que possível, vôlei, futebol, corrida, skate, surfe, aquathlon (modalidade em que foi campeã brasileira), para ficar nos mais comuns. Aliás, ainda a título de registro, foi a primeira atleta do Estado do Espírito Santo a conquistar, numa mesma edição dos jogos escolares brasileiros, medalhas na natação e no atletismo (aqui, também, graças à compreensão do professor Fernando), isto nos 50 metros costas e 1000 metros rasos, respectivamente. 

Enfim, levando a vida nessa "flauta", foi que a Laís chegou a ganhar medalhas em diversos campeonatos locais, regionais e nacionais, ora em um, ora em outros, porém, fazendo isso nos quatro tipos de nado (crawl, borboleta, costas e peito), inclusive representando o país em dois campeonatos sul-americanos e um mundial estudantil.

No final de 2021, aventurando-se no handebol (?), nos jogos internos da escola onde estudava, sofreu uma lesão que lhe custou cirurgia do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo, aprendendo, na prática, sobre restrições que se não forem impostas por outrem, um atleta de alto rendimento deve se impor, por si mesmo, por mais que se dê importância àquilo que se pretende fazer, como ocorria com esse evento anual da escola. 

De qualquer forma, acabou se tornando época de grande aprendizado, resignação e determinação, cujo foco principal foi a vontade de treinar e estudar nos Estados Unidos.

Concomitantemente com a recuperação física, aprimorou o inglês e trilhou praticamente sozinha o trabalhoso caminho para ser aprovada e conseguir bolsa em uma universidade americana, dispensando-nos, a propósito, dos custos das assessorias que desenvolvem esse importante serviço, inclusive escolhendo, com a aquiescência familiar, dentre as opções que dispunha, aquela que considerou mais adequada às suas pretensões.

Desta forma, aquela com quem estive fisicamente mais próximo nestes últimos anos, ora é a filha que está mais longe, me liberando para compensar através de "dedicação exclusiva aos demais" (rsrs), pois, com a benção de Deus e da família, apesar dos seus apenas dezessete anos de idade, continua sua virtuosa carreira de atleta (no fundo, uma verdadeira "swimfluencer"), agora, a partir das piscinas da gloriosa San Jose State University, na Califórnia: "Go Spartans"!


domingo, 30 de outubro de 2022

Faça você a vez

 FAÇA VOCÊ A VEZ!

No dia seguinte haveria, seguramente, uma das mais importantes eleições de todos os tempos no Brasil: Lula x Bolsonaro!

Independentemente de quem realmente estava ou não com alguma vantagem sobre o outro, certo mesmo é que, politicamente, o país estava literalmente dividido entre dois extremos! Ou seja, a vitória de um será a "glória" para parcela da população que torce fervorosamente para aquele, enquanto a derrota, para outros, significará um "caos"...

Tem, obviamente, aqueles cuja opção não seria nem por um e nem pelo outro,... No fundo, acredito que esses "vibrarão menos", mas, também, "sofrerão menos", já que, apesar de não se sentirem vitoriosos, também não se sentirão tão fragorosamente derrotados...

A verdade é que o país estaria muito melhor, seja qual deles for o eleito, se fincado em uma "política de estado", ou seja, planejamento e balizas mais duradouras, que não fossem tão suscetíveis às inconstâncias e fragilidades das "políticas de governo" que cada qual busca imprimir durante o seu mandato, tão própria à personificação de vultos efêmeros como sendo verdadeiros "deuses", quando, na verdade, são "apenas" administradores de uma enorme responsabilidade e, como tal, desejavelmente, sujeitos a "freios e contrapesos" que essa almejada política de estado contribuiria bastante para tornar mais efetiva.

Envolto nesses pensamentos, abri espaço na mente para rápida divagação a respeito de uma mensagem que acabara de receber em meu celular, de uma pessoa muito estimada, relativa a fato que estava acontecendo em sua casa, naquele momento, e que, por sua vez, remetia a uma consideração que fizera à sua família, pertinente ao dia do meu casamento, há vinte e sete anos.

Daí troquei mais algumas mensagens com essa concunhada e comadre e, firme na minha premissa de que a inspiração é apenas uma simples e imperdível passageira de seus efeitos, mandei-lhe essa: "pois é comadre... A essência da vida é que sejamos assim... Passaremos! Mas, que façamos "a vez"! Isso é bom demais! Afinal, quem poderia imaginar!... Independentemente daquilo que não dependa de nós,... Façamos a vez! Nas coisas mais grandiosas e nas mais simples. E terá valido a pena! Difícil é aceitar, mas é isso! E continue sempre em busca de "fazer a vez". Afinal, você não somente faz, como ainda inspira. Fique com Deus!"

Enfim, é isso! Se você ficar triste, alegre, ou mesmo "indiferente" (com pequena margem de "erro", para lá ou para cá, nos adjetivos ora disponibilizados) ao resultado das eleições de hoje, seja você quem for, não deixe de aceitar e acreditar na sua importância em "fazer a vez" na sua vida e na de outras pessoas., independentemente de fatos que sejam de acordo ou contrário às suas expectativas.

