segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Fala aê, querido!



FALA AÊ, QUERIDO!


- Fala aê, querido! 

Era assim que ele se dirigia a mim, quando mantínhamos contato!

Crescemos em bairros próximos. Ele, no Jabour e eu no Solon Borges, em Vitória.

Mas foi quando adultos que passamos a ter uma relação mais próxima, a partir de contato profissional, que acabou se transformando em uma grande oportunidade de estreitamento pessoal.

Curiosamente, quem me alertou para o seu já quase certo passamento, um dia antes do trágico acontecimento, foi o Rodgers, outro caro amigo do Jabour, cujo contato, até então, também fora pequeno, porém, há uns vinte e cinco anos, igualmente por questões profissionais, acabou participando mais ativamente da minha vida pessoal, estreitamento esse mantido de lá para cá.

Aliás, outra coincidência: o contato profissional com o recém-falecido surgiu a partir de um automóvel que comprei do Marcelo Carvalho, outra grata amizade que trago do Bairro Solon Borges, até os dias de hoje, O ano era 1992 e eu iria fazer o primeiro seguro de um automóvel (para ser mais preciso, um gol GT preto, ano 1986), já que, até então, os carros que tivera nunca me levaram a tal iniciativa. Não lembro como cheguei à pessoa do José Cani Júnior, mas foi com ele que fiz e renovei o seguro desse carro e de todos os outros que lhe sucederam, como assim também ocorreu com os da minha esposa, a partir de 1995, até os dias de hoje.

Como não tivemos muito contato na infância, e talvez porque esse se deu a partir de uma relação profissional, quando já éramos adultos, para mim ele nunca foi o "Grilo", assim como eu, para ele, nunca fui o "Bobó", embora o tempo de convivência e a intimidade já nos autorizasse a isso.

No começo, eu buscava informações esmiuçadas sobre os valores, as seguradoras, os descontos que davam etc Com o passar do tempo, ele me conhecendo melhor e eu a ele, já sabia que os valores apresentados eram os melhores possíveis, logo, o que discutíamos, era sobre as opções de seguradores, mesmo assim, bem pouco, pois ele, sabendo da minha preferência pelo Banestes, já procurava o melhor possível com esse banco, tanto que, nesses vinte e oito anos, sempre renovei com o mesmo.

Felizmente, pouquíssimas foram as ocorrências que me levaram a acioná-lo, não obstante, nessas vezes, sempre obtive o melhor trato, tanto do "introcável" profissional, como do amigo.

Janeiro, fevereiro e março eram os meses em que nosso contato era certo! Janeiro devido à agenda e os calendários de mesa que sempre cuidava em conseguir junto ao Banestes. Fevereiro, o mês de renovação do seguro do automóvel de minha esposa. E março o do meu carro. Nessas épocas, apesar da rapidez dos contatos, sempre tirávamos um tempinho para conversar um pouco sobre as nossas vidas.

Janeiro passou. Senti a falta dele. Com relação à agenda, há muito sabia que estava com os "dias" contados, já que outras opções mais práticas surgiram, daí porque acreditei que as duas que conseguiu para mim, em 2020, poderiam ter sido as últimas. Quanto aos calendários de mesa, os de 2020 trouxeram junto uma "prévia" de 2021, que me permitiam esperar até fevereiro, época da renovação do seguro, quando, tenho certeza, se fosse possível, traria ao menos dois para mim...

No início de fevereiro, contudo, o que recebemos, foi a triste notícia dada pelo sócio dele, o Luiz, quanto à gravidade do quadro de saúde do Cani, que não poderia, por ele próprio, renovar o seguro,...

No sábado, dia 06.02, em contato com o Rodgers, sobre outro assunto, foi, então, quando ele "me preparou" para o pior...

Hoje, pela manhã, bem cedo, meu irmão, Leonardo, primeiro me ligou e depois me mandou a mensagem dos familiares do Cani, quanto ao falecimento do meu amigo, ocorrido ontem, dia 07.02.

Sinto que o acaso não me protegeu, enquanto eu andava distraído... Devia ter amado mais!

Só me restava o velório ou o sepultamento. Porém, nessa época de pandemia, é restrito aos familiares, o que obedecerei, compreensivelmente, embora afoito para avançar esse sinal vermelho, torcendo que não seja necessário ser tentado a novamente fazê-lo, na Missa de 7º dia.

À Deus meu amigo! Chegando lá, com certeza, você será festivamente recebido: - FALA AÊ, QUERIDO!