sábado, 21 de junho de 2014

Nem tudo pode ser perfeito...

                           
 
                              NEM TUDO PODE SER PERFEITO...


         Como diz a letra da música cantada pelo “pensador antigo” Benito Di Paula: “nem tudo pode ser perfeito, nem tudo pode ser bacana, quero ver o cara sentar numa praça, assobiar e chupar cana.”

          À época, jamais se poderia imaginar que a maior dificuldade, num futuro próximo, deixaria de ser a associação entre assobiar e chupar cana, já que para se sentar numa praça, atualmente, é preciso conjugar o tempo, cada vez mais escasso, com a segurança, outro requisito também distante...

       Assim, apesar da versatilidade do homem sentemporâneo, como os locais voltados para a prática de suas habilidades são recintos sempre mais fechados, acredito que resta explicado porque é extremamente difícil neles encontrar alguém assobiando e/ou chupando cana, algo que além de não possuir nenhum “glamour”, certamente incomoda muita gente, logo, seja expressa, seja tacitamente, vedado pelas complicadas regras de convivência das novas “comunidades”.

        Estamos muito mais versáteis, porém, a não afiançar que isso seja realmente tão bom, também, muito mais postiços!

        A propósito, se vislumbrasse a realidade de hoje, acredito que não seria considerado assim tão “muito bom, muito legal” a então inimaginável combinação do pensador, ao pretender que “cantor ou compositor pudesse ser ator ou jogador de futebol”. Quantos cantores que se aventuram como atores, ou atores que se metamorfoseiam como cantores, ou, ainda, em “contra partida” (literalmente), jogadores de futebol que resolvem conjugar também essas habilidades, com resultados terríveis para os amantes - e esposos - de cada uma das artes?

        As famosas “peladas” de fim de ano, ainda vai!  Mas, se fossem contemporâneos aos sentemporâneos atuais, talvez se transformasse em “show de realidade” o que só era possível no invencível campo da melodia: “bola com Vinicius de Moraes que passou para Toquinho, Toquinho passou para Jorge Ben, que passou por um, passou por dois e deu para Luiz Gonzaga e é goooooool, estamos sonhando torcida brasileira!

         Não é porque eu corro razoavelmente bem, que serei um triatleta! Imagina, então, o pentatlo? Ou o decatlo?...

         Bom, mas “a taça do mundo é nossa. Com brasileiro não há quem possa!”.

         Acredito, portanto, que temos grande chance de nos tornarmos os seres mais “flex” do planeta.  

       Não é esse o tipo de profissional que se propaga como sendo os mais cobiçados pelo mercado? Que se difunde como os que serão absorvidos(?) pelo futuro no campo do trabalho?

       Pois bem! Quando paro (andando ou correndo, é óbvio!) para refletir um pouco sobre o assunto, noto como a situação é tragicômica. Poderia citar inúmeros exemplos - os outros ficarão por conta da imaginação ou constatação de quem queira (e tenha algum tempo) para se dar a esse trabalho - mas exemplifico com o cenário de uma palestra, algo que para mim está cada vez mais chocante.

     Está superada a fase do terrível toque do celular no meio do evento. Devido a tamanha persistência dos cerimonialistas, praticamente toda a assembleia se acostumou a deixar o aparelho no modo “vibração” (se bem que já tem especialista acreditando que possa causar até terremoto, de tanto que “vibra” o ambiente). A questão, agora, é a ATENÇÃO ao que se fala.

        É incrível como estamos “assobiando e chupando cana”, ao mesmo tempo, nesse tipo de evento. Com a maior naturalidade! Saca-se o telefone celular (ou outro instrumento tecnológico que faça às suas vezes) e, com dedinhos rápidos e fogosos, diante dos vários recursos disponíveis, navega-se para bem longe do recinto, deixando, apenas, o “corpo presente”. Se os aparelhos forem “confiscados”, amplificando o ridículo da situação, creio que haverá casos de depressão, talvez até morte!

       É por essa e outras que costumo dizer que antes a menor unidade estrutural básica do ser vivo era a célula, hoje é o celular!

       Não carece de se alongar demais sobre o assunto. Para quem queira entender é muito fácil. O difícil é aceitar que essa tal versatilidade tem “nos consumido” e, mais ainda, que não necessitamos ser tão “flex” assim. 

    Quem sabe, eu próprio, já sem muito tempo para me sentar na praça, pois há ofícios dos quais não se desencana, teria poupado muita gente se neste momento não estivesse assobiando?... Perdoem-me! É forma de sobreviver ao confuso meio...

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