Tenha isso como meta, ou seja, sua "política de estado", pois, assim, mesmo que as próprias "políticas de governo" suas e as de outras pessoas que interfiram na sua, acabem levando a oscilações naturais, não serão capazes de alterar a sua consciência sobre a importância que você próprio tem para os rumos de sua vida e de tantas outras pessoas, no exercício de sua fatia, de forma mais simples ou mais rebuscada, porém, em todos presente, do mais puro e belo poder!

domingo, 2 de outubro de 2022

O "cara" da camisa 15

 
O "CARA" DA CAMISA 15

Acho que foi em seu inesquecível aniversário de 15 anos, comemorado em nosso "refúgio", em Praia Grande, num intenso dia de muita alegria e, óbvio, futebol, que veio tamanho gosto pelo número! Aliás, na verdade, para mim, o conhecendo razoavelmente (rsrs), acredito que esse dia somente consolidou a oportunidade de escolher um número discreto, mas que, ao menos eu, não mais pense assim...

Aos cinco anos, igual aos demais posteriores irmãos, iniciou na natação, onde, "no mínimo", ficaria até os dez, quando já teria melhores condições de "escoiher" atividade esportiva que pretendíamos acompanhasse o seu desenvolvimento, deixando o demais por conta do destino.

Concomitantemente à natação, nas aulas de educação física e em atividade extra na Escola São Domingos, naquela naturalidade inerente a milhões de brasileiros, iniciou no futebol, mais precisamente no futsal, com o professor Rafael. Paralelamente, eu, corredor "ama-dor" há vários anos, o "aquecia" para suas atividades, mediante umas "despretensiosas corridinhas", porém, com o objetivo de "não fazer feio" nas tradicionais corridas "garotada", essa fantástica iniciativa da "Chocolates Garoto", que, felizmente, perdura até hoje e, tomara, permaneça para sempre no seu calendário anual, espraiando para o de milhares de agradecidos brasileiros, especialmente os capixabas.

Aos dez, sob comando dos professores Luiz Carlos e Luizinho, deixou a natação e iniciou na escolinha do Vitória, onde, comumente, jogava com a 10.

Aos doze, migrou para o Pedra da Cebola, sob orientação dos professores "Caxote", Julinho e Rubinho, onde permaneceu até os 15. Mais comum era a camisa 11, embora algumas vezes jogasse também com a 7, já que sua posição de origem era a de atacante, mais aberto pela esquerda, não se furtando em fazê-lo igualmente pela direita, caso fosse a opção do treinador.

Logo, o desenvolvimento de sua "social-adolescência" foi muito forjado em torno disso, daí, obviamente, os reflexos gerados nos demais "campos" de sua vida, até hoje.

Não me lembro bem como isso ocorreu, até porque as coisas já aconteciam de forma mais natural em sua vida, mas, por volta dos treze, acabou conciliando os campos de grama com a areia, onde, sob comando do professor Alex, passou a integrar uma geração (olha o nome do grande rival aí rsrs) fantástica e inesquecível do "Meninos da Ilha", cujos jogadores, à época, meritocraticamente, fazendo jus ao celeiro de craques capixabas da modalidade, seguramente integrariam seleção brasileira de base, caso existisse.

Tanto que, embora o Estêvão - esse é o nome do "cara" - tenha continuado a emprestar seu talento, alegria e disciplina ao futebol de campo até os 17 anos - agora já em outras equipes do Estado e, de forma mais esporádica, devido à maior competição com o estudo - foi na areia que ele realmente alcançou seu maior brilho.

Aliás, minto, porque tem um jogo realizado em campo de grama sintética, que eu considero um dos melhores realizados por ele: foi justamente "Meninos da Ilha x Pedra da Cebola", a partida final da "Copa Coca-Cola" de 2011 (inclusive com a camisa 10, que, lembro  muito bem, lhe foi entregue pelo professor Alex, para ele "não fugir da responsabilidade de se virar com ela").

O "moleque", em um time formado por jogadores cuja base era a "areia", utilizou todo o repertório contra o seu "ex-time" de campo. Perdiam por 1 a 0, ele buscando jogo o tempo inteiro, até que, quase no final, fez um gol que deu números finais à partida: 1 a 1!

O representante capixaba que iria participar da etapa brasileira seria escolhido através das penalidades. O "capitão" Estêvão foi o responsável pela primeira cobrança do Meninos da Ilha. Gol!!! Ganhariam?...

A tragédia não ocorreu e, sinceramente, nem deveria ocorrer, pois o Pedra da Cebola era muito mais time e teria condições de representar muito melhor - como fez - o Estado na competição nacional. Mas, para mim, ali ficou muito evidente que aquele menino da ilha de Vitória poderia fazer muita diferença em qualquer piso!

Porém, embora ele seja realmente versátil, se adaptando a todos os pisos, acredito que, no seu caso, o número reduzido de atletas em campo de jogo, onde a intensidade de participação é maior, facilite a sua desenvoltura e o seu gosto.

Aqui abro um parêntese para realçar aquilo que considero minha maior contribuição neste processo de formação: eu o levava para o campo e insistia que, apesar de destro, ele deveria procurar fazer suas jogadas utilizando, da mesma forma, ambas as pernas, sem aquela história de "perna boa". Parte de um de nossos "diálogos":

- Agora vamos bater pênalti! 10 com a direita e 10 com a esquerda!

