segunda-feira, 11 de abril de 2016

Rio Branco 6 x Botafogo 4



            RIO BRANCO 6 X BOTAFOGO 4 

“Deus lá em cima sabe muito bem qual é minha sina o que é que me convém...”.

  Antes de qualquer outra coisa devo ressaltar que meu saudoso pai, desprovido de bens materiais que pudesse deixar para os filhos, porém, utilizando de pura sabedoria advinda da sua condição de fervoroso botafoguense, compensou-os transmitindo para os mesmos a herança alvinegra, uma mesma condição que está no sangue também dos meus filhos, quer assumam publicamente, quer não, assim como espero continuem eles a manter essa honrosa tradição.

  Para não deixar dúvidas, poderia trazer vários elementos de prova, como, por exemplo, uma fotografia em que eu, a esposa e todos os nossos filhos estamos uniformizados com a sagrada camisa... Mas há algo mais recente e fácil de verificar, bastando conferir na crônica que escrevi no blogue www.euandopensando.blogspot.com.br, há poucos dias, em 02.04.2016, sobre a atual situação política do país, sob o título “virou fla x flu”, onde avalio quanto a caminhos, na sempre ressaltada condição e visão de botafoguense... 

  Desta vez, contudo, neste domingo, 10.04, na decisão da seletiva sul/sudeste/centro-oeste para a Copa do Brasil de Futebol de Areia, no Rio Branco, time que viria a jogar contra o glorioso Botafogo, estava o meu filho, Estêvão, de 19 anos de idade...

  A propósito, no que tange ao meu querido Estado do Espírito Santo, registre-se que a preferência do meu pai sempre foi por um dos mais tradicionais rivais do Rio Branco, a Desportiva. Logo mais esse ingrediente,...

  Bem! Não sou daqueles que vivem pedindo demais a Deus... Aliás, é tanta gente pedindo de tudo que sempre me fica a impressão de que devo poupá-lo de uma série de pedidos, pois Ele está, naturalmente, no curso natural de todas as coisas. Desta maneira, obviamente, também não costumo agradecer especificamente por uma vitória, já que também não vou lamentar a Ele por uma derrota, mesmo porque, se fosse assim, seríamos muito ingratos, já que se alguém ganha, alguém perde e não seria algo divino que Ele só estivesse do lado dos vencedores...

  Portanto, se fomos à Missa logo cedo não foi por causa do jogo, mas porque essa é a rotina dominical da família... Ali, dentre vários, pude observar a pessoa de Renato Casagrande, ex governador do meu querido Estado e que possui a invejável condição de botafoguense... Também o “Nininho”, que além de botafoguense é torcedor fanático do Vitória, outro ferrenho adversário do Rio Branco, no Espírito Santo...

  Ao final do Ato Religioso, rapidamente falei com os dois, numa espécie de justificativa para a torcida contrária que iria ocorrer... Acredito que eles me compreenderam. Além de tudo que eventualmente poderia invocar a meu favor perante qualquer pessoa, não se pode esquecer que eles são botafoguenses... E se você não entender o que quero dizer com isso, é porque não é botafoguense, certo?

  Chegando ao “Tancredão”, após a “preleção” com o filho, ele foi ao encontro de sua equipe, enquanto eu fiquei ao lado da esposa, Claudia, de nosso filho mais novo, o Heitor e vários torcedores, grande parte deles familiares de outros jogadores. 

  Em certo momento, desci para ir ao banheiro, deparei-me com o time com aquela estrela única na camisa, parei, olhei-os e queria revelar-lhes toda a minha emoção de botafoguense... Porém, o máximo que consegui fazer foi conversar com um integrante da Comissão Técnica, apresentando, também ao mesmo, a justificativa para o meu ato grave: torceria contra o Botafogo! Ele, inteligentemente, ainda ponderou: não dá para ficar neutro? Não dava! Quem sabe, se eu tivesse ficado, não colocando a “minha torcida” em campo, o resultado não seria diferente?...

  Vale a pena outro registro: antes do jogo do dia anterior, escrevera algo para o Bruno Malias, especialmente quanto a minha satisfação, enquanto pai do jovem Estêvão, em vê-lo atuando ao lado de uma pessoa com currículo mundialmente vencedor, dentre outras coisas que salientei e ora nem consigo reproduzir fidedignamente, pois não guardei sequer rascunho. Como o Estêvão se esqueceu de entregá-lo naquele dia, falei que não deixasse de fazê-lo nesta oportunidade.

