terça-feira, 7 de junho de 2022

Botafogo: e se o comprador fosse russo?


BOTAFOGO: E SE O COMPRADOR FOSSE RUSSO?

Concluída a negociação, o centenário Botafogo de Futebol e Regatas se tornou uma SAF, ou melhor, Sociedade Anônima do Futebol, instituída pela Lei nº 14.193/2021.

Reconheça-se que dificilmente se conseguiria alcançar melhor alternativa antes que o clube acabasse mortalmente absorvido pelo vírus da insolvência.

Essa monstruosa dívida, advinda ao longo de gestões do clube, é situação que certamente será estancada, até porque a aquisição é um investimento, sendo natural que o transnacional negociante se acerque de cautelas para não prosseguir no vertiginoso crescimento de um débito calamitoso, muito pelo contrário, a valorização da marca e o retorno financeiro sejam consequências de uma política planejadamente exitosa.

Contudo, embora existam regras básicas relativas a deveres e responsabilidades (leis 6.404/1976 e 14.193/2021), nova questão que se apresenta, no meu sentir, é que, no fundo, aquilo que realmente mais importa ao futuro de um clube, passa a depender, basicamente, de uma só pessoa, natural ou jurídica (ou grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto), com todas as peculiaridades de qualquer individualidade: o acionista controlador!

Logo, mesmo que adotadas medidas visando diminuir sua influência, mas na medida em que o dinheiro, especialmente neste mundo globalizado, não tem bandeira, pátria ou nação e é o fator determinante para a opção por esse ou aquele acionista controlador, imagina se o comprador do Botafogo fosse algum empresário russo...

É certo que tal fato, por si só, nos dias de hoje, ocasionaria enorme agitação em torno da SAF, embora, acredita-se, não a ponto de se parecer com a atualmente enfrentada pelo Chelsea, da Inglaterra, com uma série de restrições à utilização de seus recursos, dentre outras sanções aplicadas a empresários russos com negócios no país, devido à guerra na Ucrânia.

E este exemplo foi trazido apenas para ilustrar fatores relativos à "safinização" do futebol, porém, nada muito diferente do que vem ocorrendo com a economia de modo geral, cada vez mais globalizadamente interdependente, ou melhor, subserviente!

Ocorre que o futebol, pela sua própria essência, não deveria rumar, jamais, para esse campo, onde o clube se torna, na prática, menor do que o negócio, a par de sua importância.

Aliás, é diferente quando optamos por outros mundos, de quando imploramos para que sejamos adquiridos por eles, como nossa única esperança de sobrevivência, que, no momento, reconheça-se, forçosamente, é um caminho que ao menos apresenta luz à sombria realidade de alguns dos mais tradicionais clubes brasileiros.

No mais, então, antes de torcer pelo time, é torcer primeiro pelo controlador, afinal, alguém que, repentinamente, se tornou a verdadeira estrela solitária do clube!

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