sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Homens são Problemas


              HOMENS SÃO PROBLEMA

                               
                                                     

  Algo que mais recentemente tem feito de forma efusiva a cabeça da humanidade é a possibilidade de acrescentar mais alguns anos à sua curta passagem pela existência terrena.

  A tal expectativa de vida está aí para incendiar, cada vez mais, o pavio da esperança. Em nosso país passou dos setenta anos. E todo dia a atenção da população é atraída para algo novo, embora, a rigor, a tal pretexto, chegue-se a sugerir cada coisa...

  Bem, mas o assunto é sério e creio que tenho o dever de tentar contribuir para mais alguns aninhos na vida dos que toleram ler o que escrevo, principalmente. Além das razões humanísticas que poderia invocar para justificar, prefiro ser sincero e não esconder um dos maiores motivos que é, na verdade, o desejo de não perder um dos escassos leitores. Logo, para mim, sempre tão jovem. 

  Porém, confesso que essa eu partilho com você, que ora me lê, mas não com a minha esposa, pelo menos não lhe apresentando à prévia e costumeira apreciação, daí ao menos ganhar mais um tempo para que eu possa assimilar o fato que demoro até a efetivamente dividir com você, tão duro foi para mim receber.

  Não que não deseje que ela também fique bem velhinha, ao meu lado, obviamente. O receio, a rigor, é justamente o contrário: que ela deduza que para ficar bem velhinha, deva permanecer longe deste aliado. Aliás, convido a todos para muito refletir, já que, de alguma forma, isso deverá também interessar a você!

  Pois bem! O fato é que a mulher mais velha da Escócia, Jessie Gallan, aos sonhados 109 anos de idade, participou os seus “segredos” para a vida longa: quando se referiu ao mingau, todo dia, embora eu não aprecie degustá-lo sequer por uma vez durante minha existência, pela causa, sou capaz de me submeter ao sacrifício, digamos assim.

  Contudo, você não acha que eu iria dar tom tão trágico a esse escrito diante de um simples mingau, não é mesmo? Ainda mais se considerarmos cada esquisitice que tem sido apresentada, inclusive sem a garantia proporcionada pelo testemunho da longeva Jessie.

  O problema surge quando ela compartilha que para ter vida longa, um “segredo” foi “ficar longe dos homens. Eles são apenas mais problemas e não valem a pena”. 

   Não que eu não concorde com ela. Muito pelo contrário. Se depender de também ficar longe dos homens, acredito que eu posso superar o seu recorde. 

  No fundo, eu temo é que a fantástica simbiose entre homem e mulher possa acabar sendo prejudicada por essa expressiva declaração, globalizadamente veiculada, em tema que a humanidade ora considera tão caro.

  Aliás, todos temos conhecimento do crescente número de mulheres que chegam até a buscar na Justiça o direito de permanecer longe de determinado homem, que, em algum momento fez parte de sua vida. E, comumente, quer manter esse distante, porém, não se fecha à proximidade de outro...

  Juntando tudo e refletindo sobre o nosso contexto, não posso deixar de dar razão à Jessie. Ela está realmente certa. Muito certa. Contudo, ainda bem que a solução de algo tão importante está em simplesmente “fazer valer à pena”

  Portanto, “diante de um bom motivo, que me traga fé”, acredito que valha à pena “pescar a ilusão” de tentar fazer valer à pena. Para isso, essencialmente, no caso dos que ousam se relacionar, contribuindo para buscar aumentar a expectativa de vida através da relação, ao invés de diminuí-la, como, infelizmente, está muito fácil de se demonstrar, diante dos inúmeros casos que os jornais não se cansam de mostrar, ainda que o contrário também seja muito corriqueiro, porém, não causando o mesmo bafafá! 

  De qualquer forma, no meu caso, reconhecendo que efetivamente trouxe “mais problemas” para a vida da minha esposa, tendo certeza de que cedo ou tarde ela também acabará lendo este escrito, cuido em expressar que apesar de ter menos da metade da idade da Jessie, trocaria os meus possíveis anos futuros pela oportunidade que tive, até o momento, de “causar problemas” e, especialmente, se Deus tapar os ouvidos para essa minha poética fanfarronice de troca, buscarei diminuir os meus e valorizar menos os seus, poupando forças para enfrentar os nossos problemas, que são, afinal, aqueles que me proponho a passar o resto da vida desafiando.

  Valeu Jessie. O golpe foi muito duro. Mas necessário! Desculpe-nos. 



terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Selfie Service


                  SELFIE SERVICE


  Imagine que você esteja em local muito belo e deseja registrar sua passagem através de uma fotografia. Vira para um lado: ninguém! Para o outro: também!

  Isso já deve ter acontecido com você. Ou não? Com um pouco de sorte, passado algum tempo, aparece alguém, mas, mesmo assim, necessita-se, primeiro, de certa coragem para pedir a essa pessoa para registrar você e a paisagem JUNTOS; e, segundo, de dose de sorte para o indivíduo não cortar a sua cabeça ou outra parte do seu nobre corpo, algum aspecto da paisagem que você considera relevante, ou, enfim, não atender às expectativas que você nele tanto deposita. Afinal, não tem outro jeito, não é?

  Ufa! Não havia... Ainda bem que surgiu o celular e, com ele, difundiram-se as "selfies" (não preciso dizer nem para um recém-nascido o que essa palavra significa, né!?). Mais arrebatadora do que a onda “self service”, eis um novo mundo na versão “selfie service”: nutra-se de você à vontade, mas cuidado com a indigestão¹

  Até eu, acredito, em algum momento da vida, se tiver a oportunidade de experimentar mais umas duas dezenas de outonos, irei me render a pelo menos uma "selfie" (sabe-se lá, contudo, se a velocidade das transformações não terá sepultado tal tendência, nos consumindo com outras de suas arrastadoras novidades?). 

 Aliás, se algum dia concretizar o desejo de viajar a Londres, euandopensando(.blogspot.com.br) em me inscrever na “City Lit”, que oferece um curso de fotografia denominado “a arte do autorretrato”, prometendo que pela bagatela de 132 Libras o aluno aprenderá a “melhorar conhecimento crítico do autorretrato fotográfico e desenvolver ideias para produzir uma obra coerente”. A propósito, confesso que a beleza da apresentação, embora não a tenha entendido muito bem, me fascinou bastante. 

  Todavia, se a adesão à “selfie” ocorrer antes de viajar a Londres, devido aos ora confessados conhecimentos rudimentares para o exercício da nobre arte, talvez consiga produzir “obra menos incoerente” adquirindo uma tal “vara de selfie”, pois, ao que sei, após a “selfie” se tornar a palavra do ano em 2013, foi a vez da vara se transformar no “presente do ano”, nos EUA, em 2014. 

  Parece meio esquisito ostentar uma vara para tal finalidade, mas considerando a volumosa adesão, acho que vai ser menos excêntrico e mais interessante – e barato - do que me valer do auxílio de um "drone" para resultado “mais coerente”, como sugere o Nixie, novidade da Nixie Labs, apresentado durante a Consumers Electronic Show 2015, em Las Vegas, aliando a febre (alta) dos "drones" à das "selfies".

  Por fim, dureza é concluir que tudo isso só está ocorrendo por culpa do outro! É ele o grande responsável! Afinal, se as fotografias são minhas, o que ele tem a ver? 


¹ A persistirem os sintomas não deverá se autorretratar