- Mas, pai, eu não consigo com a esquerda!

- Tudo bem, eu compreendo! Então 10 com a direita e 15 com a esquerda!

Desta forma, o Estêvão foi se tornando um jogador bastante "letal": atleta extremamente rápido, focado e ambidestro!

Ríamos de se acabar após os jogos. - Pai. eu ouvia os gritos do técnico: marca o meio, ele vai puxar para o meio. Eu puxava para o fundo, com a esquerda e "blau"! - Ele só tem a esquerda, marca a esquerda. Eu puxava para o meio com a direita e "blau"!...

Foi campeão, artilheiro e melhor jogador na base e no adulto. Aos 16, fez gol em amistoso contra a seleção brasileira (de tanto que eu insistia que saída de bola é pra frente e não pra trás, foi numa dessas, quando recebeu, ali no centro, e acredito que não achavam que aquele moleque iria ter a ousadia de ir adiante, mas foi e... "Blau"!). Fez gol decisivo de bicicleta, justamente contra o meu glorioso botafogo, quando o seu time estava com um jogador a menos e, com a bola, não tinha muito o que fazer, "além disso"... Dentre outras proezas!

Mas, o melhor estava por vir: não tenho dúvidas em afirmar que o futebol profissional perdeu a chance de contar com um excelente jogador de futebol. Estudioso, aos 18 ingressou no curso de medicina. - Mas, Estêvão, o Sócrates também era médico...  - Pai, pra mim não dá! Vou focar nos estudos!

E focou! Mas, quem disse que na medicina "não há vida"? Pergunta ao "camisa 15"!!!

Vi algumas participações do Dr. Estêvão no campo, na areia e nas quadras, pela MEDUFES, sempre com essa camisa! É incrível: ele joga como se estivesse no Barcelona, seu time atua como o Bayern e o Chapola (como é conhecida a torcida), como... Um orgulhoso e retributivo bando de "loco, loco, locooo"!

Enfim, embora tenha participado de alguns campeonatos municipais, estaduais e até brasileiros, especialmente de "beach soccer", após o ingresso na universidade - inclusive o fazendo, com destaque, até hoje - a simbiose do jogador com o médico parece uma química que não só deu liga, como justifica que essas ligas sejam cada vez mais encorajadas e estimuladas, já que o destino está aí escancarado para todo mundo poder fazer dele uma boa receita, menos importando de que forma serão utilizados os importantes ingredientes que se possui, desde que voltados para um sabor agradável e, essencialmente, que não se proponha a ficar somente para si.

Talvez seja essa a razão verdadeira do curso de medicina durar seis longos anos (ou curtos, dependendo da ótica) ou, se não for, um belo motivo para se conformar rsrs

Aliás, esse "jogo" já parecia ter acabado para ele. Porém, como um "jogador-profissional", mesmo em sua residência, deve estar sempre de plantão, para possível atendimento a uma convocação extraordinária, a "prorrogação" de ontem, dia 01.10, foi simplesmente mais um desses grandes capítulos escritos pela história da MEDUFES. Final do futsal masculino: Medicina 5 x Educação Física 3! É campeão!!!






sexta-feira, 22 de julho de 2022


CINQUENTA ANOS DEPOIS DO "HÁ DEUS"!

No dia 12.06.2015, completei cinquenta anos de idade!

Para mim, por se tratar de uma data muito especial, a bodas de ouro da existência, com o inestimável auxílio de minha esposa, filhos e algumas outras pessoas importantes neste curso de vida, me presenteei com três atividades específicas no dia: pela manhã, uma corrida de 10 quilômetros, por mim organizada, na Praia de Camburi, a primeira e até agora a última em que consegui chegar na frente, mesmo porque aniversário até rima, mas não é data para comemorar com adversário rsrs; a segunda, uma Missa na Igreja São Gonçalo, na Cidade Alta, no ínicio da tarde; e a terceira, à noite, o lançamento de três livros, no Shopping Norte Sul (ARTIGO CINQUENTA [...e alguns parágrafos], 50 POR ORA e MULHER 1 X HOMEM 1 - A Igualdade no Casamento).

Pois bem! Hoje é dia 22.07.2022! Não exatamente um outro "dia dos namorados", como aquele, mas, igualmente, uma abençoada sexta-feira! Outra data muito especial na minha vida, porém, por uma razão muito diferente: trata-se do dia em que, há exatos cinquenta anos, ocorreu o falecimento de minha mãe, JURACY DE SOUZA SILVA! Só que, desta vez, embora não tivesse previsto nada além da Missa, à noite, fui presenteado com a confirmação de algo "transcendental" para a data: no início da tarde, farei palestra no Centro Pedagógico do Iases, em Cariacica, para sócioeducandos, sob o título "NÓS NÃO NASCEMOS PARA INTERROGATÓRIO", frase essa surgida durante a elaboração de um depoimento para o livro "Representatividade Negra no Direito Capixaba", lançado pela editora Cousa, no corrente ano.

