domingo, 6 de julho de 2014

A morte do orkut



                                A MORTE DO ORKUT


      A morte não manda recado! Quando muito, fornece sintomas para que os mais antenados percebam que ela está chegando. Se os sinais a mostram irreversivelmente próxima, prepara-te! Se não, de qualquer forma, já que não se consegue rescindir o contrato com o fim, o negócio é ir tentando prorrogar o prazo...

     Ora, mas o orkut é apenas uma ferramenta velha e quase em desuso... Por que tamanho drama diante da notícia de seu passamento? 

   Aliás, os que se sentirem órfãos podem ficar tranquilos, pois serão adotados! Incumbe retificar: o maior dos motivos para a morte é (in)justamente porque a grande maioria dos “desamparados” já foi adotada, previamente! Afinal, nessa seara, o processo costuma ser esse: uma disputa tenaz pelos “filhos difusos”, onde o fator determinante à sobrevivência é a quantidade, daí a extrema volatilidade dos rebentos, disputada pelos mais modernos padrões de competitividade que se tem conhecimento.

   Eu, contudo, que tanto lutei empunhando armas que à época já se encontravam obsoletas, antes de ser definitivamente catapultado por algumas das inovações, confesso que não deixo de me solidarizar com os amigos e familiares do orkut, embora não o tenha conhecido pessoalmente nesses seus dez breves anos de existência.

     É possível que vários dos “neo-órfãos”, a propósito, tenham sido fundamentais para algumas de minhas derrotas, pois as mudanças estão ocorrendo de forma tão rapidamente avassaladoras que já não se limitam mais quase que exclusivamente a embates entre o “antiquado” e o “moderno”, pois nesses últimos já se encontram inseridos, atualmente, vários graus de “fósseis”, ou seja, a “nostalgia” chega cada vez mais cedo.

    Consta que o orkut, nascido em 2004, no ápice da popularidade, chegou a atingir 40 milhões de usuários no Brasil, alcançando o “status” de maior rede social até dezembro de 2011. Leve-se a dimensão desses números para o mundo e avaliem-se possíveis impactos de sua “morte”, já que não se pode ser “tão frio” a ponto de desconsiderar que o fim de ferramenta gigantesca como essa produz significativas alterações em campos sociais, do trabalho, etc.

   Além do mais, contribui para disseminar o gérmen da instabilidade, ou, melhor, confirmar-nos como “reféns das novidades”, já que são essas que visam captar a todo momento a atenção para o produto que se deseja consumido, pouco importando a colaboração para o processo de “cibernibalismo” que daí possam resultar. O petiz facebook, que também só conheço por ouvir dizer, mas, segundo comentários que eu não curti, está passando por problemas se saúde, que aguarde para confirmar...

   Anunciou-se que a morte ocorrerá no dia 30 de setembro de 2014! Como eu não acredito nesse tipo de morte anunciada, fico reticente com relação à execução. Afinal, de qualquer forma, se estava morrendo, já gerou vivificante visibilidade, seja em razão daqueles que acorrem para se manifestar a favor do óbito, seja devido aos que se posicionam contrariamente, seja, ainda, simplesmente por causa da veiculação, em série, do assunto, como costuma ocorrer com matérias do “interesse global”.

   Seja como for, embora eu não tenha conhecido o tal “orkut”, a se confirmar a sua morte, desde logo ressalto que lastimo muito pelo seu fim, especialmente porque é muito triste e preocupante para um dinossauro ver enterrado fóssil tão jovem. Penso até em me vestir de preto! 



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