terça-feira, 21 de junho de 2016



Imagine se no quilômetro trinta e cinco de uma maratona (quarenta e dois quilômetros, cento e noventa e cinco metros), o organizador, através de um megafone, avisasse a você que a distância mudou para cinquenta quilômetros? Refletiu???? Pois bem! É bom você, que está em algum lugar desse caminho, pensar como fará para alcançar a linha de chegada, pois os quilômetros percorridos não estão importando muito para a organização da maratona cujo troféu é a aposentadoria...


sábado, 4 de junho de 2016

Tratamento de choque



              TRATAMENTO DE CHOQUE


   Consta que o choque elétrico é método de tortura que atormentou a humanidade ao longo dos tempos, embora, infelizmente, de vez em quando se tenha notícia de casos que ainda ocorrem, demonstrando que essa prática, dentre outras igualmente insidiosas, ainda não foi completamente extirpada, apesar da vigília e apelos das comunidades nacional e internacional em sentido oposto.

  É verdade que o cotidiano, assim como se nos apresenta, atualmente, de formas difusamente variadas, acaba por se incumbir em ser um desses instrumentos de crueldade, já que está muito propenso a nos chocar, constantemente, emitindo descargas tão intensas que não raramente se presta a recarregar-se consumindo altas doses de nossas energias.

   Por isso, muitas vezes, quando não suficientemente capazes de aguentar esses choques de realidade que surgem como fios desencapados em nosso caminho, acabamos mesmo é entrando em estado de choque... 

   A propósito, só isso - a rigor, nem isso, penso eu – para explicar situações em que v-o-l-u-n-t-a-r-i-a-m-e-n-t-e nos submetemos a choques, pagando por isso (?!), para tentarmos refrear uma possível compulsão pelos gastos, isso sim, acredito, capaz de levar a verdadeiro choque cardiogênico, hipovolêmico, econonêmico,...

  Porém, acreditem: noticia-se, amplamente, que uma empresa de tecnologia britânica lançou a primeira plataforma bancária ligada a objetos conectados no mundo, pomposamente alcunhada de “banco da internet das coisas”, como nominado no Reino Unido, capaz de detectar automaticamente gastos em excesso, submetendo a choque elétrico o usuário, através de uma pulseira...

   O próprio usuário define limite mínimo de saldo no banco e, próximo de chegar a esse valor, recebe mensagem no celular (não consigo deixar de lembrar do “alerta” ao administrador público perante a Lei de Responsabilidade Fiscal). Caso não respeite o limite, advém choque de 225 volts para que não ceda à tentação de comprar (no caso da nossa Lei de Responsabilidade Fiscal, é possível que vários “mártires” morreriam eletrocutados)... 

   Difunde-se que o objetivo é ir “treinando o cérebro” para controlar melhor os gastos...

  Como, naturalmente, isso custa dinheiro, se a vítima, digo, consumidor, espontaneamente, comprar uma porcaria destas para habilitar-se a se submeter a sessões de tortura, é porque, certamente, já comprou um monte de outras baboseiras que infestam o nosso mundo contemporâneo, doidas para captarem nossa grana a qualquer custo, razão pela qual sugiro apenas é ir “treinando o cérebro” para ser mais atento e observador quanto a essas sedutoras armadilhas, caso contrário o otário - no caso é otário mesmo - passará a vida inteira em choque, até o dia de ser formalmente fulminado.

   E é óbvio que tão envolvido com essas maravilhas da modernidade, não terá sequer se preocupado, dentre tantas outras, com as despesas que serão suportadas - sabe-se lá por quem - quanto ao seu funeral...