quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

O futuro da nação



                                                                       Jovens, bem preparados e sem emprego
O FUTURO DA NAÇÃO 

  As imposições da economia global são tão absurdas que o expoente Banco Mundial, além de sugerir que o salário mínimo brasileiro é elevado, chega à petulância de propor valor menor para os jovens, a pretexto de sua proteção, visando inserção no mercado de trabalho. 

 Caminhos drásticos como esse constam do relatório "competências e empregos: uma agenda para a juventude", amplamente divulgado pela imprensa, invocando-se que "os líderes do Brasil terão de colocar os jovens no centro de uma ambiciosa agenda de reformas relativas a competências e empregos". 

 Embora, infelizmente, tamanha insolência não cause mais tantos espasmos na sociedade, tratada como mero mercado voltado à manifestação cada vez mais austera da soberana vontade e autoridade global sobregoverno do dinheiro, é importante não deixar de refletir sobre a gravidade desse desprestígio juvenil. 

 Frise-se que possuímos normas de incentivo à inserção de jovens no mercado de trabalho, como o programa nacional de estímulo ao primeiro emprego e a lei que dispõe sobre o estágio de estudantes, não se podendo dizer que a contrapartida remuneratória seja elevada, tanto que, não raramente, acabam indevidamente servindo como meio para barateamento de mão-de-obra. 

  Logo, embora importante, não significa sequer que esse primeiro contato com o trabalho irá proporcionar posicionamento no campo do emprego, salvo indisfarçável rotatividade na ocupação por parte dos jovens, tanto que a OIT, recentemente, divulgou que praticamente 30% dos brasileiros com menos de 25 anos estão sem trabalho, liderando estatística mundial nesse quesito. 

  Inclusive, como indica pesquisa recente do IPEA, 44,2% dos jovens com curso superior exercem atividades incompatíveis com a escolaridade e ganham 74% a menos do que o diploma permitiria a eles. 

  Nessa esteira de suprema austeridade sobre o trabalho, as reformas vão se acumulando, impondo lógica da supressora economia mundial como princípio e fim em si mesma, logo, ambientando os mais novos às sombrias perspectivas de ganharem cada vez menos, coagidos pela engrenagem que se fortalece mediante manutenção de uma multidão sem nem ter o que ganhar. 

  Em contrapartida, os "baby boomers" ("explosão de bebês") de outrora, ora chegando à sua fase idosa, ("elderly boomers"), vão se acostumando a um então inimaginável contexto, onde os mais velhos, apesar do número de filhos bem menor, contraditoriamente, via de regra, acabam assumindo papel de provedores por tempo bem maior quanto aos filhos, quando não até dos filhos dos filhos. 

  Enfim, em algum momento, o futuro da nação, então cantado em verso e prosa, parece que foi crescendo e envelhecendo conosco, continuando a ser nós mesmos, até que ultrapassada essa geração, caminhe para a extinção... Ou substituída por robôs, claro! 

  Não é por acaso que os filhos foram transformados em difícil equação econômica, ao passo que a exploração do seu confronto com a nossa liberdade, por exemplo, chegou às raias do absurdo, estabelecendo-se, no fundo, enorme conflito de gerações. 

  Na verdade, o bônus demográfico que o país experimentou, com uma população ativa bem maior do que a inativa, apesar de em grande parte desperdiçado, mascarou fortemente a situação, ora apresentando algumas de suas faturas para pagarmos (reforma da previdência, por exemplo), torcendo que consigamos assimilar os recados, especialmente porque os mais jovens deveriam, se os deixassem como nos deixaram, melhor ajudar a pagar. Mas, antes, têm que receber!