terça-feira, 8 de setembro de 2015

Triste fim (ou não!) de uma raquete


TRISTE FIM (OU NÃO!) DE UMA RAQUETE

   Costumo dizer que se deve fugir do relacionamento “bola de tênis”, em que há muita oferta, vários descartes e a que sobra é para levar raquetada.

   O problema é quando a relação é com a própria raquete, que, infelizmente, não tem para onde fugir, logo, cuja sina é passar a vida sendo ela a dar raquetadas.

   Não acho que ela não goste. Ou desgoste! Na verdade, até penso que a morte dos seus sonhos é padecer ali, em quadra, bem velhinha, após o último ponto de uma partida, ganha por si, satisfazendo o seu derradeiro desejo e, por consequência, sob o aplauso de todos, nas mãos daquele que tem a honra de lhe empunhar, jamais entendendo porque alguns desses, em momentos difíceis - ingrediente básico de qualquer relacionamento - se transformam em seu maior algoz.

   Poderia, também, partir para a sua “vida eterna” em um espaço da casa, reservado para si, ao lado de possíveis - ou impossíveis – troféus e medalhas e mesmo para as suas antecessoras e sucessoras (de preferência, somente após a viuvez), já que não tolera que o mau não desejado para si, seja feito para alguém que também fez parte da família, ou mesmo para qualquer outra semelhante.

   Não se importaria, aliás, nem mesmo em conviver com a traição, desde que não fosse simplesmente trocada pela mais nova, se contentando em apenas, de vez em quando, receber o carinho de alguém a quem foi sempre fiel, nas alegrias e nas tristezas - ou mesmo somente nas tristezas - sem nunca ter abandonado qualquer templo, suportando, quieta e calada, ser vítima compartilhada de várias humilhações, embora, em muitas delas, não faltasse oportunidade para fugir valendo-se de providenciais “pneus”, artigo não tão incomum de ser fabricado e estar presente em momentos tensos da relação.

   O pior é que em situações como essa, muitas vezes não se espera nem chegar em casa, esfriar a cabeça, discutir a relação, ver onde cada qual está contribuindo para o desgaste, o que cada um pode fazer... É ali mesmo, na frente de todo mundo! 

   Também não reclamaria se fosse considerada moribunda, trocada por uma mais nova (tem outro jeito?  Existe, inclusive, aqueles que trocam logo por várias!) desde que lhe fosse dada oportunidade de também encontrar alguém mais simples e humilde, que não ligasse tanto para os seus defeitos externos. Com um pouco de sorte, passaria por uma plástica rejuvenescedora e deixaria muitas novinhas boladas e babando...

   Enfim, se não dá mais, nada contra deixar de insistir! Inclusive, pode ser bom para ambas as partes. Aposentada: tudo bem; abandonada: também, já que ao menos pode sonhar em encontrar algum abrigo,... Porém, JAMAIS destruída!!!

   Penso, a propósito, que se deve sugerir a criminalização da conduta diante de alguém tão indefeso. E, com previsão de circunstância qualificadora, devido à crueldade, quando o fato for em público. Sim! É só alguma dessas Universidades espalhadas pelo mundo se dedicar a um desses inusitados estudos tão comuns, atualmente, que chegará à constatação que para mim já é firme há muito tempo: as raquetes têm alma e coração!!! 

   Pena que eu, além de palavras de estímulo e sensibilização, pouco posso fazer para transformar, em uma aula prática, o meu conhecimento em algo de bom para elas.

   Mas a minha torcida é para que sempre deem a volta por cima, encontrando alguém que reconheça especial e primeiramente os seus próprios defeitos e, a partir daí, procure ou não corrigi-los, mas vele, para sempre, por uma boa relação. 

   E rezo para que notadamente as desprezadas de coração, abaladas em sentimento e em razão, mas não totalmente destruídas em atos de forte emoção (pois as que sucumbirem injustiçadas, tenho certeza, um dia se renovarão ao lado de quem proporcionou sua criação), possam, um dia, cair em boas mãos e, no tribunal, especialmente diante do “ex”, ao fim da sentença, caminhar até ele, fitando-lhe nos olhos, apertar-lhe firmemente a mão, confortá-lo pela sua dolorosa situação, intimamente sem conter o sorriso e a vibração, pois ganhou a decisão!


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