domingo, 10 de julho de 2022

Havia uma missa no meio do caminho



NO MEIO DO CAMINHO TINHA UMA MISSA

Recebi aquela notícia como quem se vê diante de um copo meio vazio: o Campeonato Brasileiro Júnior de Natação estava suspenso! Pouco depois, o copo esvaziou um pouco mais: a competição estava inapelavelmente cancelada!

Ora, se o copo não se esvaziou totalmente, então ainda estava ao menos um pouco cheio, não é!?

Fazendo uma verdadeira “ginástica” para que isso ocorresse, vim a Salvador (não riam, acreditem!!!) imbuído exclusivamente do propósito de acompanhar minha filha em mais este importante certame de sua jovem vida.

Chegamos na terça-feira, dia 05.07, ela nadou na quarta, a suspensão e cancelamento se deram na quinta, sendo que minha filha completaria sua jornada no sábado, dia 09, com retorno para a nossa Vitória do Espírito Santo no domingo.

Após digerir a notícia, imediatamente busquei antecipar o retorno, porém, isso exigiria o dispêndio de uma “extorsiva” quantia que jamais me submeteria a pagar, mesmo porque não me encontrava diante de uma completa “restrição da liberdade da vítima”...

Olhei para o copo um pouco cheio... Quer saber de uma coisa? Abaixo desse nível ele não ficará de jeito nenhum!

Firme no propósito inicial de acompanhar a minha filha, o mais importante era saber como ela estava avistando o seu copo e tratar de auxiliá-la a não baixar “de” nível (e nem “o” nível, já que esse tipo de conduta contribui para copos derramados no caminho...).

Estávamos sem a presença física do treinador dela, mas tomando conhecimento de que no mesmo horário da competição ocorreria uma bendita “Copa Salvadora”, mediante contatos com outros “Copos Salvadores”, conseguimos inscrevê-la nesse evento e o copo à minha frente já me pareceu bem menos vazio, ou melhor, um pouco mais cheio.

A “concentração” permaneceu a mesma, logo, rotina de atleta e “staff” (rsrs) de atleta, já que as suas provas ocorreriam no último dia da competição, ou seja, sábado, dia 09.

Mas foi justamente nesse dia que eu senti o “meu copo” nem um pouco vazio, ou melhor, totalmente cheio!

Minha filha nadou pela manhã! Voltamos para o hotel! Era por volta de 10:00 horas. O aquecimento do período da tarde seria às 15:30. Devido à minha afrodescendência, gosto muito de usar um tipo específico de chapéu que remete às origens. Desta forma, após rápida pesquisa, concluí que a minha maior chance de incrementar  meu vestuário ocorria naquele momento e se encontrava no Mercado Modelo. Trinta minutos para ir, mais trinta para voltar, uma meia hora para rápida pesquisa no local... Sim! Dava para eu ir! Logo, iria!

Por espontaneidade a atleta não me acompanharia! Mas não me senti cometendo nenhum “constrangimento ilegal” ao convencê-la a ir comigo! No fundo, além de realmente querer a sua companhia até o local, achava que isso faria mais bem a ela do que a mim, embora, obviamente, seja difícil até eu mesmo acreditar nisso (rsrs).

Percorri praticamente todas as lojas do local e não encontrei o que pretendia em nenhuma delas. Mas, não um, nem dois, e sim três lojistas me remeteram para uma espécie de “Posto Ipiranga” do assunto:

    - Procura logo ali, em frente ao “elevador”, o Jamaica! Ele resolverá!

    - Mas, quem é o “Jamaica”? Como vou saber que tal pessoa é ele?

    - Ele é único! Você vai olhar e vai saber que é ele!

Constatei rapidamente: pura verdade!!!

Contudo, aqueles trinta minutos que calculara seria utilizado para uma possível pesquisa e compra se tornaram um pouco mais! Na verdade, enquanto o “Jamaica” não encontrou algo que me satisfizesse, não sossegou! Tirava os chapéus de tudo quanto é lugar! Tinha tanta coisa espalhada em seu pequeno recinto que a impressão é de que ele buscava coisas até no subsolo para me apresentar mais de uma centena de peças do seu produto!

Com a inestimável ajuda também de minha filha e de um daqueles espelhinhos do “Jamaica”, que lembrava a minha infância, escolhi cinco chapéus, além de ter ganhado um de brinde! Tudo por R$ 50,00 (cinquenta reais). Diante da modicidade do preço (os que tinha, até o momento, não saíram por menos de R$ 30,00, cada), tentei ao menos pagar pelo que ganhara! Que nada!: - Você leva mais este outro, então, que custa R$ 15,00, mas vou fazer pra você pelos mesmos R$ 10,00.