Tenho pouquíssimas lembranças de minha mãe. Aliás, dos sete anos que estivemos juntos neste plano terrestre! Raríssimas fotos! Nenhuma ao seu lado! Deixou quatro filhos, todos homens, sendo eu o mais novo, enquanto os demais tinham nove, dez e doze anos de idade! Certamente, na linha de minha ascendência, que, salvo ela, não cheguei a conhecer nem no grau mais próximo, o de avós, era uma vida de muita dificuldade e luta! Aliás, tenho conhecimento de que minha mãe era muito, muito trabalhadora! E, se chegamos até ali, é porque, além disso, se dedicava ao extremo também a nós!

Casada com meu pai, eram muitas as dificuldades para criar os filhos! Abortou desta vida, mas jamais de um que seja dos rebentos concebidos (acho que eu, sendo o último, se fosse o caso, teria corrido o maior risco rsrs).

Vida que segue para os que ficam, meu pai casou de novo, tenho outros três irmãos (duas mulheres e um homem)! Faleceu em 1993, portanto, eu já era adulto e bastante companheiro do mesmo! Deixou esposa, minha madrasta, com quem mantenho cotidiano convívio!

Honrar pai e mãe, para mim, significa muito! Por isso, nesta data, tão especial, acho que é momento oportuno para ligeiras pontuações sobre algumas coisas que fiz e pretendo fazer, embora deixando os meus também muitos defeitos e equívocos para narrar em uma outra oportunidade rsrs:

Para dizer a verdade, eu não vivi a infância, sobrevivi a ela, trilhando os caminhos que iam aparecendo para alguém que não tinha preguiça de se lançar às oportunidades que surgiam para ganhar uns trocados, sem deixar de lado a escola, embora, a rigor, sem saber nem muito bem para quê, já que, à época, tão ou mais importante do que pensar no futuro, era auxiliar a família no presente!

Ou seja: as atividades "extracurriculares" rsrs, sempre me acompanharam, embora o meu primeiro emprego com carteira assinada tenha se dado aos dezessete anos, quando passei a receber um almejado salário mínimo!

Não dava para enfrentar vestibular em universidade pública para o curso pretendido, razão pela qual continuei trabalhando e, após aprovação em concurso público do Banestes, parti para o interior do Estado, de onde retornei, com 21 anos de idade, conseguindo conciliar as atividades com um cursinho intensivo, sendo aprovado, no ano seguinte, 1987, no curso de Direito da UFES.

Se "perdi" um tempo para entrar, ano em que completaria 22 de idade, consegui recuperar parte dele, pois, embora a grade curricular previsse cinco anos e já trabalhando em outro local, Justiça Federal do ES, consegui concluir o curso em quatro, orgulhosamente com o melhor coeficiente de rendimento da turma e tendo, inclusive, exercido a honrosa função de coordenador-geral do centro acadêmico.

Concluída a graduação, vieram concursos e aprovações voltadas para a carreira jurídica e, já no ano seguinte, como jamais sonhara, estava aprovado para o cargo de Promotor de Justiça no meu querido Estado do Espírito Santo, onde estou há trinta anos!

Nesse intervalo de tempo, fui aprovado também para professor do curso de Direito da Universidade em que estudei, porém, fiquei pouco tempo, reconhecendo que existem muitas pessoas mais vocacionadas do que eu para a nobre função, além do que, já possuía outra atividade profissional que me retribuía bem e exigia bastante, afora a constituição de família, com minha esposa grávida do nosso primeiro dos seis filhos que a vida nos brindou, logo, minha prioridade absoluta, sem sofismas!

A propósito, após trabalhar em diversas áreas do Ministério Público, atualmente minhas atribuições são em Promotoria de Família, onde me sinto bastante motivado, especialmente tendo em vista que, por força de lei, intervindo, basicamente, "somente" em situações que envolvam interesse de incapazes, minha atuação acaba centrada naqueles que cada vez mais sofrem os graves efeitos da desestrutura familiar, que são os filhos menores.

Já com relação a questões sociais, especialmente após a co-autoria no livro lançado este ano, como mencionei adrede, os direitos ínsitos à afrodescendência, notadamente no que tange a oportunidades, passou a ter um foco mais presente em minha vida.

Inclusive, recentemente, embora tenha me inscrito visando promoção para cargos vagos de Procurador de Justiça, pouco antes da votação eu declinei motivadamente do certame, tendo em vista que uma vez convencido da importância e legalidade das cotas raciais em cargos superiores da administração pública, me senti incomodado na situação de possível beneficiado de uma linha que passei a defender, de forma bem mais veemente. No fundo, sinto que a vida já me deu muito mais do que eu poderia esperar. Logo, penso que não deva ser eu a pretender mais dela, mas sim, ela de mim.

De qualquer forma, como os registros tratam como mero pedido de desistência, cabe esta pontuação, até porque entendo que se a assimilação desta linha, hoje, no que tange à administração pública, já seria tardia, muito mais com relação ao Ministério Público, devido ao seu perfil constitucional, conforme mais detalhadamente sustento e pode ser conferido em https://jus.com.br/artigos/97351/instituicao-de-cotas-nos-cargos-superiores-da-administracao.

Por fim, retorno à palestra de hoje à tarde, "NÓS NÃO NASCEMOS PARA INTERROGATÓRIO", no IASES, voltada para sócioeducandos, firme na premissa de que se esses adolescentes estão em situação de extrema vulnerabilidade a estímulos negativos, os positivos ainda mais devem se mostrar e prevalecerem.

