sexta-feira, 18 de julho de 2014

Padrão Cinco Estrelas

 
                    PADRÃO CINCO ESTRELAS


      Como não sou de ficar derramando leite pelo futebol chorado, finda a “copa das copas”, realizada em nosso país, trato eu de procurar fazer gols onde eles faltaram, dedicando minha vitória à seleção. 

       Com a experiência de quem conhece alguns atalhos, faço isso sem precisar tocar na bola para alterar o placar. 

       Olho para a minha camisa, “não oficial”, da seleção brasileira e nela encontro o meu time completo e perfeito. 

       O curioso é que a vitória que alcanço com ela advém justamente da derrota da seleção! Continuará comigo pelo menos por mais quatro anos, embora eu acredite que será por tempo bem maior.

       Ganhei como “brinde” em uma corrida de rua da qual participei no ano passado. Além do número 10 nas costas (o que, para mim, ainda mais a valoriza, pela coincidência com a de um dos poucos sobreviventes da nau frágil), tem como decisivo detalhe, na frente, cinco estrelas, obviamente referentes aos títulos mundiais conquistados pela seleção brasileira.

       Se o time fosse campeão, ela restaria desatualizada, razão pela qual, tenho quase certeza, naquele 08 de julho, a Alemanha jogou também pela minha camisa, embora eu tenha me surpreendido mesmo foi com o seu adversário, cujas estrelas, feridas ou apagadas, deixaram o uniforme sem brilho e sem luz, perdido no mundo da lua.

      É certo que o “mero detalhe” de não haver o acréscimo de nova estrela na camisa não se bastaria para não seduzir a comprar uma nova... Afinal, sempre dão um jeito nisso, não é mesmo? Se não é a estrela, tem outras coisas “importantes” que são alteradas, como a gola ou algum bordado, por exemplo. E quem é que aceita ser um desatualizado no meio da multidão? 

      Aliás, como a moda vai e volta, mas o dinheiro costuma ir nas duas vezes, é evidente que há espaço, também, para o visual “retrô”. 

      - Ora, bolas (bola não pelo amor de Deus)! Mas essa palavra não é o prefixo apenas “geneticamente modificado” que alude a algo tão, tão, tão, digamos, ultrapassado?! 

      - Nããããããooo! Será que você é tão ignorante que não nota a diferença, a “sacada”? 

      - Ah! Tá bom... Então, a minha camisa, que já é “retrô”, hoje, ficará melhor ainda algumas copas à frente!!!

       Sei! Tenho certeza que passo a falsa impressão de que sou um pão duro de roer.

       Mas não é verdade!

     Costumo dizer, em defesa própria, que a diferença entre o pão duro e o econômico é a necessidade ou a finalidade.

       Vou exemplificar com fato que considero decisivo para que tirem as conclusões, comprometendo-me a aceitá-las, independentemente de serem favoráveis a mim ou não, já que, por incrível que possa parecer, da forma que entendo cada uma das duas coisas, sou avesso a pão-duragem.

       Quando namorava com aquela que é a minha esposa, havendo intenção de casamento, costumava presenteá-la com bichos de pelúcia. Ela adorava. Eu, mais ainda, embora à época não demonstrasse, já que, na essência, era algo que adquiria para ela e não para mim ou para nós. E ao menos acredito, até hoje, que ela também assim imaginava, pois na interpretação é que reside o motivo que poderia ter gerado até a minha demissão por “justa causa”.

     Depois que casamos, para onde foram os tais bichinhos? Para a nossa casa, obviamente! A maioria, mais precisamente, para o nosso quarto!

      E agora, onde estão? Não é preciso pensar muito, não é mesmo? Nos quartos dos filhos! Embora, naturalmente, alguns ainda estejam no nosso! 

       É isso! 

       Pretendia discorrer mais a respeito (como a sequência de vários filhos para não perdermos as roupas, devido ao crescimento...) porém o tempo está curto e preciso aproveitar este pós-momento, imperdível para adquirir uma televisão, já que a minha estava ruim de saúde há algum tempo e acabou infartando naquele jogo, que, ao menos para mim, não foi tão ruim assim. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário