terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Tudo se resume a um ou dois segundos... (ou centésimo!)



TUDO SE RESUME A UM OU DOIS SEGUNDOS... (OU CENTÉSIMO!) 


Naquele 29.08.2016, minha filha Laís tinha 11 anos de idade, competia pelo Clube de Natação e Regatas Álvares Cabral e, logo após a XII Copa Minas de Natação, publiquei a crônica "tudo se resume a um ou dois segundos", onde pontuei quanto a diferença que "um ou dois segundos" acabam fazendo na natação e, apesar da importância de sempre se ter como meta a diminuição de tempo, razões para não ficar obcecado por isso, mesmo quando esse "pequeno tempo" der mostras de que pode significar bastante. Afinal, depois de alcançado o objetivo, o desafio será outro, e em seguida outro, e assim sucessivamente, motivos pelos quais, se não for bem administrada a situação, poderá acabar significando uma verdadeira e contínua tortura! 

Exemplifiquei com circunstância em que ela chegou em quarto lugar, a um centésimo do pódio (e se quiser aumentar a crueldade é só definir a posição como "a primeira das últimas"). Mas não foi o que fiz, ilustrando o fato como sendo "coisa para gente grande", como ocorreu, por exemplo, com Michael Phelps, Chad Le Clos e Laslo Cseh, triplamente empatados em segundo lugar na prova dos 100 metros borboleta, nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. 

Manifestei entendimento no sentido de como o atleta e aqueles que convivem com o mesmo podem se portar em situações como essa, concluindo que "quanto aos atletas, é óbvio que devem trabalhar e se dedicar ao máximo para melhorarem seus resultados, alcançando um, dois ou sejam lá quantos segundos almejarem. (...). E, mesmo assim, cientes de que os "adversários" também estão fazendo o mesmo! Além disso, muito conscientes de que quanto mais se avança, mais difícil vai ficando avançar, afora a importante consideração de que somos indivíduos fantasticamente diferentes, com respostas diversas aos estímulos, por mais igualitários que eventualmente possam ser transmitidos!!!" 

Pois bem: hoje é dia 10.12.2020, a Laís está com 15 anos e fez sua estréia no Troféu Brasil de Natação, nadando os 50 metros livres, prova onde possui seu melhor desempenho. 

O tempo: 26,87! O que pode ser considerado muito bom resultado, especialmente tendo em vista que melhorou sua marca pessoal, que era de 26,94 e que, por sua vez, já significava um avanço bem expressivo da marca anterior. Mas, por outro lado, ficou em nono lugar (ou, naquele linguajar fustigador, o "primeiro dos últimos", já que as oito primeiras colocadas foram para a final), com requintes de crueldade: 0,01 centésimo a deixaria empatada com a oitava; 0,02 a levaria a igualar o recorde estadual; 0,03,... Pouco? Ainda tinha mais: Para a final, um verdadeiro "glamour", com transmissão ao vivo, chances de participar de premiação em dinheiro e, na pior das hipóteses, o oitavo lugar garantido. 

Restava a final B (assistimos, juntos, a programação da noite anterior e até comentamos: quando essa começa, a transmissão termina, com o cordial boa noite e até amanhã. No caso, hoje!). Como um problema técnico atrasou as finais, marcada para as 18 horas, a Laís acabou nadando depois das 21, o seu tempo piorou em relação ao da manhã, além de ter caído algumas posições. 

Porém, se a Laís tivesse alcançado o oitavo lugar, quem ficaria de fora seria a nadadora Karen Liberato, que à noite melhorou o seu tempo e colocação, merecendo, inclusive, dentre outras justas homenagens, uma matéria especial no "Bestswin", do virtuoso Alex Pussieldi, com ênfase no fato de que a atleta batera o recorde de seu Estado, sendo a primeira atleta potiguar a nadar na casa dos 26... Enfim, o que acho mais importante é que aceitemos o fato de que tudo tem a sua razão de ser! E procuremos (no caso, acho até que eu tenho que procurar mais do que a Laís, ainda bem!) nessas razões o maior conforto possível, pois ele sempre estará disponível para quem souber procurar e dele bem se alimentar.

Um comentário:

  1. Excelente proposta de reflexão, compadre! O texto levou-me à inúmeras possibilidades de pensamentos.... É preciso ressignificar o que está posto ou imposto!
    Parabéns!
    Um grande abraço.

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