Trata-se de algo que venho pensando e me preparando há anos e que, por coincidência do destino, se realiza justamente neste dia mágico, augurando que, oxalá, alcance corações e almas para os quais é voltado, um presente que minha mãe, certamente, se orgulha em receber, ainda mais porque é um daqueles que queríamos muito que tivesse chegado também ao seu e nosso querido JOSÉ LUIZ!


domingo, 10 de julho de 2022

Havia uma missa no meio do caminho



NO MEIO DO CAMINHO TINHA UMA MISSA

Recebi aquela notícia como quem se vê diante de um copo meio vazio: o Campeonato Brasileiro Júnior de Natação estava suspenso! Pouco depois, o copo esvaziou um pouco mais: a competição estava inapelavelmente cancelada!

Ora, se o copo não se esvaziou totalmente, então ainda estava ao menos um pouco cheio, não é!?

Fazendo uma verdadeira “ginástica” para que isso ocorresse, vim a Salvador (não riam, acreditem!!!) imbuído exclusivamente do propósito de acompanhar minha filha em mais este importante certame de sua jovem vida.

Chegamos na terça-feira, dia 05.07, ela nadou na quarta, a suspensão e cancelamento se deram na quinta, sendo que minha filha completaria sua jornada no sábado, dia 09, com retorno para a nossa Vitória do Espírito Santo no domingo.

Após digerir a notícia, imediatamente busquei antecipar o retorno, porém, isso exigiria o dispêndio de uma “extorsiva” quantia que jamais me submeteria a pagar, mesmo porque não me encontrava diante de uma completa “restrição da liberdade da vítima”...

Olhei para o copo um pouco cheio... Quer saber de uma coisa? Abaixo desse nível ele não ficará de jeito nenhum!

Firme no propósito inicial de acompanhar a minha filha, o mais importante era saber como ela estava avistando o seu copo e tratar de auxiliá-la a não baixar “de” nível (e nem “o” nível, já que esse tipo de conduta contribui para copos derramados no caminho...).

Estávamos sem a presença física do treinador dela, mas tomando conhecimento de que no mesmo horário da competição ocorreria uma bendita “Copa Salvadora”, mediante contatos com outros “Copos Salvadores”, conseguimos inscrevê-la nesse evento e o copo à minha frente já me pareceu bem menos vazio, ou melhor, um pouco mais cheio.

A “concentração” permaneceu a mesma, logo, rotina de atleta e “staff” (rsrs) de atleta, já que as suas provas ocorreriam no último dia da competição, ou seja, sábado, dia 09.

Mas foi justamente nesse dia que eu senti o “meu copo” nem um pouco vazio, ou melhor, totalmente cheio!

Minha filha nadou pela manhã! Voltamos para o hotel! Era por volta de 10:00 horas. O aquecimento do período da tarde seria às 15:30. Devido à minha afrodescendência, gosto muito de usar um tipo específico de chapéu que remete às origens. Desta forma, após rápida pesquisa, concluí que a minha maior chance de incrementar  meu vestuário ocorria naquele momento e se encontrava no Mercado Modelo. Trinta minutos para ir, mais trinta para voltar, uma meia hora para rápida pesquisa no local... Sim! Dava para eu ir! Logo, iria!

Por espontaneidade a atleta não me acompanharia! Mas não me senti cometendo nenhum “constrangimento ilegal” ao convencê-la a ir comigo! No fundo, além de realmente querer a sua companhia até o local, achava que isso faria mais bem a ela do que a mim, embora, obviamente, seja difícil até eu mesmo acreditar nisso (rsrs).

Percorri praticamente todas as lojas do local e não encontrei o que pretendia em nenhuma delas. Mas, não um, nem dois, e sim três lojistas me remeteram para uma espécie de “Posto Ipiranga” do assunto:

    - Procura logo ali, em frente ao “elevador”, o Jamaica! Ele resolverá!

    - Mas, quem é o “Jamaica”? Como vou saber que tal pessoa é ele?

    - Ele é único! Você vai olhar e vai saber que é ele!

Constatei rapidamente: pura verdade!!!

Contudo, aqueles trinta minutos que calculara seria utilizado para uma possível pesquisa e compra se tornaram um pouco mais! Na verdade, enquanto o “Jamaica” não encontrou algo que me satisfizesse, não sossegou! Tirava os chapéus de tudo quanto é lugar! Tinha tanta coisa espalhada em seu pequeno recinto que a impressão é de que ele buscava coisas até no subsolo para me apresentar mais de uma centena de peças do seu produto!

Com a inestimável ajuda também de minha filha e de um daqueles espelhinhos do “Jamaica”, que lembrava a minha infância, escolhi cinco chapéus, além de ter ganhado um de brinde! Tudo por R$ 50,00 (cinquenta reais). Diante da modicidade do preço (os que tinha, até o momento, não saíram por menos de R$ 30,00, cada), tentei ao menos pagar pelo que ganhara! Que nada!: - Você leva mais este outro, então, que custa R$ 15,00, mas vou fazer pra você pelos mesmos R$ 10,00.

Compra concluída, não daria tempo nem para conhecer o famosíssimo “Elevador Lacerda”! Bem ali à minha frente! Que pena!...

Que pena? Uma “Escolha de Sofia” entre o “Elevador Lacerda” e o “Jamaica”? Me desculpem: fico e recomendo, sem pestanejar, o “Jamaica”!

