segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Feliz ano todo!!!



                FELIZ  ANO TODO !!!

   Não é incomum sermos indagados se hoje faríamos diferente algo efetivado no passado, caso pudéssemos. Porém, a realidade é uma só: se não podemos mudar nada quanto ao que passou, o futuro está totalmente aberto a ser concretizado da forma que o construirmos!

  Logo, por mais que existam projeções, muitas vezes não animadoras, aliada à forte tendência de reconhecermos na atitude de outros as nossas razões para desesperanças, é inegável que cada qual tem oportunidade de interferir significativamente na sua realidade, notadamente pela dependência entre a mesma e uma série de fatores estritamente pessoais. 

 Uns mais, outros menos. Todos, porém, sem exceção, possuem dons! Embora reconhecendo margem de imprevisão nas situações que se instalam em nossas vidas, jamais seremos sujeitos absolutamente passivos da nossa história. Logo, se não abrirmos espaço mais generoso para manifestação do que temos de melhor, maior será a nossa contribuição para a dureza do ambiente e o mal resultante à nossa própria pessoa.

   É muito fácil agradar uma criança. Porém, à medida que ela vai crescendo acaba se tornando mais difícil. Até o momento em que chega a ser os adultos que somos, hoje, quando, então, parece impossível. E daí reclamamos que não está fácil criar filhos! Sinceramente: acredito que esteja muito mais difícil criar pais... 

   Não tenho oportunidade de escolher meu pai, minha mãe, meu irmão e nem o meu filho. Em contrapartida, tenho oportunidade de escolher a pessoa que comigo desencadeia esse processo. Em resumo, fazemos algumas escolhas, outras não! De uma forma ou de outra, continuamos sendo os sujeitos que jamais seremos absolutamente passivos na construção da nossa própria história.

  Se você está lendo isto é o sinal mais importante, pois ainda está construindo. Logo, nenhuma obra está suficientemente boa que não possa melhorar e nenhuma tão derrubada que não possa passar por uma reforma!

   O início de ano costuma ser época mais propícia para essa comoção por transformações na nossa vida e na de todos. Ao menos até o segundo dia, quando o êxtase coletivo vai cedendo espaço para a face mais dura da realidade.

   Tudo bem que em um ano muitas coisas acontecem e, principalmente, outras tantas que queríamos não ocorrem. Mas nada justifica que tenhamos o cruel costume de começar o novo ciclo temporal antecipando a escolha do primeiríssimo Judas do ano, ou seja, aquele período de doze meses que acabou de passar.

   A propósito, já que nos referimos ao Judas, quanta traição...

  Vestimos-nos de branco, fazemos juras de amor, brindamos e, pouco tempo depois, quando a poeira dos fogos de artifício abaixa, vamos deixando tudo cair na rotina, novamente!

   Nenhum relacionamento perdura dessa forma. Se não mantivermos acesa a chama que alegra o romance com cada ano que se inicia, em breve ele deixa de também fazer a sua parte e logo estaremos resmungando um do outro, até que chegue novo ano e definitivamente nos separe...

   Porém, enquanto isso não ocorre, será que eu não poderia fazer um pouco mais para melhorar nossa convivência?

   Talvez sejamos assim devido às muitas oportunidades que geralmente temos de sermos infiéis com cada ano que se inicia, sempre disposto a nos dar novas chances. 

   Mas se esse relacionamento tem improrrogável período de validade, o simples fato de o ano ter vida tão efêmera e nós permanecermos para podermos flertar com o seguinte, já deveria ser motivo de júbilo, pois chegará momento em que novo ano chegará e seremos nós que não teremos mais chance de fazermos algo pelo relacionamento, definitivamente findo...

   Assim, feliz ano todo para você! Torço para que possa continuar, por muito tempo, sendo ele a pôr fim ao relacionamento, porém, que seja você, a cada novo ano, a deixá-lo sentir saudades.


sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

É tudo armação!



               É TUDO ARMAÇÃO!