Compra concluída, não daria tempo nem para conhecer o famosíssimo “Elevador Lacerda”! Bem ali à minha frente! Que pena!...

Que pena? Uma “Escolha de Sofia” entre o “Elevador Lacerda” e o “Jamaica”? Me desculpem: fico e recomendo, sem pestanejar, o “Jamaica”!

Mas o melhor de tudo estava por vir! A foto! Aliás, a sessão de fotos com o “Jamaica”, com o “Elevador Lacerda” de prestigioso “ator coadjuvante” ao fundo! Essas fotos são mais que um grande troféu que conquistei e vou levar para sempre desta viagem!

A propósito, o “Jamaica” por umas duas vezes falou que em 2023 terá que ir a Vila Velha (cidade vizinha à que moro, separada apenas por uma “Terceira Ponte”). Como ele me passou o telefone e disse que posso encontrá-lo em tudo o que diz respeito a rede social, até lá vou procurar saber quando irá ocorrer a tal viagem para poder retribuir ao menos um pouco do bem que ele me fez aqui!

Ora, o que tem a ver o “Jamaica” com o título desta crônica? O “Jamaica” é um Deus? Menos, né “Jamaica”! No máximo, talvez, um Santo rsrs.

Sim: o título poderia ser “No meio do caminho tinha um ‘Jamaica’”! Mas não é assim porque havia algo ainda maior e mais importante por vir!

Desde antes do início da viagem, minha filha falou que após o evento, no pouco tempo que restaria para retornarmos para nossa casa, queria se encontrar e permanecer com alguns amigos, atletas de outros Estados, agora sem o “peso” da “concentração” para o outro dia de “labuta”, o que, diga-se de passagem, considero extremamente saudável.

Logo, fui com a mesma até o local onde haviam combinado, a deixei lá e parti em retorno para a minha hospedagem, com aquela enorme mochila típica de atleta de natação nas costas. Simplesmente porque tem coisas que não precisam de razão nenhuma para acontecer ou não, resolvi não voltar pela bela orla, mas por uma avenida paralela, quando me deparei com aquela linda Igreja, que já tinha visto antes, mas não reparado como no momento, pois estava bastante movimentada.

17:40? Sábado? Deve ser casamento!...

Não era!

Perguntei a alguém que estava na escadaria de acesso e ele me informou que era Missa e que começara a pouco!

Estava de chinelo, com uma enorme mochila nas costas... Mas, dentre algumas bermudas que trouxera, eu não estaria trajado com a calça que também viera na bagagem, por acaso...

Porquê entrar? Porquê não entrar? Entrei-oo Amado Mestre!

Amado Mestre mesmo!

Acreditam que era justamente o dia de Festa dos 62 anos da Paróquia Nossa Senhora da Luz, onde inclusive estava presente o Bispo, Dom Sérgio???

E, para finalizar, após a Missa, porém, anunciado nela, o lançamento do primeiro livro, infantil, de uma professora, Alexsandra Vieira, chamado “Clara das Nuvens”. Impossível não ser aquela “benção final” que eu tinha a chance de levar, como estou levando, para minha casa!

Voltando a falar do copo, que acabou ficando um pouco para trás:

Evidente que também entendo que os episódios que circundam o cancelamento da competição envolve uma série de fatos que podem e devem ser melhor avaliados, até porque líquidos derramados não retornam para os copos...

Por outro lado, no que tange a cada um, PRINCIPALMENTE OS ADULTOS, é agir com a maior prudência possível, buscando, especialmente, influenciar no naturalmente difícil equilíbrio do heterogêneo grupo de principais “vítimas” da situação, ou seja, atletas, jovens, cheios de aspirações pessoais, agrupados em diversos clubes, diante de delicadas circunstâncias que permearam o abrupto cancelamento do evento, independentemente de qualquer juízo de valor que se faça quanto ao mesmo...

Enfim, no que tange a mim, diante da enorme tempestade que repentinamente se formou, tentei aproveitar para encher um pouco mais o meu copo, então meio cheio, torcendo que TODOS, mas, especialmente a minha filha, tenha conseguido se valer ao menos um pouco da borrasca também, já que, nessas circunstâncias, só aceitaria a ideia de esvaziar o meu se esse fosse o irreal caminho para acrescentar ao menos uma gota no copo dela.

E como, certamente, a tempestade não terminou, é o que sinceramente desejo para mim, para você, para todos nós, não só no que tange a este episódio, já que os copos, queiramos ou não, nos acompanharão por toda a vida, o que menos importando é se são “Nadir” ou “Stanley”.




(Domingo, 10.07, Aeroporto de Salvador-BA, após trazer minha filha para o seu voo, durante “aquela” oportunidade de espera de quatro horas, até o meu).

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