Mas o melhor de tudo estava por vir! A foto! Aliás, a sessão de fotos com o “Jamaica”, com o “Elevador Lacerda” de prestigioso “ator coadjuvante” ao fundo! Essas fotos são mais que um grande troféu que conquistei e vou levar para sempre desta viagem!

A propósito, o “Jamaica” por umas duas vezes falou que em 2023 terá que ir a Vila Velha (cidade vizinha à que moro, separada apenas por uma “Terceira Ponte”). Como ele me passou o telefone e disse que posso encontrá-lo em tudo o que diz respeito a rede social, até lá vou procurar saber quando irá ocorrer a tal viagem para poder retribuir ao menos um pouco do bem que ele me fez aqui!

Ora, o que tem a ver o “Jamaica” com o título desta crônica? O “Jamaica” é um Deus? Menos, né “Jamaica”! No máximo, talvez, um Santo rsrs.

Sim: o título poderia ser “No meio do caminho tinha um ‘Jamaica’”! Mas não é assim porque havia algo ainda maior e mais importante por vir!

Desde antes do início da viagem, minha filha falou que após o evento, no pouco tempo que restaria para retornarmos para nossa casa, queria se encontrar e permanecer com alguns amigos, atletas de outros Estados, agora sem o “peso” da “concentração” para o outro dia de “labuta”, o que, diga-se de passagem, considero extremamente saudável.

Logo, fui com a mesma até o local onde haviam combinado, a deixei lá e parti em retorno para a minha hospedagem, com aquela enorme mochila típica de atleta de natação nas costas. Simplesmente porque tem coisas que não precisam de razão nenhuma para acontecer ou não, resolvi não voltar pela bela orla, mas por uma avenida paralela, quando me deparei com aquela linda Igreja, que já tinha visto antes, mas não reparado como no momento, pois estava bastante movimentada.

17:40? Sábado? Deve ser casamento!...

Não era!

Perguntei a alguém que estava na escadaria de acesso e ele me informou que era Missa e que começara a pouco!

Estava de chinelo, com uma enorme mochila nas costas... Mas, dentre algumas bermudas que trouxera, eu não estaria trajado com a calça que também viera na bagagem, por acaso...

Porquê entrar? Porquê não entrar? Entrei-oo Amado Mestre!

Amado Mestre mesmo!

Acreditam que era justamente o dia de Festa dos 62 anos da Paróquia Nossa Senhora da Luz, onde inclusive estava presente o Bispo, Dom Sérgio???

E, para finalizar, após a Missa, porém, anunciado nela, o lançamento do primeiro livro, infantil, de uma professora, Alexsandra Vieira, chamado “Clara das Nuvens”. Impossível não ser aquela “benção final” que eu tinha a chance de levar, como estou levando, para minha casa!

Voltando a falar do copo, que acabou ficando um pouco para trás:

Evidente que também entendo que os episódios que circundam o cancelamento da competição envolve uma série de fatos que podem e devem ser melhor avaliados, até porque líquidos derramados não retornam para os copos...

Por outro lado, no que tange a cada um, PRINCIPALMENTE OS ADULTOS, é agir com a maior prudência possível, buscando, especialmente, influenciar no naturalmente difícil equilíbrio do heterogêneo grupo de principais “vítimas” da situação, ou seja, atletas, jovens, cheios de aspirações pessoais, agrupados em diversos clubes, diante de delicadas circunstâncias que permearam o abrupto cancelamento do evento, independentemente de qualquer juízo de valor que se faça quanto ao mesmo...

Enfim, no que tange a mim, diante da enorme tempestade que repentinamente se formou, tentei aproveitar para encher um pouco mais o meu copo, então meio cheio, torcendo que TODOS, mas, especialmente a minha filha, tenha conseguido se valer ao menos um pouco da borrasca também, já que, nessas circunstâncias, só aceitaria a ideia de esvaziar o meu se esse fosse o irreal caminho para acrescentar ao menos uma gota no copo dela.

E como, certamente, a tempestade não terminou, é o que sinceramente desejo para mim, para você, para todos nós, não só no que tange a este episódio, já que os copos, queiramos ou não, nos acompanharão por toda a vida, o que menos importando é se são “Nadir” ou “Stanley”.




(Domingo, 10.07, Aeroporto de Salvador-BA, após trazer minha filha para o seu voo, durante “aquela” oportunidade de espera de quatro horas, até o meu).

sábado, 25 de junho de 2022

Trinta anos de MPES


TRINTA ANOS DE MPES


Hoje, 25 de junho de 2022, completo trinta anos de exercício enquanto Promotor de Justiça do querido Ministério Público do Estado do Espírito Santo.

No fundo, a única coisa que sinto falta, neste momento, assim como já registrei em outros "aniversários", mas reforço especialmente neste, "de bola", independentemente dos registros que são feitos, é de receber da Instituição e/ou de minha Associação, algo material, simbolicamente marcante, que pudesse pegar, pendurar ou simplesmente guardar, preferencialmente de pouquíssimo valor monetário, alusivo a tal etapa percorrida, como um broche, uma medalha, ou o que a criatividade de outrem, com a prerrogativa de proporcionar, sugerisse, não somente a mim, mas a todos que chegassem a essas datas simbólicas, como 5, 10, 15, 20, 25, 30, ou sei lá quais fossem assim consideradas.

