sábado, 25 de junho de 2022

Trinta anos de MPES


TRINTA ANOS DE MPES


Hoje, 25 de junho de 2022, completo trinta anos de exercício enquanto Promotor de Justiça do querido Ministério Público do Estado do Espírito Santo.

No fundo, a única coisa que sinto falta, neste momento, assim como já registrei em outros "aniversários", mas reforço especialmente neste, "de bola", independentemente dos registros que são feitos, é de receber da Instituição e/ou de minha Associação, algo material, simbolicamente marcante, que pudesse pegar, pendurar ou simplesmente guardar, preferencialmente de pouquíssimo valor monetário, alusivo a tal etapa percorrida, como um broche, uma medalha, ou o que a criatividade de outrem, com a prerrogativa de proporcionar, sugerisse, não somente a mim, mas a todos que chegassem a essas datas simbólicas, como 5, 10, 15, 20, 25, 30, ou sei lá quais fossem assim consideradas.

Mas, hoje é dia de festa, não de lamentos, diante do que para mim, efetivamente, representa chegar até aqui, razão pela qual tal registro se deve apenas ao reforço de uma ideia, que persiste, diga-se de passagem!

Tenho cinquenta e sete anos de vida, logo, mais da metade deles nas fileiras do MPES. Aliás, confesso que quando ingressei, não me imaginava permanecer por tanto tempo, antes que o direito à "inatividade" (???) me alcançasse e eu a ele! Afinal, à época, por si só, esse tempo seria suficiente para a aposentadoria. E como eu, afora o tempo de trabalhos informais, já possuía mais nove anos de contribuição,... Porém, certo é que, com as sucessivas alterações legislativas, a última delas a famigerada "reforma da previdência", para alcançar o direito de optar ou não pela aposentadoria, ao que consta, só daqui a mais três anos,...

Não me faço de rogado! Absolutamente! Tudo tem sua razão de ser! E tenho que procurar ser o mais útil possível, por esses ou seja lá quantos mais anos sejam... Se, certamente, não mais com o mesmo vigor do frescor dos "vinte e poucos anos", procurando compensar com uma melhor lapidação dos anos de experiência, buscando, essencialmente, diante da ainda tosca realidade que a todos incumbe agir para transformar, manter aceso o inconformismo que a responsabilidade pelo importante cargo exige.

Isso foi e continua sendo um grande desafio! Afinal, diante de tudo o que o Ministério Público fez por mim, ainda mais se torna importante avaliar: o que eu fiz por ele? E, especialmente, porque a batalha não terminou, muito pelo contrário: o que de melhor ainda posso fazer?

Apesar de nesse percurso, repleto de momentos intensos, ter sacrificado algumas coisas, como uma carreira de professor universitário, pouco após ter ingressado nela, nesses trinta anos eu firmei parceria com uma "sócia" e, juntos, chegamos a seis filhos, dos onze aos vinte e cinco anos de idade, registro do qual me valho para resumir a importante estabilidade material que o cargo me proporcionou.

Portanto, neste momento de minha vida, faço questão de expressar minha gratidão a Deus pela forma que me permite conduzir o meu destino, naquilo que me cabe, rogando a Ele que me ilumine para ser um Promotor de Justiça melhor, diante do tamanho dos desafios que o dia a dia cada vez mais apresenta para quem acredita que a substituição daquela primitiva máquina de escrever por um atualíssimo computador, enseja que as conquistas sociais venham, ao menos, com a mesma intensidade...

terça-feira, 7 de junho de 2022

Botafogo: e se o comprador fosse russo?


BOTAFOGO: E SE O COMPRADOR FOSSE RUSSO?

Concluída a negociação, o centenário Botafogo de Futebol e Regatas se tornou uma SAF, ou melhor, Sociedade Anônima do Futebol, instituída pela Lei nº 14.193/2021.

Reconheça-se que dificilmente se conseguiria alcançar melhor alternativa antes que o clube acabasse mortalmente absorvido pelo vírus da insolvência.

Essa monstruosa dívida, advinda ao longo de gestões do clube, é situação que certamente será estancada, até porque a aquisição é um investimento, sendo natural que o transnacional negociante se acerque de cautelas para não prosseguir no vertiginoso crescimento de um débito calamitoso, muito pelo contrário, a valorização da marca e o retorno financeiro sejam consequências de uma política planejadamente exitosa.

Contudo, embora existam regras básicas relativas a deveres e responsabilidades (leis 6.404/1976 e 14.193/2021), nova questão que se apresenta, no meu sentir, é que, no fundo, aquilo que realmente mais importa ao futuro de um clube, passa a depender, basicamente, de uma só pessoa, natural ou jurídica (ou grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto), com todas as peculiaridades de qualquer individualidade: o acionista controlador!

Logo, mesmo que adotadas medidas visando diminuir sua influência, mas na medida em que o dinheiro, especialmente neste mundo globalizado, não tem bandeira, pátria ou nação e é o fator determinante para a opção por esse ou aquele acionista controlador, imagina se o comprador do Botafogo fosse algum empresário russo...

É certo que tal fato, por si só, nos dias de hoje, ocasionaria enorme agitação em torno da SAF, embora, acredita-se, não a ponto de se parecer com a atualmente enfrentada pelo Chelsea, da Inglaterra, com uma série de restrições à utilização de seus recursos, dentre outras sanções aplicadas a empresários russos com negócios no país, devido à guerra na Ucrânia.

E este exemplo foi trazido apenas para ilustrar fatores relativos à "safinização" do futebol, porém, nada muito diferente do que vem ocorrendo com a economia de modo geral, cada vez mais globalizadamente interdependente, ou melhor, subserviente!

Ocorre que o futebol, pela sua própria essência, não deveria rumar, jamais, para esse campo, onde o clube se torna, na prática, menor do que o negócio, a par de sua importância.

Aliás, é diferente quando optamos por outros mundos, de quando imploramos para que sejamos adquiridos por eles, como nossa única esperança de sobrevivência, que, no momento, reconheça-se, forçosamente, é um caminho que ao menos apresenta luz à sombria realidade de alguns dos mais tradicionais clubes brasileiros.

No mais, então, antes de torcer pelo time, é torcer primeiro pelo controlador, afinal, alguém que, repentinamente, se tornou a verdadeira estrela solitária do clube!