CORRIDA DA CHUVA
Já escrevi, há algum tempo, que a inspiração é apenas uma simples e imperdível passageira de seus efeitos.
Em outra oportunidade que estou com tremenda dor de cabeça, mas se ela quiser me alcançar vai ter que suar muito.
Também que o momento em que mais tenho tempo para não fazer absolutamente nada é quando estou correndo.
Com esses ingredientes se torna menos difícil compreender o que aconteceu comigo, ainda em se tratando daquele episódio do dia 10 e que publiquei, com alguma riqueza de detalhes, no dia 12.04: “Rio Branco 6 x Botafogo 4”.
Pois então: só em casos realmente extremos deixo de acordar por volta das 4:30 todos os dias, devido às atividades da rotina, sendo que na segunda, quarta e na sexta-feira, pouco após, saio para a corrida matinal.
Era o dia 11, uma segunda, e eu estava muito cansado, devido a um final de semana bastante puxado! Mas, não era a razão extrema a que fiz menção acima, para deixar de correr.
Às segundas, corro em torno de 16km. Estava por volta do terceiro para o quarto quilômetro, na reta do aeroporto, sentindo razoável cansaço nas pernas quando veio à mente o episódio do dia anterior e, como ocorre em vários desses momentos, passei a esboçar aquela que seria a crônica que afinal foi publicada no dia seguinte.
Fiquei tão absorto nos pensamentos que “esqueci” das pernas - sério - e quando me dei conta já estava em Bairro de Fátima, por volta do oitavo quilômetro. Liguei o “automático” de novo e quando “desliguei-o”, encontrava-me nas imediações do hotel Canto do Sol, em Jardim Camburi, a significar algo em torno do quilômetro onze.
A crônica já estava toda esboçada, logo, voltara a atenção para a corrida - e, consequentemente, para as pernas - isso mais ou menos no quilômetro treze, quando, então, visualizei, caminhando, sorridente, em sentido contrário ao meu, a esposa Claudia. Pronto! Foi o combustível para “esquecer” novamente as pernas até o final do percurso.
Você não acredita? De tudo ou de apenas alguma parte? Se não for da narrativa completa, espero que a menos duvidosa seja no que tange à esposa, já que é o ingrediente que tem me levado às distâncias mais longas...
Veio a quarta-feira. Dia de uma distância menor, cinco quilômetros, porém, em ritmo mais intenso!
Por volta do terceiro, estava realmente “morto”! Contudo, “do nada”, vieram grossos – e raros, de uns tempos para cá - pingos, que logo se transformaram em uma forte chuva. Era por volta de 5:10. Aquilo me “hidratou” de tal forma que concluí de maneira bem mais tranquila o percurso.
Acredite se quiser: foi eu terminar de correr que parou de chover.
Agora, para mim, vem o mais interessante:
Estamos clamando pela chuva há algum tempo. Supondo que essa “criação fantasiosa” da minha mente convença a alguns, existirão aqueles que dirão:
- Você é muito egoísta mesmo, né, Luiz?! Porque não correu mais alguns quilômetros?
Já outros:
- Obrigado Luiz!
No fundo, somos movidos por aquilo em que acreditamos. Pode até não ser verdade! Porém, nós podemos fazer ser de acordo como assimilamos e agimos.
A questão, portanto, é no que acreditamos, o que fazemos de nossas crenças e o que podemos fazer pela dos outros.
Poderia escrever um pouco mais. Porém, hoje é quinta e amanhã é sexta. Dia de treino um pouco mais longo, vinte e um quilômetros, em ritmo mais lento. Como será[1]?Não sei. Só que vai ser bom. Se em algum momento sentir cansaço, não tenho dúvidas de que vai ser melhor ainda...
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[1] Pós escrito: não foi! Ninguém é de ferro. Me desculpem, porém, no fundo, acredito que, neste dia, simplesmente descansar mais um pouco é que foi “melhor ainda”!
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