sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Zona de Conforto


Resultado de imagem para zona de conforto
ZONA DE CONFORTO

  Tornou-se bastante comum ouvir essa referência quando se quer dizer que alguém necessita mudar algo que já está assimilado ao seu comportamento, aliás, não por mera coincidência, numa época em que tudo se mostra tresloucadamente rápido e instável para possibilitar que não estejamos constantemente ansiosos, inovando, assumindo mais riscos,...

  Temo é que essa disseminação, a pretexto de estimular as pessoas a expandirem seus horizontes, seja muito mais voltada para diminuir o espaço de tempo em que elas possam se sentir confortáveis, porém, como se efetivamente necessitassem estar sempre à procura de algo novo, mascarando, sagazmente, no fundo, a sua subjugação à ditadura da inovação.

  Todos nascemos para batalharmos pela nossa zona de conforto, o que, obviamente, não se confunde com zona de acomodação. Posso estar, perfeitamente, em zona de conforto, sem estar acomodado, da mesma forma que posso estar acomodado e fora de zona de conforto. 

  Óbvio que essa explanação não tem o rigor técnico exigível para uma definição do que venha a ser zona de conforto. Porém, no fundo, é dessa forma que capturo as mensagens do cotidiano, de forma geral.

  Em minha área de atuação, por exemplo, o aumento das intervenções formais em contendas, dificilmente deixará de estar no alto dos indicadores positivos. Porém, tenho a firme convicção de que devo atuar de forma que as contendas diminuam sequer aparecendo, sem que, necessariamente, não esteja batalhando e eventualmente melhor alcançando os objetivos, já que o maior instrumento de aferição de um agente político, acredito, é a sua capacidade de obtenção dos resultados que o seu cargo lhe destina, em seu âmbito de atuação, por si ou através das necessárias interfaces com as instâncias afetas.

  Fato é que, depois de treze anos em área mais diretamente afeta ao idoso e às pessoas com deficiência, migro, agora, para a família! A propósito, para mim, um desafio ainda maior, já que a família congrega e é muito mais que qualquer dos seus membros: o idoso, a pessoa com deficiência, a criança, o adolescente, a mulher, o homem,... E as demandas quando chegam a uma Vara de Família, comumente, ocorrem quando essa insubstituível Instituição social já praticamente nem mais existe, portanto, o local, com o perdão da palavra, se assemelhando mais a uma Vara “Desfamília”.

  Logo, é óbvio que as demandas e as pessoas envolvidas serão tratadas com a máxima dedicação inerente ao cargo e como manda a lei. Porém, entendo que o meu maior papel enquanto agente político com atuação perante Vara de Família, quase uma utopia perante a fama alcançada pelos números nos tempos modernos, é velar para que as demandas diminuam sem sequer aparecerem, o que, obviamente, não permitirá qualquer tipo de acomodação, oxalá, amanhã, fazendo transparecer que me encontro em zona de conforto, aliás, onde sempre me encontrarei por dois essenciais motivos:

1) Se eu passar por uma rua em vez de outra, apenas um detalhe, tudo poderá ser diferente na minha vida. Só não pode ser diferente a vontade de pavimentar, da melhor maneira possível, a estrada, qualquer que ela seja;


2) A minha maior zona de conforto está em casa: esposa e nossos seis filhos, que, a propósito, embora gerem a maior satisfação, por óbvio, nunca permitiram ou permitirão assimilar acomodação à minha vida, felizmente!


sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Reforma da Prev(s)idência


REFORMA DA PREV(S)IDÊNCIA

  Uns mais longe, outros bem mais próximos da “linha de chegada”, os “participantes” se veem bombardeados com rotineiras e desencontradas informações sobre o aumento do percurso, bem como da mudança na premiação pela conclusão da jornada.
 
  Não fizeram as regras, não lhes é possível alterá-las! Simplesmente aderiram e cumprem desde o início a sua parte quanto às mesmas, porém, além de se submeterem à confusão da “organização”, que conta, inclusive, com muitos membros que trilharam caminho bem mais curto, estrategicamente, são lançados uns contra os outros, a partir da inegociável premissa de desvalorização global do trabalho humano.

 Para o qual, aliás, diversamente de um histórico de lastimável condescendência com práticas perdulárias diuturnamente denunciadas no âmbito público, não há mínima eiva de compaixão, apenas o fácil discurso de austeridade, ao desumanizado gosto e exigência da inflexível política econômica mundial, mediante as estruturas de poder que lhe orientam.

  Sob tal ótica, os países não mais se destinam a atender ao seu povo, mas, primeiramente, aos grandes investidores, conduzindo o mundo a uma espécie de “cassino global”, onde as “apostas” se dão de acordo com os ambientes que proporcionem mais espaço, incentivos, segurança e retorno financeiro, a permanecer sempre atraente, visando não perder para outro refém concorrente!

  Tímidas as iniciativas que ousem contrariar esse ciclo, embora a crise não advenha do trabalho, muito pelo contrário, a par de adaptá-lo a esse novo, surreal e permanente cenário, recai sobre as suas consolidadas regras, agora sim, o mais implacável combate, mediante rápidas, sucessivas e profundas reformas, atendendo a uma irrefreável e matreira lógica de generalizado aumento da qualificação/diminuição da remuneração.

  Não obstante a paternidade/maternidade pela absurda situação de desemprego a que chegou o país esteja incorporada ao dna dos sucessivos gestores responsáveis por gerir e manter o nível de emprego no país, enquanto invariavelmente invocam a negativa de autoria quanto aos feiíssimos frutos deixados, agem e argumentam cada vez mais amarga e soltamente... 

  Diminuída duramente as expectativas no âmbito privado, resta consolidar o mesmo caminho quanto ao público, sempre a pretexto de pseuda promoção dos pobres, como aponta, por exemplo, estudo denominado “um ajuste justo – proposta para aumentar eficiência e equidade do gasto público no Brasil”, curiosamente encomendado pelo governo a um banco global e que traz, dentre outras com apelativo potencial de viralizar, proposta que inova quanto a mensalidades em universidades públicas, aliás, justamente após as mesmas passarem por longo processo que culminou com absorção de transformadoras cotas sociais e raciais.

  Enfim, no fundo, um bom parâmetro para auxiliar a formar ideia quanto a qualquer política pública que esteja em discussão é quem mais claramente se beneficia com suas alterações. No caso da reforma da previdência, não se tenha dúvida de que é a previdência privada. 

  Portanto, não parece justo que o servidor público, especialmente aquele que faz a sua história desde quando mega interesses privados ainda não estavam tão próximos das decisões republicanas, mediante campanha publicitária, de forma onerosa aos cofres públicos, seja satanizado como causador das agruras pelas quais, em mais esse aspecto, lamentavelmente, passa o povo brasileiro, à falta de uma verdadeira, necessária e inadiável reforma da presidência.