   Dentre tantos, alguns até mais emblemáticos do que o ocorrido há poucos dias, de forma mais presente em minha vida, foi o que acabou por acionar o gatilho de minha memória, a atingi-lo neste exato momento, para minha incontida satisfação, esperando que você não me leve ao banco dos réus por isso, já que a intenção não é lhe produzir qualquer dano, a propósito, muito pelo contrário. 

   E, de qualquer forma, caso sinta algum desconforto, sugiro que estanque imediatamente a ferida, afastando-se da zona de perigo, que avança na medida em que seguem as linhas por mim descarregadas, torcendo, contudo, que a sua curiosidade seja suficiente para levá-lo até ao fim deste belicoso escrito, já que não me aterei ao caso que me levou a ele, pois igual e muito maiores os veículos de comunicação retratam em grande escala, diariamente.  

   Tamanha a banalização que o extraordinário já parece comum, o que resisto em aceitar e que ajuda a diminuir um pouco do desconforto com a surreal situação em que vivemos.

   Há quase vinte anos, mais precisamente, aos 07 de março de 1996, através de artigo veiculado no jornal “A Tribuna”, sob o título “armas de fogo”, ao menos acreditando agir em legítima defesa, iniciei o meu tiroteio público visando atingir esse cativante e sorrateiro artefato, pois o avistava caminhando cada vez mais seguro e tranquilo, em más mãos, quando, infortunadamente, ele próprio não transformava boas em vilãs, aumentando o drama de muitas situações em que todos os envolvidos, seguramente, após elas, se pudessem, abririam mão...

   Afirmo que foram muitos artigos, todos devidamente fundamentados, os quais ora me abstenho de reproduzir, já que não tenho pretensão de duelar com as respeitáveis opiniões distintas e acaloradas que o tema costuma ensejar.

   Acredito que o lugar comum, porém, na busca de possíveis convergências para aumentar o poder de fogo de ambos, preferencialmente sem o disparo de projéteis e, mais ainda, diminuindo-se a necessidade de portar o instrumento, é aceitar que a regulação do assunto incumbe ao Estado, sendo inaceitável não a forma como o mesmo é tratado pela legislação, mas sim, como tem se efetivado a aplicação da norma. 

   Tanto aqueles que acham que o porte de armas de fogo deve ser cada vez mais restrito, como os que avalizam a ideia de que deve ser ampliado, no fundo, concordam, que o fogo cruzado que enfrentam, seja armados ou desarmados, se deve ao fato de que o Estado, o regulador do tema, tem sido um péssimo gestor de suas leis - e olha que nesse interregno de tempo já foram muitas e variadas. 

   Quando isso ocorre, independentemente de qual seja a vontade do cidadão, quem, no fundo, passa a atuar de forma mais efetiva é o mercado, não sendo crível que alguém ainda não tenha percebido o significativo montante que gira em torno da indústria da insegurança. A propósito, tenho certeza de que você irá se assustar ao procurar se inteirar mais detalhadamente quanto a valores...

   E a arma de fogo, cada vez mais moderna, arrojada, mortífera e fabricada em larga escala, inclusive em nosso território brasileiro, é elemento extremamente importante à movimentação desse ciclo, para não dizer de outros, como tem demonstrado o Estado Islâmico através de uns poucos dos estimados mais de 100 milhões de fuzis de assalto Kalashnikov produzidos a partir de 1947. 

   Em meio a tantas engenhocas incorporadas ao cotidiano do ser humano (alarmes, câmeras, vidros blindados, portas eletrônicas, detectores de metais, scanner corporal, cerca elétrica etc), não resisto à tentação de encerrar com a lembrança de um outro artigo, veiculado no mesmo Jornal “A Tribuna”, aos 11 de novembro dos idos igualmente doídos de 2000, quando salientei o temor de que em razão do encadeamento de circunstâncias como as enunciadas acima, chegará o dia (ao que parece, cada vez mais próximo, infelizmente), em que ainda aceitaremos que a armadura é o melhor e verdadeiro remédio para balas perdidas...