quinta-feira, 16 de outubro de 2014

quanto é que vale um mimo?




                                 QUANTO É QUE VALE UM MIMO? 


           Para quem é acostumado, apenas um curto trajeto, de Vitória ao Rio de Janeiro, menos de uma hora. Para ela, conforme deixa transparecer, não é a distância ou o tempo que importa, mas sim, o fato de ser a sua primeira viagem aérea, aos nove anos, seis meses e oito dias de vida!

          Rumo ao desconhecido!

          Por mais que se faça ideia, é impossível saber o que é uma viagem de avião sem que se esteja nele.

          Aliás, tenho certeza que, em princípio, não era a sua “primeira viagem” dos sonhos! Vai competir pela equipe de natação do Álvares Cabral, esporte e clube pelo qual passaram os seus três irmãos mais velhos e certamente irão passar os dois mais novos, uma das exigências dos pais, ainda que aos dez anos possam decidir se permanecem ou não no mesmo esporte, já que a faculdade é apenas quanto ao tipo e não no que diz respeito à obrigatória prática esportiva.

          Embora considere que todos tenham feito bem a sua parte, levando para o resto da vida o que aprenderam com tal prática esportiva, cujas medalhas são apenas o símbolo material, a Laís é a primeira que nessa idade já está federada, viajando (DE AVIÃO) com a equipe, aliás, uma turma que ela gosta muito, o que facilita mais um pouco as coisas para mim, o pai, que viajo com ela.

          Entre pequenas concessões, levo três cookies na bagagem, biscoito que ela adora! Um pela viagem, outro após os 50 metros livre e o terceiro depois dos 50 metros borboleta, independentemente do resultado, embora em ambas as provas ela tenha chances de pódio.

          Cedo-lhe a honra da “janelinha”! Fiz questão de marcar com bastante antecedência, já que para uma primeira viagem de avião não tenho dúvidas de que isso é muito significativo, especialmente na vida de uma criança.

          A máquina fotográfica pronta para os vários registros: no aeroporto, entrando no avião, acomodada dentro dele e chegando ao destino, para ficar em alguns dos mais importantes.

          Abro parênteses, recordando-me da minha infância: a natação não era propriamente em um clube e a minha primeira viagem de avião demorou tanto tempo para acontecer que quando tive a oportunidade de fazê-la foi a trabalho. Sem lamentações: foi ótima! Talvez por isso me sinto tão criança ao viajar com a minha filha.

         A propósito, um significativo detalhe fez com que aquela minha primeira viagem fosse (literalmente) mais saborosa! 

         O meu pai tinha um amigo que trabalhava numa dessas companhias de viagem e de vez em quando ganhava daqueles lanches servidos no avião. Uma daquelas “maletinhas” proporcionava uma verdadeira festa lá em casa. Éramos muitos! Mas aquele “manjar dos Deuses” parece que passava pelo “milagre da multiplicação”, tamanha a felicidade que ocasionava em todos! 

         Logo, quando fiz a minha primeira viagem de avião, o que mais me cativou, obviamente, foi o lanche. E sempre foi assim: nunca recusei! Nem as balas. Inclusive, muitas vezes trouxe para casa, alegrando os meus filhos, especialmente pela lembrança, pois, obviamente, não se comparava com as “maletinhas” de outrora.

          Pois é! Então é isso! O “mimo” foi diminuindo, diminuindo, diminuindo... Tanto, que agora nem bala o nosso voo fornece. Se quiser, tenho que pagar, a bordo, o que convenhamos, no meu caso, tenho certeza que irão concordar, não tem graça nenhuma! 

          Os tempos são outros! 

          Afinal, numa época em que valor e preço tanto se confundem, coitado do pobre “mimo”: é alegre demais para a seriedade das planilhas de custo, passando, portanto, a não valer nada. 

          Tudo bem que muita coisa mudou, mas será que não dá para rever critérios ao menos para uma criança em primeira viagem?

 

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