  Não que apesar da pouca idade, o Estêvão já não tenha dado mostras de seu potencial, em vários jogos e torneios, aos quais não me aterei, sintetizando, contudo, no gol que fez em amistoso contra a seleção brasileira às vésperas do campeonato sul-americano ocorrido em fevereiro deste ano.

  Mas a humildade, o respeito e o aprendizado sempre devem ser valorizados em situações gratificantes como essa, não somente em razão do vitorioso Bruno, mas também pelo conjunto de outros que formam esse bom time... 

  Quanto ao jogo, o Rio Branco dependia de uma difícil vitória por dois gols de diferença! No segundo dos três períodos de doze minutos o Botafogo fez 1 a 0 (Gabriel); 1 a 1 ((Ricardo); 2 a 1 Fogão (Antônio); 2 a 2 (Diogo Malias); 3 a 2 Fogo (Lucas). No último período, o Rio Branco empatou (Maguinho) e pela primeira vez passou à frente: 4 a 3 (Ralson). Por volta dos sete minutos, o batalhador André Beré, do Rio Branco, foi expulso. Significa que o time ficou com apenas três jogadores de linha contra quatro do Botafogo. Essa situação permaneceria por dois minutos ou um gol do botafogo, o que seria ainda pior. 

  Conheço bastante o meu filho! Na situação que viria a se suceder, se fossem quatro contra quatro, acredito que dificilmente se utilizaria da virtuosa habilidade que possui e serviria algum companheiro, em razão do seu senso de disciplina coletiva. Porém, na ocasião, ironia do destino, não tinha muito o que fazer: recebeu, ajeitou e botou a bicicleta para andar. A imagem da acrobacia, congelada pelo devotado e iluminado Peter Falcão, se expressa por si, para quem quiser conferir: 5 a 3!

  Faltava, agora, pouquíssimo tempo, o que, infelizmente, não quer significar tão pouco assim em futebol de areia. De nada bastaram as minhas preces a Deus - não teve jeito, pedi mesmo! Faltando um minuto, gol do Botafogo: Antônio!

  Depois fui entender porquê! A honra final deveria caber ao mestre Bruno: A 40 segundos do fim, decretou o placar final: Rio Branco 6 x Botafogo 4.

  Impressionante que dos oito jogadores de linha do Rio Branco, os seis gols foram feitos por seis jogadores diferentes, demonstrando a força de um time. Aliás! Cada um dos jogadores, individualmente, mereceria uma história como a que estou contando agora, realçando o Estêvão por ser o meu filho, desde logo pedindo a compreensão. 

  O Léo, por exemplo, (da idade do Estêvão e desde os quinze atuando na areia do mesmo lado, porém ex-ferrenho adversário dos gramados, à época dos clássicos CTCE x Pedra da Cebola) , que foi um dos dois que não marcou nesse jogo, fez três dos quatro na vitória do dia anterior sobre o Gama-DF... Os goleiros Sonaldo e Marquinhos fizeram importantes defesas. O último, inclusive, também fez um gol...

  Tem também quem não estava neste jogo, porém, em outros, como o Erik, o Dodô, o Mascote e o Cedriano. Além, óbvio, do treinador Alex Fabiano e demais membros da Comissão Técnica.

  A torcida presente também foi muito importante: um show e grande incentivo. 

  Mas não posso deixar de falar um pouco do Botafogo. Um time muito valente e que tinha todos os créditos para ser o campeão.

  Ao final do jogo passei perto dos jogadores, obviamente tristes com o revés. Lembram-se daquela crônica que fiz menção quase no início desta: “virou fla x flu”? Em uma parte dela, faço alusão ao fato de que, enquanto botafoguense, somos acostumados com grandes glórias e não podemos nos abater com eventuais derrotas, como essa para a qual o meu filho e "a minha torcida", de alguma forma, contribuíram...

 Aliás, dirigi-me, respeitosamente, àquele membro da Comissão Técnica, com quem dialogara pouco antes do jogo para desejar sucesso ao nosso glorioso em todas as suas outras batalhas, porque nessa, para mim, era impossível fazê-lo, pelas razões já expostas.

  A propósito, não pude dizer muito, mas, para mim, o time teria se classificado se ousasse um pouco quando tinha um jogador a mais... 

  Porém, como Deus quis assim, seria impossível acontecer de outra forma...


                                                                                                                                                                      Fotos: Peter Falcão


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