Mas, hoje é dia de festa, não de lamentos, diante do que para mim, efetivamente, representa chegar até aqui, razão pela qual tal registro se deve apenas ao reforço de uma ideia, que persiste, diga-se de passagem!

Tenho cinquenta e sete anos de vida, logo, mais da metade deles nas fileiras do MPES. Aliás, confesso que quando ingressei, não me imaginava permanecer por tanto tempo, antes que o direito à "inatividade" (???) me alcançasse e eu a ele! Afinal, à época, por si só, esse tempo seria suficiente para a aposentadoria. E como eu, afora o tempo de trabalhos informais, já possuía mais nove anos de contribuição,... Porém, certo é que, com as sucessivas alterações legislativas, a última delas a famigerada "reforma da previdência", para alcançar o direito de optar ou não pela aposentadoria, ao que consta, só daqui a mais três anos,...

Não me faço de rogado! Absolutamente! Tudo tem sua razão de ser! E tenho que procurar ser o mais útil possível, por esses ou seja lá quantos mais anos sejam... Se, certamente, não mais com o mesmo vigor do frescor dos "vinte e poucos anos", procurando compensar com uma melhor lapidação dos anos de experiência, buscando, essencialmente, diante da ainda tosca realidade que a todos incumbe agir para transformar, manter aceso o inconformismo que a responsabilidade pelo importante cargo exige.

Isso foi e continua sendo um grande desafio! Afinal, diante de tudo o que o Ministério Público fez por mim, ainda mais se torna importante avaliar: o que eu fiz por ele? E, especialmente, porque a batalha não terminou, muito pelo contrário: o que de melhor ainda posso fazer?

Apesar de nesse percurso, repleto de momentos intensos, ter sacrificado algumas coisas, como uma carreira de professor universitário, pouco após ter ingressado nela, nesses trinta anos eu firmei parceria com uma "sócia" e, juntos, chegamos a seis filhos, dos onze aos vinte e cinco anos de idade, registro do qual me valho para resumir a importante estabilidade material que o cargo me proporcionou.

Portanto, neste momento de minha vida, faço questão de expressar minha gratidão a Deus pela forma que me permite conduzir o meu destino, naquilo que me cabe, rogando a Ele que me ilumine para ser um Promotor de Justiça melhor, diante do tamanho dos desafios que o dia a dia cada vez mais apresenta para quem acredita que a substituição daquela primitiva máquina de escrever por um atualíssimo computador, enseja que as conquistas sociais venham, ao menos, com a mesma intensidade...

terça-feira, 7 de junho de 2022

Botafogo: e se o comprador fosse russo?


BOTAFOGO: E SE O COMPRADOR FOSSE RUSSO?

Concluída a negociação, o centenário Botafogo de Futebol e Regatas se tornou uma SAF, ou melhor, Sociedade Anônima do Futebol, instituída pela Lei nº 14.193/2021.

Reconheça-se que dificilmente se conseguiria alcançar melhor alternativa antes que o clube acabasse mortalmente absorvido pelo vírus da insolvência.

Essa monstruosa dívida, advinda ao longo de gestões do clube, é situação que certamente será estancada, até porque a aquisição é um investimento, sendo natural que o transnacional negociante se acerque de cautelas para não prosseguir no vertiginoso crescimento de um débito calamitoso, muito pelo contrário, a valorização da marca e o retorno financeiro sejam consequências de uma política planejadamente exitosa.

Contudo, embora existam regras básicas relativas a deveres e responsabilidades (leis 6.404/1976 e 14.193/2021), nova questão que se apresenta, no meu sentir, é que, no fundo, aquilo que realmente mais importa ao futuro de um clube, passa a depender, basicamente, de uma só pessoa, natural ou jurídica (ou grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto), com todas as peculiaridades de qualquer individualidade: o acionista controlador!

Logo, mesmo que adotadas medidas visando diminuir sua influência, mas na medida em que o dinheiro, especialmente neste mundo globalizado, não tem bandeira, pátria ou nação e é o fator determinante para a opção por esse ou aquele acionista controlador, imagina se o comprador do Botafogo fosse algum empresário russo...

É certo que tal fato, por si só, nos dias de hoje, ocasionaria enorme agitação em torno da SAF, embora, acredita-se, não a ponto de se parecer com a atualmente enfrentada pelo Chelsea, da Inglaterra, com uma série de restrições à utilização de seus recursos, dentre outras sanções aplicadas a empresários russos com negócios no país, devido à guerra na Ucrânia.

E este exemplo foi trazido apenas para ilustrar fatores relativos à "safinização" do futebol, porém, nada muito diferente do que vem ocorrendo com a economia de modo geral, cada vez mais globalizadamente interdependente, ou melhor, subserviente!

Ocorre que o futebol, pela sua própria essência, não deveria rumar, jamais, para esse campo, onde o clube se torna, na prática, menor do que o negócio, a par de sua importância.

Aliás, é diferente quando optamos por outros mundos, de quando imploramos para que sejamos adquiridos por eles, como nossa única esperança de sobrevivência, que, no momento, reconheça-se, forçosamente, é um caminho que ao menos apresenta luz à sombria realidade de alguns dos mais tradicionais clubes brasileiros.

No mais, então, antes de torcer pelo time, é torcer primeiro pelo controlador, afinal, alguém que, repentinamente, se tornou a verdadeira estrela solitária do clube!

segunda-feira, 14 de março de 2022

Instituição de cotas nos cargos superiores da administração

 INSTITUIÇÃO DE COTAS NOS CARGOS SUPERIORES DA ADMINISTRAÇÃO

Convidado pela Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção do Espírito Santo, para veicular, em um livro, juntamente com outros autores, depoimento de produção espontânea a respeito de atuação na promoção do tema afeto à Comissão, depois de muito refletir, acabei aceitando e, em razão deste passo, com enorme alegria, celebro, hoje, dia 14.03.2022, o lançamento do livro "Representatividade Negra no Direito Capixaba"; pela editora Cousa.

Uma vez que as cotas em universidades e em concursos públicos, depois de muitas batalhas sociais, se tornaram realidade legislativa, juridicamente sedimentada, aproveito a oportunidade para centrar em torno de um novo desafio, que são as cotas nos cargos superiores da administração pública, sem prejuízo de outros âmbitos, além dela, obviamente!

Se for para se opor, por meio dos obstáculos que podem ser trazidos para o meio do caminho, assim como se deu com relação a alguns degraus já felizmente superados nesse campo das cotas, certamente eles existem, como se encontram retratados, por exemplo, a conferir, por quem queira, mediante a ação civil pública sob nº 0004525-86.2017.8.08.0048, que tramitou perante a Vara da Fazenda Pública Municipal da Serra e visava que as normas relativas às cotas sirvam de parâmetro também para as contratações que independam de concurso público, notadamente para a ocupação de cargo comissionado.

A rigor, é muito mais uma questão de iniciativa e vontade política do que propriamente a possibilidade ou impossibilidade de sua instituição, já que, certamente, se algum óbice há, seja de que natureza for, ao invés de conduzir à cômoda resignação na omissão, deve ser enfrentado e superado, pois não está em sintonia com o planejamento e execução de políticas públicas voltadas para a promoção da igualdade racial, conforme emana da Carta Constitucional e legislação infraconstitucional decorrente.

Impossível continuar a se contar nos dedos os negros que ocupam cargos superiores da administração pública - ou ocupavam, já que em alguns dos mais pujantes Órgãos nem ali estão mais eles e nem a representatividade da raça.

Como "a pressa do negro" não parece a mesma dos "reais fatores de poder que regem a nação" e necessita de "servidores práticos, não retóricos" (A Essência da Constituição, Ferdinand Lassale), sem prejuízo de outros, evidentemente, pois a expectativa é de que ocorra com todos, mediante ações que levem à superação dos eventuais óbices, identifico o Ministério Público, pelo seu perfil constitucional, como Órgão que muito se compatibiliza com iniciativas visando a consecução dos objetivos, inclusive com relação aos seus próprios cargos superiores, como os de Procuradores de Justiça, por exemplo.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Vitória maiúscula?


VITÓRIA MAIÚSCULA?

Quando não nós mesmos a utilizar esta forma de expressão, em não raras oportunidades somos surpreendidos com algumas comparações relativas a um grande feito, atribuindo-o a uma vitória maiúscula.

Ora, no próprio parágrafo que iniciei o presente texto, todas as demais letras são minúsculas, só o Q é maiúsculo!

E o que seria do Q maiúsculo, sozinho?... Nada!!! Apenas um Q maiúsculo. Já com as letras minúsculas, ao menos haveria um monte delas, à espera de uma só letra maiúscula para o trem fluir no seu carrilar...

Tudo bem! Eu realmente não poderia iniciar o texto sem ele... Logo, combinemos assim: a letra maiúscula é importante, mas, sem as minúsculas, ela não faria sentido. E não me venha com a ideia de um texto todo em maiúscula, por favor!!!

Aliás, o que você acha de LASS??? Não lhe diz nada, não é? E uiz ntônio de ouza ilva? Num exercício de adivinhação, fica até mais fácil, mas, evidentemente, também não diz nada! Já Luiz Antônio de Souza Silva dá sentido tanto às letras maíúsculas, como às minúsculas e à própria forma encontrada pelos meus pais para o registro de minha existência, durante e até depois dela, obrigado!

Enfim, para cada vitória, há uma derrota! No caso, embora se enfatize sobre a vitória, é necessário pensar, também, na derrota! E se a vitória é maiúscula, a derrota será minúscula! O que, ao menos para mim, é inaceitável!

Melhor mesmo é deixar as letras fora disso! Nasceram não para disputarem entre si, mas para se completarem, possibilitando um mundo de inimagináveis divagações e combinações, comparáveis com as maiores vitórias que alguém, algum dia, já alcançou ou possa vir a alcançar. E o melhor: sem vaidades, já que, salvo indisfarçável implicância, democraticamente, se revezam, todas elas, ora na condição de maiúscula, ora na de minúscula!

Vitória é vitória. Derrota é derrota! Quando inicia uma frase tanto o v de vitória, quanto o d de derrota serão maiúsculos. Quando não for assim, serão minúsculos. E ponto final!!!